CRACK EM BH » Socorro para os usuários

Para tentar enfrentar o drama das vítimas do crack, que migraram para ruas da Região Noroeste e Centro da capital mineira,a Prefeitura de Belo Horizonte quer triplicar o número dos chamados consultórios de rua
, programa de abordagem direta dos usuários da droga. A proposta, que prevê a abertura de dois novos postos do programa já em abril, é parte do plano de enfrentamento do crack em Minas Gerais. Em todo o estado, os consultórios de rua serão ampliados dos atuais 34 para 40.
Também o número de leitos em hospital-geral voltados para a internação de usuários de crack deve aumentar dos atuais 350 para 800, caso seja aceita a proposta, que prevê ainda a ampliação de vagas em comunidades terapêuticas e unidades de acolhimento, segundo o psiquiatra Paulo Roberto Repsold, coordenador de saúde mental do Estado. “É preciso dar conta desse grave flagelo social, que aumentou não só em BH. Basta andar nas ruas de BH para ver os craqueiros”, afirma.

Construída com a participação das prefeituras, incluindo a de BH, a proposta mineira deve ser apresentada em poucos dias em Brasília pelo secretário de estado da Saúde, Antônio Jorge de Souza Marques. Ele vai levar detalhes do plano ao Secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, o médico Helvécio Magalhães Júnior, que já foi secretário de Saúde de BH e supervisiona o programa federal de enfrentamento ao crack lançado em dezembro pela presidenta Dilma Rousseff.
O governo do estado vai pleitear entre R$ 50 milhões a 70 milhões até 2014 para as ações de combate ao álcool, crack e outras drogas. Até agora, já foram liberados R$ 36 milhões para Alagoas e R$ 85 milhões para Pernambuco, até 2014. Os dois estados foram os únicos a receber repasses do plano federal contra o crack, que previa distribuir R$ 2 bilhões até 2014 a estados e municípios que apresentassem propostas para ações antidrogas.
REFERÊNCIA MENTAL Na proposta da capital mineira, que se depara também com o problema dos viciados dormindo como mendigos sob os novos viadutos da Avenida Antônio Carlos e nos espaços degradados da Praça da Estação e da Estação de Metrô Lagoinha, está a criação de quatro Centros de Referência Mental Álcool e Drogas (Cersam-AD) na capital, além de mais um Cersam-AD infanto-juvenil, voltados para atendimento ambulatorial. A prefeitura vai criar leitos de internação em hospitais, além de casas de acolhimento transitório que sirvam como moradia para os usuários em tratamento nos Cersam-AD. Para acompanhar a vida dos usuários recuperados, no retorno até a família, está sendo pedida a liberação da verba para investir na construção de equipes do Programa de Atenção Domiciliar (PAD).

“Não trabalhamos na lógica higienista de São Paulo, que despertou críticas em todo o país ao propor a internação obrigatória dos usuários de drogas. Nossa política é pautada pelo respeito ao usuário, buscando construir um vínculo com ele e fazer com que se insira em um novo projeto de vida. Não adianta retirar o usuário das ruas sem tratar”, defende Rosimeire Silva, coordenadora de Saúde Mental da Prefeitura. Em menos de um ano do Consultório de Rua, o programa acompanha 123 casos e já encaminhou 226 usuários para tratamento na Pedreira Prado Lopes e no Centro da cidade.
Por:Sandra Kiefer
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