Negros mais vulneráveis Pessoas de pele preta são maioria entre as vítimas de homicídios


homicidios-350x250No apartheid nacional, expulsam-se os pobres para longe do asfalto. Quanto mais desprovidos, mais distantes das conquistas da civilização.

O Mapa da Violência 2012: a Cor dos Homicídios no Brasil confirma um fato conhecido. Os negros estão mais sujeitos à barbárie que os brancos. Divulgado pela Secretaria de Políticas e Promoção da Igualdade Racial (Seppir) na semana passada, o documento traz dados preocupantes: proporcionalmente, morrem 132,3% mais pessoas de pele preta ou parda que de outras cores. O percentual representa 2,3 homicídios de negros para cada branco.
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Não é de hoje que as populações vulneráveis são as vítimas preferenciais dos criminosos. O que surpreende é a crescente e ininterrupta elevação da disparidade. Entre 2002 e 2010, a morte violenta de brancos caiu de 20,6 para 15,5 por 100 mil habitantes. A de negros e índios subiu de 34,1 para 36. Em 2002, perdiam a vida 65,4% mais negros do que brancos. Em 2010, a proporção saltou para 132,2%. Em Minas Gerais, a proporção não é menos injusta e preocupante. Pelo contrário: são 2,7 vezes mais vítimas negras que brancas. Mas em Belo Horizonte a discrepância é bem pior, com 653 negros assassinados contra 189 brancos. A taxa de homicídios por 100 mil habitantes é de 52,5 para negros e 17,2 para brancos.
Segundo o estudo, as ocorrências se concentram em áreas periféricas. Mas não passa de simplismo imaginar que pobreza seja sinônimo de violência. A palavra mais adequada é descaso. A carência de que padecem as áreas desprivilegiadas não se restringe aos bens materiais. Abrange, sobretudo, a atenção do Estado. São bairros que conjugam o verbo faltar. Falta educação. Falta saúde. Falta polícia. Falta iluminação. Falta transporte.
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Não por acaso. Ali vivem as pessoas com renda mais baixa, entre as quais predominam os negros. Sem poder de pressão, elas são relegadas a segundo, terceiro, quinto plano. Os investimentos se destinam sobretudo às áreas nobres. O modelo reproduz o paradigma da casa-grande e da senzala, que impera no país desde as Capitanias Hereditárias. No apartheid nacional, expulsam-se os pobres para longe do asfalto. Quanto mais desprovidos, mais distantes das conquistas da civilização.
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Passou da hora de mudar o foco. Impõe-se incluir os brasileiros marginalizados. Além de iluminação pública, saneamento básico, policiamento eficaz, transporte moderno, hospitais e centros de saúde de ponta, há que oferecer às crianças e jovens escolas de qualidade. A educação dá acesso às boas universidades e aos empregos que pagam salários superiores à média. A população pobre, cuja grande maioria é negra ou parda, não pode mais pagar o preço da discriminação, do preconceito e da incompetência governamental. A pesquisa da Seppir serve de alerta. Políticas de faz de conta não são capazes de responder aos desafios apresentados pela urgência de inclusão. Entre eles, diminuir a violência e apagar a cor dos homicídios.
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