Minas de Minas – As Poderosas do Grafite


Pintura-Casa-sem-Paredes1-550x414aGrupo de grafiteiras espalha cores, letras e personagens nos muros de Belo Horizonte
Quarteto formado pelas artistas Krol, Viber, Musa e Nica também tem trabalhos em outras cidades do estado.

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Carolina Jaued, Lídia Soares, Louise Líbero e Nayara Gessyca, ou melhor, Krol, Viber, Musa e Nica, formam um quarteto fantástico de meninas que transformam espaços públicos em verdadeiras obras de arte. Elas são grafiteiras e pintam e bordam em Belo Horizonte há pelo menos sete anos. Num universo essencialmente masculino, as garotas – que têm na faixa de 20 anos – decidiram se juntar e criaram, em julho, uma crew (conjunto de grafiteiros).


As Minas de Minas, nome mais do que apropriado, têm como objetivo fomentar projetos, ser uma referência, principalmente entre as mulheres, e contribuir para o crescimento e o fortalecimento da cultura hip-hop. “A gente participa de muitos eventos fora daqui e ficamos conhecidas como as minas de Minas, até porque, são poucas as mulheres que grafitam assiduamente no estado. A ideia surgiu para fazer um movimento na cidade. Temos a intenção de realizar em BH um evento internacional, mas ainda dependemos de patrocínio. E mais do que nunca queremos mostrar que mulher pode grafitar”, enfatiza Lídia, a Viber, de 26 anos.
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Palavras, letras e desenhos. As marcas das Minas estão espalhadas pela capital e até em cidades do interior, como Juiz de Fora. Seja em muros e paredes, públicos ou privados. E até o fim do ano elas pretendem criar mais uma obra de arte: o mural Parque do Terror, que deve ser pintado no Padre Eustáquio ou no Jaraguá. “Sempre quando vamos grafitar, temos que pedir autorização para o dono do muro. E muitas vezes não é um processo tão simples. Teve um que negociamos durante uns quatro dias, mas acabou dando certo. Por incrível que pareça, os espaços públicos são os mais complicados, porque a gente nunca sabe para quem pedir. A prefeitura tem tantos órgãos e secretarias que fica meio difícil”, lamenta Nayara, a Nica, de 25 anos.
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EM GRUPO
Mesmo fazendo parte de um grupo, isso não significa que elas têm que trabalhar o tempo todo juntas. A caçula da turma, Carolina Jaued, a Krol, de 23 anos, revela que uma já conhece o estilo da outra e que sempre conversam antes para elaborarem as ideias, aí então é que esboçam um leiaute para depois colocar a mão na massa, ou melhor, no spray. “Eu e a Viber gostamos mais de desenhar personagens e a Nica e a Musa preferem as letras. Não é porque somos uma crew que temos que fazer todos os projetos juntas. Também pintamos separadamente. Mas funciona bem quando é todo mundo. Há uma interação e o grafite tem essa coisa do coletivo que é bem bacana”, frisa a grafiteira. Para Krol – que entrou para o mundo do grafite por influência do irmão e do namorado – o que mais atrai neste universo é a possibilidade de compartilhar experiências. “Especialmente quando participamos de eventos com gente de fora. Temos a possibilidade de conviver e conhecer culturas diferentes. Isso é o mais interessante”, opina.
Já Lídia confessa que nunca ligou muito para o grafite, mas quando participou de uma oficina há 10 anos, junto com o namorado, também grafiteiro, tudo mudou. “Comecei meio sem esperar nada e para ver no que ia dar. Acabei gostando, conhecendo muita gente bacana. O grafite era e ainda é uma maneira de eu poder ir para a rua, porque eu fui criada dentro de casa”, justifica.
Também por influência do namorado, Louise, a Musa, de 25 anos, gosta desta manifestação artística porque, além de ser um hobby, não deixa de ser uma forma de liberdade de expressão. “É ali na parede e no muro que manifestamos o que sentimos, o que pensamos, o que gostamos”, resume.
A mesma sensação tem a amiga Nica, que faz questão de ressaltar a diferença entre pichar e grafitar. “Para o leigo, tudo é pichação. Mas não é bem assim. Porque, quando alguém picha, quer demarcar território, e o grafite tem muita coisa por trás, tem toda uma ideia. É por isso que gosto tanto. Adoro o grafite porque desligo total do sistema. Quando você está no muro, se esquece da vida. É um mundo paralelo em que me realizo completamente”, filosofa.

QUEM SÃO AS MINAS
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Carolina
Carolina Jaued (Krol), 23 anos
Mora no Bairro Jaraguá, Região da Pampulha. Além do grafite, trabalha como auxiliar administrativa da Prefeitura de Belo Horizonte. Estuda publicidade e propaganda e é empresária. Criou em 2007 a Red Nails, grife de roupas alternativas.
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Pintura-Casa-sem-Paredes1-550x414a - CópiaLídia Soares (Viber), 26
Mora no Taquaril, Região Leste, onde trabalha como dog walker (passeia com cachorros) e é educadora social do projeto Fica Vivo. Estuda cinema de animação e artes digitais na UFMG. Com o namorado, o também grafiteiro Nilo Zack, criou a crew C-Tor 9, que engloba uma marca de roupas. Para conhecer mais
sobre o trabalho de Viber: http://www.flickr.com/viber
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Louise Líbero (Musa), 25
Mora no Horto, na Região Leste. Estuda engenharia de minas e trabalha em uma empresa de mineração. Em parceria com o companheiro, também tem uma crew e uma loja chamada Real Vandal.
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NayaraNayara Gessyca (Nica), 25
Mora em Venda Nova e trabalha como maquiadora e promotora de eventos. É proprietária, ao lado do marido, da grife S.I.M.,
de roupas alternativas.
Por:Ana Clara Brant – EM Cultura
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