E nós, não vamos evitar o pior?
'Parece ótimo. Mas, quem são esses "seguranças"? De onde vêm? E, se um dia, não estiverem mais contando com a simpatia dos moradores, como reagirão? Quem garante que respeitarão e guardarão os segredos das famílias?'
Eu prometi que não voltaria ao assunto, sob pena de me tornar um chato falando sozinho. É isso. Sou o único jornalista em Minas que há pelo menos três anos vem advertindo as autoridades de segurança pública sobre o perigo que os grupos clandestinos de policiamento em nossas ruas representa em médio e longo prazo. Agora, que policiais milicianos torturaram repórteres no Rio de Janeiro pode ser que alguém reaja. Antes que seja tarde.

Há algum tempo eles apareceram. Primeiro ocuparam ruas centrais, como a Caetés, a Rio de Janeiro... Os comerciantes reclamavam a boca pequena que, para ter segurança, tinham de pagar “um por fora” para policiais. Pior, os mesmos que trabalhavam ali, fardados. Ou seja, se trabalhavam no turno da manhã, voltavam à tarde ou à noite para pedir uma “caixinha” e, assim, garantir segurança 24 horas. Parecia inocente. Por que não ajudar quem quer garantir o funcionamento das lojas, em tempos de tanta insegurança?

Depois, tomaram conta da periferia. E surgiram outros, não policiais, oferecendo a mesma “proteção”. A maioria usa moto. Ficam circulando, apitando e bisbilhotando a vida alheia. As mães se sentem mais tranqüilas, sabendo que – por exemplo – quando a filha estiver chegando da faculdade, haverá alguém acompanhando sua entrada em casa, não importa a hora.

Parece ótimo. Mas, quem são esses “seguranças”? De onde vêm? E, se um dia, não estiverem mais contando com a simpatia dos moradores, como reagirão? Quem garante que respeitarão e guardarão os segredos das famílias?

No Rio, o que era inocente virou milícia. E a população, sem a tutela do Estado, sujeita-se aos caprichos de traficantes e de milicianos, numa guerra em que não haverá vitoriosos. E nós, vamos esperar a guerra chegar aqui?

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