Hip-Hop é a Cultura Juvenil de massa mais Politizada do Brasil


Mano Oxi *

Ouvi esse comentário na 23 ° Reunião do Conselho Nacional de Juventude que ocorreu entre os dias 14 e 15 de Dezembro em Brasília.

Me senti lisonjeado por fazer parte desta cultura há mais de quinze anos. Nesse período todo tenho de admitir que o Hip Hop vem alcançando cada vez mais espaço de visibilidade e principalmente espaço de decisão.

Atualmente no Brasil, temos mais de três vereadores eleitos pelas candidaturas do hip-hop e mais de trinta nomes que concorreram resultando em ótimas votações, além de inúmeros jovens do movimento que ocupam cargos de confiança como: assessores parlamentares, secretários de cultura, coordenadorias de Políticas Raciais, entres outros.

O Governo Federal, representado pelo Excelentíssimo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no ano de 2010 reconheceu o Movimento Hip-Hop oficialmente, criando o Prêmio Nacional da Cultura Hip-Hop que ficou conhecido como “Prêmio Preto Ghóez” (Ghóez foi um importante ativista do Hip Hop brasileiro). Este prêmio tem como objetivo principal reconhecer o Hip Hop como cultura popular da juventude historicamente excluída em nosso País.

O Hip Hop vem se organizando também no terceiro setor; são inúmeras as organizações de hip-hop que já possuem o seu CNPJ e muitas já participam de licitações, disputando verba pública para financiarem suas ações culturais nas comunidades desassistidas pelo Poder Público em âmbito Municipal, Estadual e Federal.

Há mais de dez anos, o hip-hop criou os seus próprios veículos de comunicação, seja nos canais públicos ou independentes, Jornais expressos ou pela grande teia digital conhecida mundialmente como Internet. São muitos os sites, blogs e rede sociais para informar o público sobre os acontecimentos que envolvem nossa cultura.

Aqui no Rio Grande do Sul, os últimos dois anos foram muito significativos para a valorização e reconhecimento do Hip Hop nas esferas institucionais. Por exemplo, tivemos uma boa articulação para criar a Lei Municipal e Estadual do Hip Hop (10.378 Municipal e 13.043 Estadual), instituindo nossa cultura dentro do calendário da Cidade de Porto Alegre e do Estado do Rio Grande do Sul.

Em seguida, realizamos o 1º Encontro Estadual de Hip Hop que ocorreu no mês de Maio de 2009, reunindo mais de mil jovens do movimento, vindos das diferentes partes do Rio Grande do Sul no Teatro Dante Barone, na Assembléia Legislativa do Estado.

Realizamos o 1º Seminário Regional de hip-hop também em parceira com a ALERGS, onde tiramos alguns encaminhamentos dos quais irão nortear o movimento nos os próximos anos. Atualmente tramita na ALERGS o PL.124 que instituirá, quando for aprovada, uma Política Estadual do Hip Hop garantindo ações conjuntamente com o Governo do Estado.

Não posso deixar de citar o 3° Congresso de Hip-Hop que ocorreu na cidade de Santos, São Paulo, no mês de Janeiro de 2010, reunindo mais de cinco mil jovens de todos os cantos do Brasil para fazer um momento de reflexão sobre os avanços do movimento em nosso País.

Por fim, durante o mês de Outubro de 2010, foi criado o Fórum Estadual de Diálogo Permanente do Hip-Hop, instância máxima do Hip-Hop Gaúcho perante as esferas Institucionais do Estado.

Por tudo isso, acredito também que o hip-hop é a cultura juvenil de massa mais politizada do Brasil. Pode acreditá, é o Hip-Hop contribuindo para as transformações de nossa sociedade. Assim que é, um forte abraço a todos e todas.


* Rapper do grupo DNA MC's, Vice-Presidente Nacional e Presidente Estadual da Nação Hip-Hop Brasil-RS. Editor do Jornal Salve! Suplente de Vereador na Câmera de Porto Alegre.

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