Philip Alston diz que alguns policiais operam fora de serviço em esquadrões da morte e milícias e atuam como 'justiceiros' ou para 'obter lucro'; relator sobre execuções extrajudiciais citou ainda as mortes causadas pela polícia que depois são relatadas como auto-defesa.
O relator especial da ONU sobre execuções extrajudiciais afirmou que o dia-a-dia de muitos brasileiros, especialmente aqueles que vivem em favelas, ainda é vivido na sombra de assassinatos e violência de façcões
criminosas, milícias, esquadrões da morte e da polícia, apesar de reformas importantes do governo do país.
Em relatório divulgado nesta terça-feira, Philip Alston disse que a polícia executou supostos criminosos e cidadãos inocentes durante operações mal planejadas dentro das favelas há dois anos e meio, quando
esteve no país.
Ele ressaltou que a situação atual não mudou e que a polícia continua a cometer execuções extrajudiciais em taxas alarmantes. Segundo Alston, são profissionais que operam fora de serviço em esquadrões da morte e
milícias e atuam como 'justiceiros' ou para 'obter lucro'. O relatório destacou melhorias em algumas áreas, com investigação e prisão de policiais no Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco.
Alston disse que o policiamento comunitário em algumas favelas da capital carioca são muito bem vindos, assim como a promessa do governo federal em aumentar os salários para melhorar a segurança antes da Copa
do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. Mas ele enfatizou que os esforços vão exigir impulso maior para o que se espera nos próximos quatro anos.
DefesaAlston citou ainda as mortes causadas pela polícia que depois são relatadas como auto-defesa. Segundo ele, foram pelo menos 11 mil fatalidades registradas em São Paulo e no Rio de Janeiro entre 2003 e 2009. Ele saudou a nova abordagem experimental da Unidade de Polícia Pacificadora, no Rio, que substitui intervenções de curto prazo em favelas pela presença da polícia a longo prazo com prestação de serviços sociais. Alston concluiu que o governo brasileiro merece crédito pela cooperação e abertura para avaliação externa, mas afirmou que ainda há muito para ser feito se o país quiser reduzir as execuções extrajudiciais cometidas pela polícia.
*Texto de Eduardo Costa Mendonça, da Rádio ONU em Nova York.
http://www.unmultimedia.org/radio/portuguese/detail/180746.html
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