UBM: seminários contribuem para empoderamento da mulher negra


Realizados pela União Brasileira de Mulheres, seção São Paulo (UBM-SP), os seminários “Combate a Discriminação e Exclusão da Mulher Negra no Acesso ao Atendimento à Saúde” transformaram-se em um processo formativo, bem como de empoderamento das mulheres negras e de fortalecimento do seu papel político na sociedade. A avaliação é da coordenadora de Projetos da UBM, Lilia Laurindo.

Ela afirma que as atividades possibilitaram que as idéias e concepções do feminismo emancipacionista – em seu recorte de classe, gênero e raça – cheguessem a centenas de mulheres.

“Além de levar o debate para perto da população, os seminários garantem a capacitação das/os participantes, criando um elo entre palestrante e capacitados. Podendo assim, construir uma visão de uma sociedade mais justa e participativa”, defende a coordenadora.
Para a UBM, o Brasil tem uma dívida histórica com a população afrodescendente, sobretudo com as mulheres negras, pois são triplamente discriminadas.
“Passamos por um sistema de escravidão dos mais cruéis com o povo negro e é tarefa da UBM reafirmar cotidianamente nossa luta contra o racismo. Entendemos a opressão e discriminação contra as mulheres negras como uma questão de Direitos Humanos. Por isso, este debate é de extrema necessidade para nós e para o governo brasileiro que, através de políticas públicas, promove ações afirmativas, o que contribui para possibilitar ações efetivas para a superação da discriminação e do racismo que ainda estão presente na sociedade brasileira”, destacou Lilia.

Lilia lembra que embora o povo brasileiro tenha conquistado o Sistema Único de Saúde (SUS), isso não significou o fim das desigualdades na qualidade do atendimento. Para ela, as práticas discriminatórias ainda são vigentes naquele espaço.
“Infelizmente esta conquista não atingiu a formação de muitos profissionais de saúde, ou seja, ainda temos profissionais com o preconceito enraizado em sua alma e assim acaba criando uma “contra saúde”. Portanto ainda encontramos muitos profissionais da saúde tratando com indiferença e discriminação as mulheres e trabalhadores negros, constituindo em violência institucional, somando-se a tantas violências vividas pelas mulheres negras”, frisou Lilia.
Resultados
Segundo Lilia, o projeto “Combate a discriminação e exclusão da mulher negra no acesso ao atendimento a saúde” capacitou em média 120 mulheres, ou seja, o dobro do previsto. “A UBM está em busca de mais parceria para dar continuidade, ou melhor, criar uma nova fase do projeto, pois essa foi à sugestão das pessoas da própria comunidade que participaram das capacitações”, declarou.
Após a realização dos projetos, a UBM lança cartilhas sobre os mesmos, facilitando assim a ampliação da discussão sobre os vários temas abordados pela entidade. Além disso, com a criação recente da Coordenação de Raça e Etnia em sua Executiva Nacional, também realiza debates com o objetivo de aprofundar os temas relacionados à questão racial em sua direção nacional.
“Através das ações articuladas das organizações de mulheres, em especial da UBM, trabalhando e exercendo o controle social e o desenvolvimento de políticas públicas, proporcionamos a interlocução entre sociedade civil e governo Federal. Dessa forma, podemos potencializar e otimizar as ações, experiências e conhecimento das vivências adquiridas em anos de luta em defesa da mulher através da militância social, bem como enriquecer o debate com atores envolvidos direto e indiretamente que são atuantes e defensores da questão racial” , finalizou Lilia.
Os Seminários fazem parte do projeto da UBM em parceria com Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) para buscar novas estratégias para melhorar a qualidade do atendimento à mulher negra no sistema público de saúde, bem como combater o racismo institucional dentro do SUS. Eles ocorreram durante todo o mês de abril.

Fonte: UBM
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