22 DE FEVEREIRO DE 2008 - 16h09
por Paulo Shetara*
Quando eu fui para a França recentemente notei algo que tinha visto antes no Panamá e em Cuba, os jovens negros, não estão andando como jovens africanos, quem pauta hoje o pensamento, o estilo de se vestir, andar e falar, etc, dos jovens negros do mundo, são os jovens negros americanos, principalmente os do hip-hop!
Em Paris, tem dois tipos de jovens negros, aqueles que usam roupas, tipicamente africanas, que são minoria e aqueles que se vestem como jovem de gueto americano, na Fenac de Paris a seção de rap music entre Cd’s, DVd’s e disco de Vinis é uma das maiores.
Em Cuba vi algo parecido, jovens cubanos se vestindo como jovens do gueto americano e numa festa que fui na Praça da Revolução, que o grupo Obession organiza, eu vi também quase a mesma coisa, e os Dj’s tocavam músicas de rap nova yorquino.
Aqui no Brasil não precisa nem dizer como se comportam a maioria dos jovens pobres dos grandes centros com seu visual, som na cabeça, etc.
Hoje os Estados Unidos vivem um grande momento, a maior potência econômica e militar do mundo pode ter um negro como presidente e um negro Democrata, para quem sabe mudar a imagem das EUA depois do desastre Bush, que quer construir a paz com bombas e democracia com metralhadoras. Quando no Brasil, que tem a maior população negra do mundo fora da África, vamos ter a chance de ver um negro ter chances reais de ser presidente ou uma mulher?
Por outro lado, apesar da simpatia que os jovens pobres no mundo tem pelos jovens do gueto afro-americano, cresceu no planeta o sentimento anti-americano e a opinião pública mundial desconfia das grandes potências em geral, revelou uma pesquisa realizada em 47 países e publicada em junho de 2007. A sondagem, feita pelo instituto americano Pew Research Center, revela que o meio ambiente é agora a maior preocupação em vários países, e que os Estados Unidos são considerados o maior poluidor do planeta. A imagem dos Estados Unidos se deteriorou sensivelmente nos últimos cinco anos. O problema se repete entre os aliados ocidentais dos EUA, e no período entre 2002 e 2007 a aprovação dos Estados Unidos na França caiu de 62% para 39%, na Alemanha, de 60% para 30%, e na Grã-Bretanha, de 75% a 51%.
O instituto brasileiro Market Analysis fez um estudo divulgado em 2005, sobre a opinião do brasileiro sobre os EUA. Para 84% é ótimo para conhecer, 73% para estudar, 58% para morar, mas vêem os americanos em primeiro lugar como antipáticos, em segundo lugar intolerantes, em terceiro lugar nada confiável. A conclusão a que se chega, é que os EUA são um ótimo país para os brasileiros, mas sem os americanos. Vai entender!
Mas ainda a cultura americana, seus valores, são admirados; os filmes, a música, seus líderes, suas descobertas científicas, seus monumentos, sua eficiência.
O que seria dos negros mundiais sem o Jazz, Soul, Funk, Martin Lutter King, Malcon X, Black Panthers, NBA, Basquiat, Muhamed Ali, Mumia Abu-Jamal, etc.
Mas também o que seria da minha vida sem o Samba, Chorinho, Garrincha, Zumbi, Luis Gama, Futebol, Tim Maia, Arroz com feijão, Patativa de Assaré, Racionais Mc’s, etc.
PS: este artigo é para aqueles que falam que nós somos ''colonizados
pelos negros americanos''. Não, nós os admiramos, eles são referência
no mundo para a luta dos negros!
*Paulo Shetara, DJ, produtor cultural, estudante do último ano de jornalismo escritor.
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