Mais da metade dos jovens mineiros não se interessa pela internet


Por :Luciane Evans


A diversão dos irmãos Elton e Cristiano Pereira Alves, que não seguiram os estudos, é pescar na Lagoa da Pampulha (Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
A diversão dos irmãos Elton e Cristiano Pereira Alves, que não seguiram os estudos, é pescar na Lagoa da Pampulha

Em plena era da informação globalizada e do mundo digital, inédita Pesquisa por Amostra de Domicílios (PAD-MG) da Fundação João Pinheiro escancara uma realidade cruel para as novas gerações mineiras. Dos 3,6 milhões de jovens do estado, entre 14 e 24 anos, 63% declararam não ler livros, 52,7% não praticam esportes, 70% não vão ao cinema e 60,9% não frequentam shoppings. O mais assustador é que a tão popularizada internet está ausente da vida de mais da metade desse público, 55,5%.

Se a cultura e o lazer estão fora do cotidiano dessa parcela da população, a educação vai pelo mesmo caminho. De acordo com o estudo, o analfabetismo atinge 9,2% dos moradores do estado, ou seja, um contingente de 1,478 milhão de pessoas. Na saúde, as mulheres estão adoecendo mais do que os homens. Num universo de 5 milhões de mineiros portadores de doenças crônicas, aquelas que exigem acompanhamento constante atingem 31,8% da população feminina e 22,3% dos homens.

Se houvesse uma aposta para saber onde vivem esses jovens que não abrem livros, não praticam esportes ou que não frequentam shoppings, muitos diriam que eles estão nas áreas rurais, bem longe dos grandes centros ou em condições de extrema pobreza. Mas a PAD visitou 17 mil domicílios, sendo apenas 16,7% deles na zona rural do estado. Os irmãos Elton Júnior Pereira Alves, de 23, e Cristiano, de 21, comprovam os dados. Moradores da Região da Pampulha, em Belo Horizonte, os dois não leem – nunca ouviram falar em Machado de Assis e muito menos em Carlos Drummond de Andrade.

Cristiano nem sequer conhece uma sala de cinema. Já Elton conta, entusiasmado, que este ano foi pela primeira vez assistir a um filme. “O único livro que li ultimamente foi para tirar carteira de moto, era sobre legislação”, confessa o mais velho. Apesar de verem os amigos ligados nas rede sociais, como Orkut e Facebook, eles não acham graça nessa “tal navegação virtual”. “Computador é um negócio que queima os neurônios”, diz Elton. Ele conta que até tentou aprender a mexer na máquina, mas, definitivamente, não gosta dela. Cristiano é mais radical, nunca nem quis chegar perto.
Mas o que faz a juventude de hoje? Segundo a pesquisa, as práticas mais comuns para os jovens são as visitas a amigos e passeios ao ar livre. As cerimônias religiosas também entram no ranking. No entanto, a paixão dos irmãos Elton e Cristiano é pescar na Lagoa da Pampulha. Além disso, confessam que o “barato mesmo” é ver televisão. Eles não fogem à regra. De acordo com a pesquisa, 80% dos jovens mineiros ainda são, como seus pais, viciados em TV. Lazer, somente quando os dois não estão no trabalho. São funcionários da Copasa e contam que largaram a escola na 8ª série. Elton diz que os colégios são bons para quem quer aprender e tem interesse. “Tive que parar com os estudos. A responsabilidade bateu na minha porta cedo, tive filhos e comecei a trabalhar”, lembra Cristiano, que reflete outra realidade da juventude.

Segundo a amostra, entre aqueles de 14 e 17 anos que, em 2009, eram 1,3 milhão, 40% disseram ter abandonado a sala de aula por não gostar ou não querer. Em segundo lugar, aparecem aqueles que precisam trabalhar ou ajudar os pais: 20%. “Mas vale registrar que 27,9% dos jovens acham que a escola não ajuda a resolver problemas do cotidiano”, diz o texto da pesquisa.

Ao fundo do poço pelo crack



(Archimedes Marques)

Não há outra droga que produza um declínio físico e mental maior para o seu usuário quanto o crack. O poder sobrenatural do crack é simplesmente horripilante e avassalador. Crack e desgraça são indissociáveis e quase palavras sinônimas. Relatos dos seus usuários e familiares, fatos policias diários e opiniões de especialistas sobre os efeitos e as conseqüências nefastas da droga podem ser resumidos em três palavras tão básicas quanto contundentes: sofrimento, degradação e morte.

As ocorrências no terreno familiar, social e criminal vão caminhando sempre em largas vertentes para dias piores. A vida vivida pelos envolvidos com o vício do crack parece sempre transpor os inimagináveis pesadelos.

Lançando um olhar no passado, o viciado, vê o rumo errado que tomou, mas dificilmente tem força de voltar atrás. Olhando ao futuro somente se lhe afigura a tumba, no entanto continua caminhando em sua direção. O seu presente é só o crack e, esse mal passa a ser o senhor do seu viver, o seu real transformador do bem para o mal, o destruidor da sua família, o aniquilador do seu bem maior.

O crack trás a morte em vida do seu usuário, arruína a vida dos seus familiares e vai deixando rastros de lágrimas, sangue e crimes de toda espécie na sua trajetória maligna.

O Brasil assistiu recentemente com imensa tristeza e pesar uma reportagem televisiva em que crianças recém nascidas de mães viciadas em crack, são também barbaramente atingidas pelos efeitos nefastos da droga. Nascem como se viciadas fossem, com crises de abstinências, com compulsão à droga, tremores, calafrios e com problemas físicos diversos, principalmente com lesões no cérebro que provavelmente os levarão às demências ou a outros tipos de problemas inerentes, ou seja, uma nova geração de vítimas do crack sem sequer ter consumido a droga por vontade própria. A maioria das mães drogadas também perde o instinto materno e termina doando os seus filhos debilitados.

A dimensão da tragédia do crack é difundida nos diversos Estados da Nação através de reportagens jornalísticas que comprovam o retrato devastador em todos os lugares possíveis e imagináveis aonde chegou o filho mortal da cocaína. O crack invadiu grandes e pequenas cidades, periferias e lugares de baixa a alta classe social, municípios, povoados, zona rural...

Não bastassem os tristes casos sociais, casos de saúde e os casos criminais diversos envolvendo essa droga avassaladora vividos por uma grande parcela da população brasileira, agora apareceu mais um melancólico caso. Um deprimente e desolador caso em que a mãe trocou a virgindade da sua própria filha de pouco mais de 10 anos de idade por algumas pedras de crack. Entregou a sua filhinha para uma monstruosidade sem precedência. Entregou a inocência de uma criança para um estuprador macabro, desalmado e cruel que também era um traficante de crack. O símbolo do amor puro que está no amor de mãe se rendeu ao poderoso crack.

Uma mãe viciada, na histórica cidade de São Cristovão, primeira capital do pequeno, mas bonito e aprazível Estado de Sergipe acabou por ceder a inocência da sua própria filha, uma garotinha que migrava dos 10 para os 11 anos de idade para um desumano estuprador-traficante de drogas no sentido de que o mesmo saciasse a sua frieza sexual animalesca, em troca de algumas pedras de crack.

O crack agora é capaz também de transpor, de matar o amor de mãe, que é o mais precioso, o mais profundo, o mais verdadeiro, o mais ardoroso, o mais fervoroso amor que pode existir.

Este impulso sentimental que é o mais sublime dos amores foi superado pela força sobrenatural do crack e, ao invés de confortar, destruiu, degradou, sobretudo desvirtuou o sentido real do amor que aquela mãe tinha pela sua filha. O amor de mãe que não tem ganância, não tem egoísmo, não tem orgulho, não tem o sentido de posse, não tem o princípio de fomentar a maldade e a ignorância do bem, que busca a simplicidade, a humildade e abnegação acima de todas as coisas da matéria foi de tudo ultrajado pelo crack.

É realmente uma triste, trágica e inconcebível realidade ocorrida naquele município que contrasta com o seu povo pacato e ordeiro. É o fundo do poço pelo crack...

(Delegado de Polícia no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública). archimedes-marques@bol.com.br

A questão central do aborto: o aborto como questão central






Escrito por Raymundo Araujo Filho

É simplesmente deplorável e inadmissível, mas não surpreendente, o que se transformaram as campanhas eleitorais no Brasil, notadamente esta presidencial de 2010, sobre a qual me ocuparei neste artigo.

A tragédia do "não assunto" e da não discussão de problemas relevantes E DE FORMA RELEVANTE apenas nos indica o nível do seqüestro que os institutos chamados democráticos sofreram, apontando para a satisfação do Capital e dos donos do mundo (a burguesia, mais propriamente falando, enquanto tem gente que não acredita mais nisso...), com os limites aceitos por aqueles que, por isso mesmo, dominam os noticiários como "candidatos viáveis".

Mas outra tragédia nos foi anunciada já no final do primeiro turno, com esta confusão de atitudes sobre a questão do aborto, tratando o assunto como moeda de troca eleitoral, e não como uma discussão cidadã, como deveria ser.

Erraram todos, rebaixando ainda mais o nível das expectativas sobre conteúdos programáticos (aliás, inexistentes) e estimulando o ressurgimento com toda a força de uma discussão aprisionada em um formato ultraconservador, reproduzindo o que aconteceu no longínquo 1989, quando Lulla (ainda Lula...) foi atacado por Collor (hoje seu aliado), com todos os requintes de perversidade que vimos.

Mesmo depois de Lulla se entregar, ou entregar boa parte de seu governo e do desenho ideológico de sua gestão às articulações e articulaçõe$ com a turma que antes o tinha e o apresentava aos fiéis como verdadeiro Diabo e Comedor de Criancinhas, quais sejam, o Bispo Macedo (IURD e TV Record), Casal Hernandes (Igreja Renascer e Penitenciária dos EUA), Bispo Malafaia (o "Chuta Santa"), ente outros, com a perseveração (termo comum no meio) do preconceito religioso, manipulação da fé e leilão eleitoral, com ameaças conservadoras.

E dona Dilma sucumbiu a isso, expondo sua fragilidade, desta vez no campo da sustentação filosófica de seus próprios atos e quereres, preferindo se esconder na falsa religiosidade, até arrastando para este canto obscuro a própria esquerda marxista (e outros istas) do PT, que desavergonhadamente ou silenciam ou justificam como um "golpe" a ressurreição deste assunto. E sucumbiu, pois está na moda sucumbir às próprias convicções para a manutenção e uma ilusão de Poder, afinal restrito a uma pequena elite dirigente, totalmente descolada do real da vida das pessoas comuns, as levando, então, para uma espécie de êxtase microeconômico, muito parecido com o êxtase religioso alienado, imprimido hoje como demonstração de alguma fé.

Assim, dona Dilma, em mais uma patetada do tamanho da Erenice Guerra & Famiglia, tenta desdizer o que é vero, tornando "invero" o verídico, sem conseguir enganar muita gente, mas mantendo alguma aparência que agrade aos conservadores.

E o presidente Lulla a dizer em comício "aquelas que se dizem contra o aborto, no mínimo já fizeram dois ou três", tratando as pessoas com uma falta de respeito inadmissível, escondendo o que tem de ser dito, mas que ele não tem coragem, que seria o fato de muitos de seus apoiadores serem manipuladores da fé, da mente das pessoas menos esclarecidas. Prefere jogar na "turma do Serra" o motivo do "golpe baixo" quando, na verdade, Dilma vem sendo alvo da traição de parte de quem incensou, em abandono do que seria o certo e o progressista. Tudo em nome do Poder, mesmo que seja para obedecer à ordem mundial, e atribuindo a si, como conquistas, as migalhas irrisórias, do escambo que fazem de nossas riquezas.

Termino este artigo colocando em pauta o que deve ser - ao menos aprendi assim - a discussão digna deste grave problema da natalidade, contracepção e interrupção da gravidez, fato EXISTENTE em grande escala no Brasil e no mundo.

Antes, porém, quero afirmar que não conheço uma só pessoa ou texto que preconiza a descriminalização do aborto que tenha em seu ideário uma espécie de farra cirúrgico-obstétrica ou que queiram churrasquinhos de fetos em seus cardápios, embora reconheça que alguns tratam o assunto com certo simplismo, incompatível com a gravidade do problema.

Mas conheço muita gente (não todos), que são veementemente contra a decisão final ser da mulher grávida, pela interrupção da gravidez (e com todos os limites já exaustivamente expostos), como uma espécie de "tirar o sofá da sala", após flagrar sua filha com o namorado...

Assim, coloco a seguinte formulação para que cada um faça a si próprio e, se possível, leve aos candidatos que discutem este tema seriíssimo, como se estivessem vendendo churrasquinho de gato, em feiras e parques de diversão:

"Como pretende solucionar a área de saúde da mulher e natalidade, dentro de um quadro em que, no Brasil, a cada hora 8 meninas de 10 a 17 anos têm um filho e 40% delas terão o segundo em dois anos, além de ocorrerem cerca de 4 milhões de abortos clandestinos no país, 400 mil acidentes, muitas mortes e seqüelas e, finalmente, 3 milhões de curetagens no Sistema Público de Saúde, sendo 80% na classe pobre?"

Dados complementares: as crianças no Brasil, em média, freqüentam as escolas até os 14 anos, apenas 4 horas por dia, em 200 dias de aula, sendo que após esta idade 75% tornam-se desocupadas, muitas analfabetas funcionais e sem perspectivas reais de desenvolvimento humano.

Raymundo Araujo Filho é médico veterinário homeopata e desafia o "Durma-se com um barulho destes"!


A Solidariedade Toca Aqui...


Portal GloboRadio e Planeta Voluntários iniciam parceria virtual


Bárbara Ferraz
Agência de Notícias do Terceiro Setor


O Portal GloboRadi o criou uma rádio exclusiva para o site planeta voluntários com músicas de artistas engajados ou com mensagens por um mundo melhor. Na lista estão U2, Gilberto Gil, Michael Jackson entre outros artistas. O objetivo é criar uma trilha sonora temática para quem navega no site entrar no clima das causas sociais. O banner do Portal também vai ter um destaque especial no planeta voluntários e vice-versa.

O Portal GloboRádio reúne as rádios tradicionais Beat98, CBN, BHfm e Rádio Globo, além de outras 40 emissoras temáticas e as online Multishow FM, Globo FM, Rádio GNT e Rádio Zona de Impacto. Assim, os internautas acessam notícias, especiais musicais, promoções e interagem com as emissoras pelas redes sociais.

O Planeta Voluntários é um site não governamental, apartidário e ecumênico, criada em maio de 2009 por iniciativa do empresário Marcio Demari, da empresa Demari & Ferreira, sediada em Londrina, Paraná, no Brasil, com a visão de desenvolver a cultura do trabalho voluntário organizado, que levará o serviço voluntariado a auxiliar milhões de brasileiros e entidades que necessitam de todo tipo de ajuda;a missão é a de conectar pessoas, que, através da transformação pessoal e social, destinam-se a construir uma solução justa, pacífica e sustentável para o mundo, refletindo a unidade de toda a humanidade. O site conta com uma Rede Social que cruza as informações dos voluntários com as instituições cadastradas, sendo um elo entre elas.

Planeta Voluntários

Poque Ajudar Faz bem !!!

A maior Rede Social de ONGs e Voluntários do Brasil.

Bárbara Ferraz
Agência de Notícias do Terceiro Setor

Eternamente Sabotage


Por Fabrício

O lendário Sabotage, nome verdadeiro: Mauro Mateus dos Santos, é um dos rappers mais expressivos da cena nacional e conta com uma enorme quantidade de fãs em todo o Brasil, mesmo seis anos após o seu falecimento. Em suas características físicas, destacavam-se os cabelos dreadlocks eriçados. Já nas habilidades artísticas, o dom para compor e cantar rap era visivelmente constatado.

Sabotage era o próprio compositor e cantor de suas músicas. Em toda sua carreira, compôs dezenas e algumas delas se tornou uma espécie de hino nos guetos do país, fazendo com que vários outros artistas usassem-nas como samples, colagens e scratches de seus trabalhos. Expressões como "respeito é pra quem tem" e "rap é compromisso, não é viagem", constantes de suas letras, viraram jargões adotados por todas as periferias.

Sua carreira no rap foi iniciada com a composição de sua primeira música no ano de 1985. No final da década de 80, ele foi convidado a participar de um concurso de rap no salão Zimbabwe, em São Paulo, mesmo ainda sendo adolescente. Neste concurso, estavam presentes o rapper Mano Brown e Ice Blue, dos Racionais MCs, os quais ficaram entusiasmados com a apresentação e performance de Sabotage.

Foi com o grupo RZO (Realidade Zona Oeste), que, aliás, é conhecido por revelar talentos para o público fora do rap - Negra Li, por exemplo -, que Sabotage viu seu trabalho repercutir no rap nacional especialmente após a gravação de várias músicas e vídeo clipes, bem como a apresentação destes em shows. Na sequência, Sabotage gravou seu primeiro e único disco solo, intitulado "Rap é compromisso", gravado pelo selo Cosa Nostra, o mesmo que lançou o disco "Sobrevivendo no inferno", dos Racionais.

O lançamento do seu primeiro álbum e as participações em shows, sobretudo nos do RZO, renderam ao rapper o convite para atuar em filmes do cinema nacional e, com isso, ter seu trabalho apreciado e reconhecido por um público ainda maior. Ao todo, foram dois os filmes em que Sabotage fez atuações: "O invasor", de Beto Brant; e "Carandiru", de Hector Babenco.

No filme "O invasor", Sabotage fez parte da equipe do filme desempenhando três funções distintas. Participou da trilha sonora com cinco músicas (sendo três inéditas), serviu de consultor de "cultura da periferia" para moldar o personagem Anísio, interpretado pelo titã Paulo Miklos, e ainda por cima atuou no filme, interpretando ele mesmo, em uma cômica cena em que o personagem Anísio o apresenta para seus clientes "pedindo" um dinheiro para ele gravar seu CD. Já no filme "Carandiru", ele encarnou o personagem Fuinha e gravou uma das músicas da trilha sonora.

Em 24 de janeiro de 2003, no auge de sua carreira, quatro tiros puseram fim à vida do rapper. O crime ocorreu no bairro Saúde, situado na cidade de São Paulo, por volta de 05h30 e não teve testemunhas. A polícia, apesar de logo em seguida ter detido alguns suspeitos, nunca solucionou o caso e encontrou os verdadeiros assassinos.

Especulações sobre o assassinato apontam várias causas. Entre elas, o envolvimento do rapper com o mundo do crime como uma possível razão para o ocorrido. Seus amigos e familiares, no entanto, não concordam com essa hipótese, visto que Sabotage desistiu da bandidagem 10 anos antes de sua morte. Sabota, como também era chamado, nunca escondeu de ninguém seu envolvimento com os atos ilícitos no passado de sua vida. Em depoimentos à Revista da MTV de agosto de 2002, o rapper alegou: "Moro na favela desde os 29 anos e, dos 8 aos 19, andei no crime que nem louco. Saí por causa de Deus por que polícia não intimidava, tapa na orelha só deixa a criança mais nervosa".

Assim como o Dj Jam Master Jay, do grupo americano Run DMC, Sabotage estava em uma fase tranquila de sua vida e não possuía inimigos quando de repente foi morto num crime aparentemente sem mais nem menos. Se faz necessária também a comparação com a morte de Chico Science, visto que ambos faleceram numa fase brilhante de suas carreiras, fase esta acontecida logo depois de serem descobertos pela mídia e pelo público - embora ainda pequeno - deixando poucos discos lançados e partindo numa época de grande expectativa com relação a seus trabalhos e projetos futuros.

Prêmios

Pelo filme "O Invasor", Sabotage recebeu o prêmio de melhor trilha nos festivais de Brasília e Recife, ambos no ano de 2002.

Curiosidades

- Ganhou o apelido de Sabotage em 1980, de um irmão mais velho, que teve os documentos roubados por Mauro (o Sabotage), que precisava da identidade para poder frequentar bailes funk. O irmão também acabou morto na chacina dos 111 presos do Carandiru, em 1992.

- Era casado com Dalva e tinha três filhos: Anderson, Tamires e Larissa.

- Faleceu aos 29 anos no dia 24 de Janeiro de 2003, em São Paulo, assassinado na porta de casa.


Três Mitos



Por DJ TyDoZ

Ao longo dos anos a gente se acostuma a ouvir algumas afirmações sobre o hip hop que parecem verdade, mas que não passam de factóides. Eis três desses mitos:

1) "RAP" é uma sigla para "rhythm and poetry" (ritmo e poesia em português). O verbo e o substantivo "rap" fazem parte do vernáculo da língua inglesa há pelo menos sete séculos, sim, setecentos anos.

O vocábulo "rap" tem diversos significados, e o que é atribuído ao canto falado do hip hop data de 1967. É o que nos atesta o prestigiado dicionário Merriam-Webster.

Notem que nos mais influentes filmes sobre o início do hip hop, como Style Wars e Wild Style, não há nenhuma menção à sigla. O termo foi cunhado depois, muito bem sacado, diga-se de passagem. A sigla tem hoje pelo menos 99 significados.

2) O "scratch" (manipulação de um disco de vinil para criação de efeitos percussivos) surgiu por acaso. A genial criação de Grand Wizard Theodore não aconteceu assim ao acaso como muitos pensam.

Acostumado a mixar discos desde pequeno, o que requer que se segure o disco no prato do toca-discos, ele teve a ideia de começar a mover o disco pra frente e pra trás depois de a agulha cair em um ponto da música onde havia um efeito interessante.

Outros DJs da época certamente já tinham, acidentalmente ou não, movido um disco de vinil para frente ou para trás pra poderem mixar, mas sem dar muita atenção.

Foram Grand Wizard Theodore e Grandmaster Flash os idealizadores de um dos traços mais característicos da música do hip hop. Aliás, a primeira gravação de uma música com arranhões foi de Grand Master Flash, na histórica e inesquecível “The Adventures of Grandmaster Flash On The Wheels of Steel”, de 1981.

3) O “gangsta rap” foi criado pelo grupo N.W.A. (Niggaz With Attitude). A primeira música “gangsta” foi gravada por Ice-T. “6 In The Morning” (1986) é o primeiro rap da história a narrar as atribulações de um jovem negro e pobre envolvido com crime e perseguição policial.

No mesmo ano, Schoolly D, rapper da Filadélfia, lançou um álbum com várias músicas consideradas “gangsta”, como “Gucci Time” e “PSK – What does it mean?”.

Boogie Down Productions em 1987 gravou o primeiro disco “gangsta” de Nova Iorque.

O N.W.A., sem dúvida, popularizou o estilo como ninguém no disco “Straight Outta Compton” (1988), um dos maiores clássicos da história do hip hop.

Mais pra frente discutiremos outros. Até lá.

http://www.facebook.com/tydoz


Segundo Encontro do Hip Hop de Salto discute o tabu mulher e preconceito




O espaço — ou a falta de — da mulher no rap sempre foi pauta no hip-hop e na mídia. Mas, afinal, ainda existe preconceito? Esse é um dos assuntos que as MCs Lurdez da Luz e Rúbia vão debater no próximo dia 23 de outubro, a partir das 17h, na Ação Educativa, em São Paulo.

O encontro é o segundo da série de debates promovida pelo projeto Hip Hop de Salto, idealizado pelo coletivo de DJs Applebum.

Antes e depois do debate, as alunas das oficinas vão colocar em prática o que aprenderam nas aulas de mixagem. Enquanto isso, a grafiteira Crica mete bronca no spray.

Passado / Futuro

Em agosto, Rodrigo Brandão (Mamelo/Indie Hip Hop) e Guigo Lima (Chocolate) compartilharam com o público a experiência de trazer ao Brasil artistas gringos do rap, a partir do tema "Intercâmbio Cultural: o Rap de Fora pra Dentro". Em novembro, Nelson Triunfo e Lu Bauer vão contextualizar a história do break no terceiro encontro do projeto.

Hip Hop de salto

Já foi a época de reclamar do espaço restrito da mulher no hip-hop. Fazer o movimento caminhar pra frente é muito mais importante e é esse o lema que a Applebum, crew formada pelas DJs Lisa Bueno, Mayra, Simmone, Tati Laser e Vivian Marques, escreveu em sua bandeira. Uma das ações da Applebum é o projeto Hip-Hop de Salto, projeto aprovado pelo VAI, da prefeitura de São Paulo, que promove oficinas de discotecagem e encontros culturais mensais sobre a cultura hip hop.

Serviço

Ação Educativa
R. General Jardim, 660, próximo ao metrô Santa Cecília
Sábado (23), às 17h
hiphopdesalto.blogspot.com
Apoio: VAI - Valorização de Iniciativas Culturais
http://hiphopdesalto.blogspot.com

Caso Tiririca




Escrito por Paulo Metri

Para poupar o eventual sacrifício da leitura deste texto por aqueles que são bastante preconceituosos, faço a declaração sintética do seu conteúdo: "Abomino os que aproveitam o caso Tiririca para dizer que o povo brasileiro é burro e não há racionalidade no voto dado. Neste povo, podem existir analfabetos, muitos incultos e não politizados, por culpa da manipulação consciente de poderosos, mas ele não é burro".

A grande maioria do povo brasileiro não capta bem como o legislador pode influir para melhorar a sua vida. Não imagina o que é o trabalho legislativo. Partindo para uma hipótese absurda, se o Tiririca se candidatasse a presidente, governador ou prefeito, duvido que o povo o elegeria, pois saberia muito bem que esta escolha iria influenciar sua qualidade de vida. Ele compreende melhor a função dos cargos executivos.

Por sua vez, raros são os legisladores que se dispõem a explicar o que pretendem fazer com o mandato, e mais raro ainda são aqueles que, conseguindo o mandato, procuram explicar o que estão fazendo. Alguns mandam comunicações, de tempos em tempos, explicando o que estão fazendo. Estes são dignos de mérito, pois se esforçam para mostrar que valeu o voto dado pelo eleitor. Se já existisse o "recall" entre nós, no meio do mandato, os eleitos poderiam ser cassados ou ratificados pelo próprio povo.

A grande mídia explica muito mal os projetos de interesse popular que tramitam nos legislativos, com falta de análises isentas. Não divulgam, muitas vezes, nada do que é principal em um projeto, pois, assim, fica mais fácil serem aprovadas leis benéficas para o capital e danosas para a sociedade. Muitos dos candidatos buscam também retirar de foco os itens principais nos seus discursos para merecerem o voto, torcendo para existir uma grande confusão na cabeça do eleitor.

Na sua enorme sapiência, ao votar no Tiririca, o povo está dizendo: "Parem de me iludir. Quero candidatos que expliquem para que servem os legislativos, como vão agir ao receberem o mandato e como vêm agindo desde o passado". Talvez, haja também um recado do tipo: "A demonstração de cultura de um candidato, sem haver honestidade de princípios, não é garantia de que ele irá melhorar minha vida. Tiririca disse, no horário eleitoral, que não sabia o que deputado faz. Pelo menos, ele é sincero".

Não se deve excluir a possibilidade de alguns, querendo ver o circo pegar fogo, apesar de entenderem o deboche que representa a escolha do Tiririca, terem votado nele.

Tenho medo de o povo caminhar, com a ajuda da mídia tendenciosa, para achar que um déspota bom é a solução. Ela fabricou um déspota dos tempos modernos, anos atrás, tendo ele chegado ao poder, mas, felizmente, por razões outras, durou pouco. No processo desta fabricação, busca-se sempre desmerecer o Legislativo e enaltecer o déspota, "salvador da pátria", dono de uma razão iluminada, um verdadeiro ser ungido pelos deuses.

Que tristeza existirem partidos que exploram esta confusão e lançam Tiriricas como seus candidatos, com interesses escusos. Lamentáveis também são os candidatos que buscam usufruir os votos dados aos Tiriricas para se elegerem. Você, que é consciente, anote a sigla destes partidos e os nomes dos beneficiários, para fazer campanha contra eles, que merecem nosso repúdio. Resta torcer para que Tiririca seja iluminado e procure merecer o voto popular recebido, e não siga mais seus "mentores políticos".

Paulo Metri é conselheiro da Federação Brasileira de Associações de Engenheiros.

OS JOVENS, AS DROGAS E OS CRIMES

Robson
  • Robson Sávio
  • Direitos humanos, cidadania, segurança pública, política e religião

Vários estudos feitos no Brasil, por instituições públicas, universidades e organizações não governamentais (inclusive internacionais), têm apontado a relação estreita entre a criminalidade violenta, principalmente os homicídios, e o recrudescimento do tráfico de drogas. Esses estudos apontam, também, que a maior parte das vítimas fatais, nos últimos anos, é de adolescentes e jovens, na faixa etária de 14 a 29 anos, que geralmente residem em locais de grande vulnerabilidade social.

Todos são unânimes em afirmar que políticas públicas para o enfrentamento da criminalidade juvenil devem priorizar a prevenção à criminalidade (chamada por alguns de promoção da segurança cidadã), principalmente com programas sociais de ampliação do capital social das comunidades vitimadas pela violência.

A Organização Mundial da Saúde mapeou uma série de fatores que contribuem para a violência juvenil. Valem destacar alguns: fatores individuais; impulsividade e crenças agressivas (por exemplo, no poder das gangues); fracos resultados escolares; castigos físicos e violência doméstica; falta de supervisão e controle dos pais; associação com amizades de “delinqüentes”; exposição à violência da mídia; exemplos e motivações de vizinhança (crimes e exclusão social) e a falta de políticas de proteção social, devido a alta desigualdade de renda. Outro fator associado a este grupo emergente de agressores e vítimas é o uso crescente de armas de fogo.

O grande número de crimes envolvendo jovens tem evidenciado a necessidade de políticas públicas adequadas e duradouras para esse segmento social. Se o Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990, significou um grande avanço nas políticas de promoção dos direitos das crianças e adolescentes, o mesmo não se verifica em relação aos jovens. Resultado: segundo dados oficiais, do total de pessoas desempregadas no país, quase 40% são jovens entre 16 e 24 anos. Por outro lado, a maioria dos autores e, principalmente, das vítimas de homicídios concentram-se nessa parcela da população. Portanto, torna-se fundamental criar uma base de apoio para que os adolescentes e jovens não continuem à deriva.

O que não podemos concordar é com a simplificação de um problema complexo. Virou lugar comum nas discussões acerca da problemática da violência juvenil reduzir esse dilema social a uma questão moral, como se se tratasse da luta do bem contra o mal. Os jovens do bem seriam aqueles que conseguem suplantar as armadilhas das drogas e do crime; os do mal, aqueles que se envolvem em atividades ilícitas.

Parte da sociedade e dos gestores públicos insiste, hipocritamente, em desconhecer as causas estruturais do problema (fragilidade familiar, deficiências nas políticas públicas, fracasso nos mecanismos tradicionais de controle, entre outros). Enquanto isso, dia após dia o número de vítimas da criminalidade juvenil aumenta, a percepção da insegurança apavora a sociedade e certas soluções milagrosas são apresentadas como eficazes antídotos: redução da idade penal, pena de morte, etc. Violência gerando mais violência...

Programas que combinam a prevenção à criminalidade (ou promoção à segurança cidadã), combate ostensivo às várias modalidades de crime (incluindo o tráfico de drogas), e políticas de promoção da cidadania (escolas de qualidade, atenção às famílias carentes, geração de emprego e acesso aos serviços públicos) têm se mostrado eficientes para reverter a situação.

Qual a sua opinião?


O Crack e os Seus Malefícios Para a Sociedade


(*Archimedes Marques)

Os fatos criminosos em todas as partes e em todos os lugares do país, as desagradáveis conseqüências na área policial, educacional, saúde, social e familiar e o degredo causado pelo crack, comprovam que essa droga trouxe malefícios sem precedências para a nossa sociedade. O crack mata os sonhos das pessoas, aniquila o futuro de tantas outras e aumenta a criminalidade em todo canto que se instala.

De poder sobrenatural, o crack sempre vicia a pessoa quando do seu primeiro experimento e o que vem depois é a tragédia certa. A partir de então a sua nova vítima está condenada a engrossar as fileiras de um gigantesco e crescente exército de dependentes químicos da droga que, em conseqüência passa também a matar e morrer pelo crack.

O crack além de trazer a morte em vida do seu usuário, arruína a vida dos seus familiares e vai deixando rastros de lágrimas, sangue e crimes de toda espécie na sua trajetória maligna.

Faz parte da fórmula absurda do crack que nasceu da borra da cocaína, a amônia, o ácido sulfúrico, o querosene e a cal virgem, produtos altamente nocivos à saúde humana, que ao serem misturados e manipulados se transformam numa pasta endurecida de cor branca caramelizada, que passou a ser conhecida pelos mais entendidos, com toda razão, como sendo a pedra da morte.

Como os efeitos excitantes do crack têm curta duração, o seu usuário faz dele uso com muita freqüência e a sua vida passa a ser somente em função da droga.

Em virtude do dependente do crack pertencer em grande maioria à classe pobre ou média da nossa sociedade e assim não dispor de dinheiro para manter o seu vício, então passa ele a prostituir-se em troca da pedra ou de qualquer migalha em dinheiro, a se desfazer de todos os seus pertences e a cometer furtos em casa dos seus pais, dos seus parentes, dos seus amigos ou noutros lugares quaisquer, para daí logo passar a praticar assaltos, seqüestros e latrocínios, sem contar que também fica nas mãos dos traficantes para cometer homicídios ou demais crimes que lhes for acertado em troca do crack.

Assim, o usuário do crack vende seu corpo, sua alma, seus sonhos para viver em eterno pesadelo.

Na trajetória inglória e desprezível do crack, o seu usuário encontra o desencanto, a dor, a violência, o crime, a cadeia, a desgraça ou o cemitério. O crack traz o ápice da insanidade humana. Alguns que se recuperaram do poder aniquilador do crack disseram que dele sentiram o gosto do inferno.

Concluímos então que o perfil da sociedade se transformou e os problemas da segurança pública mudaram consideravelmente para pior a partir do advento do crack. Aumentaram-se todos os índices de crimes possíveis por conta do crack. Em decorrência do crack também passou a morrer precocemente uma imensidão incontável de pessoas, destarte para os jovens que mais se lançam neste lamaçal. Os seus usuários em grande maioria se transformam em pessoas violentas e, com armas em mãos são responsáveis por mortandade em suicídios, assassinatos dos seus familiares e amigos, homicídios pelo tráfico, para o tráfico ou ainda mortes relacionadas às pessoas inocentes em roubos, nos chamados crimes de latrocínios.

É preciso que as políticas públicas contra o crack, além de promover bons projetos preventivos, repressivos e curativos, considerem os vários aspectos que envolvem os seus dependentes químicos e suas conseqüências, como a conscientização da população voltada para o drama pessoal vivido pelos mesmos e por aqueles que o cercam, as dificuldades de bem vigiar todas as fronteiras como melhor forma de prevenção de evitar a entrada da sua pasta base, as carências das entidades assistenciais e de saúde, assim como da necessidade de recursos para os aparatos policiais, destarte, para a valoração profissional dos seus membros no sentido de melhor combater o trafico, o traficante e o chamado crime organizado que é a fonte de alimentação da droga.

Evidente é que o crack é caso de Polícia, mas é também problema de todos nós e, na medida em que por sua culpa são gerados tantos crimes e disfunções sociais, cresce ainda mais a responsabilidade da própria sociedade e do poder público, principalmente para ser tratado em larga escala como caso de saúde pública.

*(Delegado de Policia. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Publica pela Universidade Federal de Sergipe) archimedes-marques@bol.com.br

O cCack e os seus malefícios para a sociedade

O crack e os seus malefícios para a sociedade

(*Archimedes Marques)

Os fatos criminosos em todas as partes e em todos os lugares do país, as desagradáveis conseqüências na área policial, educacional, saúde, social e familiar e o degredo causado pelo crack, comprovam que essa droga trouxe malefícios sem precedências para a nossa sociedade. O crack mata os sonhos das pessoas, aniquila o futuro de tantas outras e aumenta a criminalidade em todo canto que se instala.

De poder sobrenatural, o crack sempre vicia a pessoa quando do seu primeiro experimento e o que vem depois é a tragédia certa. A partir de então a sua nova vítima está condenada a engrossar as fileiras de um gigantesco e crescente exército de dependentes químicos da droga que, em conseqüência passa também a matar e morrer pelo crack.

O crack além de trazer a morte em vida do seu usuário, arruína a vida dos seus familiares e vai deixando rastros de lágrimas, sangue e crimes de toda espécie na sua trajetória maligna.

Faz parte da fórmula absurda do crack que nasceu da borra da cocaína, a amônia, o ácido sulfúrico, o querosene e a cal virgem, produtos altamente nocivos à saúde humana, que ao serem misturados e manipulados se transformam numa pasta endurecida de cor branca caramelizada, que passou a ser conhecida pelos mais entendidos, com toda razão, como sendo a pedra da morte.

Como os efeitos excitantes do crack têm curta duração, o seu usuário faz dele uso com muita freqüência e a sua vida passa a ser somente em função da droga.

Em virtude do dependente do crack pertencer em grande maioria à classe pobre ou média da nossa sociedade e assim não dispor de dinheiro para manter o seu vício, então passa ele a prostituir-se em troca da pedra ou de qualquer migalha em dinheiro, a se desfazer de todos os seus pertences e a cometer furtos em casa dos seus pais, dos seus parentes, dos seus amigos ou noutros lugares quaisquer, para daí logo passar a praticar assaltos, seqüestros e latrocínios, sem contar que também fica nas mãos dos traficantes para cometer homicídios ou demais crimes que lhes for acertado em troca do crack.

Assim, o usuário do crack vende seu corpo, sua alma, seus sonhos para viver em eterno pesadelo.

Na trajetória inglória e desprezível do crack, o seu usuário encontra o desencanto, a dor, a violência, o crime, a cadeia, a desgraça ou o cemitério. O crack traz o ápice da insanidade humana. Alguns que se recuperaram do poder aniquilador do crack disseram que dele sentiram o gosto do inferno.

Concluímos então que o perfil da sociedade se transformou e os problemas da segurança pública mudaram consideravelmente para pior a partir do advento do crack. Aumentaram-se todos os índices de crimes possíveis por conta do crack. Em decorrência do crack também passou a morrer precocemente uma imensidão incontável de pessoas, destarte para os jovens que mais se lançam neste lamaçal. Os seus usuários em grande maioria se transformam em pessoas violentas e, com armas em mãos são responsáveis por mortandade em suicídios, assassinatos dos seus familiares e amigos, homicídios pelo tráfico, para o tráfico ou ainda mortes relacionadas às pessoas inocentes em roubos, nos chamados crimes de latrocínios.

É preciso que as políticas públicas contra o crack, além de promover bons projetos preventivos, repressivos e curativos, considerem os vários aspectos que envolvem os seus dependentes químicos e suas conseqüências, como a conscientização da população voltada para o drama pessoal vivido pelos mesmos e por aqueles que o cercam, as dificuldades de bem vigiar todas as fronteiras como melhor forma de prevenção de evitar a entrada da sua pasta base, as carências das entidades assistenciais e de saúde, assim como da necessidade de recursos para os aparatos policiais, destarte, para a valoração profissional dos seus membros no sentido de melhor combater o trafico, o traficante e o chamado crime organizado que é a fonte de alimentação da droga.

Evidente é que o crack é caso de Polícia, mas é também problema de todos nós e, na medida em que por sua culpa são gerados tantos crimes e disfunções sociais, cresce ainda mais a responsabilidade da própria sociedade e do poder público, principalmente para ser tratado em larga escala como caso de saúde pública.

(Delegado de Policia. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Publica pela Universidade Federal de Sergipe) archimedes-marques@bol.com.br