SIMONE GOLDSCHMIDT
A sindicalista e professora Simone Goldschmidt fala dos perigos que rondam a educação pública gaúcha.
Assim como aconteceu no ano passado, o início do atual ano letivo preocupa a comunidade escolar gaúcha. Se em 2007 os problemas foram a falta de transporte escolar, o corte de 30% nas verbas de custeio da Secretaria da Educação, a falta de professores, a enturmação e a multisseriação, este ano os alunos, pais e educadores se depararão com centenas de turmas fechadas, com o fim da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e com a introdução de programas de educação privados em escolas públicas. São medidas que comprometem a qualidade do ensino público. E isso tem um objetivo: municipalizar a educação e em seguida facilitar a sua privatização.
Para se chegar a esta conclusão basta analisar as ações do Governo Yeda na área da Educação. Primeiro veio, em 2007, o corte de 30% nos recursos da Educação, a suspensão das obras de reforma nas escolas e o fim da gestão democrática. Isso produziu o sucateamento das estruturas físicas e a falta de professores.
Para tentar resolver o problema criado pela falta de professores, a Secretaria fechou bibliotecas, laboratórios de ciências e de informática, e acabou com a coordenação pedagógica, redirecionando estes profissionais para as salas de aula. Com essas medidas, os alunos da rede pública de ensino, no ano passado, não puderam contar com a infra-estrutura complementar de ensino e orientação pedagógica.
Ato contínuo, a enturmação e a multisseriação aumentaram o número de alunos por turma e juntaram séries diferentes numa mesma sala de aula – num prejuízo gritante ao aprendizado.
Depois de um ano em que o sucateamento da Educação foi evidente, a Secretaria apresenta o SAERS – Sistema de Avaliação da Educação do Rio Grande do Sul para avaliar o desempenho dos educandos. Buscava, então, a Secretaria evidenciar a queda da qualidade do ensino justificando desta forma a privatização.
Outro golpe se deu com a autorização que possibilita a implantação de programas de educação privados em escolas públicas (“Entre Jovens” e “Jovens do Futuro”) e com a criação da Lei das OSCIPS, em que ONGs – Organizações Não-Governamentais poderão receber dinheiro público para cuidar da educação e de outros setores da administração pública estadual.
O fechamento de turmas divulgado pela imprensa neste começo de ano deixou a comunidade escolar alerta. Só em Porto Alegre foi anunciado o fechamento de mais de 1.300 turmas. Porém, em vários outros municípios estão sendo fechadas escolas e canceladas turmas. E os números são assustadores.
Além de defender os trabalhadores em educação, o CPERS/Sindicato se preocupa com a qualidade da Educação no Estado. Não pode acontecer no Rio Grande do Sul o mesmo que se deu em São Paulo, cujo sucateamento da educação pública promovido pelos governos do PSDB (desde 1995) resultou na demissão de mais de 45 mil professores e funcionários de escola com uma redução inquestionável na qualidade do ensino.
Se a única forma de defendermos o ensino de qualidade e assegurarmos os direitos da categoria e da comunidade escolar é realizando manifestações e indo para a rua, devemos nos preparar para as mobilizações já no início do ano letivo.
Simone Goldschmidt é presidente do CPERS/Sindicato
Nenhum comentário:
Postar um comentário