No ritimo do hip-hop

Sincronizar o movimento de braços, pernas e cabeça e ainda ter gingado é o maior desafio para essa turma. A galera que se aventura pelo universo da dança de rua mostra por que esse estilo tem atraído cada vez mais adeptos.

Movimento contagiante
Por:Celina Aquino
Fotos:Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

Craque no futebol, Gustavo Martins, de 14 anos, deixou a bola de lado para se dedicar à paixão pela dança de rua (Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Antes de começar a ler a matéria, a sugestão é ligar o som. Escolha uma música com batida marcante – de preferência hip-hop – para ter uma ideia de como o ritmo contagia. Assim, você vai entender por que Fillipe Benites Silva Gonçalves, de 13 anos, quis se aventurar pelo universo da dança de rua.
Ele se descreve como “meio duro”, mas concorda que dá vontade de movimentar o corpo quando ouve as músicas que embalam as aulas na Escola de Dança Ritmus, que fica no Bairro Santo Antônio, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Acostumado a ficar mais de duas horas seguidas em frente ao computador, Fillipe só se animou a levantar da cadeira para treinar dança de rua. Academia, nem pensar. “Não gosto de fazer sempre a mesma coisa. Aqui é diferente. Você mexe o corpo e a cada dia aprende um passo novo.”
Depois que conheceu a dança de rua, Ramiro Silva, de 13 anos, se solta na pista (Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
O mais novo da turma, João Victor Flávio Silva Santos, de 9, resume bem o que é a dança de rua: “É uma arte que a gente aprende brincando.” Pode parecer fácil acompanhar o ritmo da música, mas não é. Por isso, o aluno tem razão quando diz que a dança é uma arte. Você tem que ser artista para conseguir sincronizar o movimento das pernas, dos braços e da cabeça e ainda ter gingado. João Victor fica satisfeito quando acerta o passo e não vê a hora de mostrar em uma apresentação o que já aprendeu. Mais que um desafio, para ele a dança de rua é diversão.
Foi para perder a timidez que Johnatan Ravel Neves, de 13, começou a fazer aulas de dança de rua. “Aprendi a me soltar mais e a me relacionar melhor com as pessoas, sem medo”, revela. Como a atividade, nesse caso, é coletiva, os alunos precisam estar bem entrosados para que a coreografia dê certo. Papo vai, papo vem, os colegas já viraram amigos de Johnatan e a dança flui com mais naturalidade.
Fillipe Benites, de 13 anos, gosta do ritmo e diz que a cada dia aprende um passo novo (Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Gustavo Martins de Rezende, de 14, já participou de uma competição e concorda que o entrosamento da turma conta muito. Além da qualidade da coreografia, os jurados avaliam se os dançarinos estão no mesmo ritmo. Craque no futebol, Gustavo largou a bola para se dedicar à nova paixão. “Sem ela nem sei dizer o que sou.” O aluno sonha participar de concursos internacionais e acharia legal passar uma temporada com os asiáticos, considerados os melhores na dança de rua.
Sabe aquelas pessoas que passam a festa inteira sentados? Ramiro Silva dos Santos Netto, de 13, era assim: não gostava nem um pouco de dançar. Agora que descobriu a dança de rua ele se solta na pista e, quem diria, movimenta o corpo até em casa, quando ouve a batida do hip-hop.

Johnatan Ravel, de 13 anos, aprendeu a se soltar mais e a se relacionar melhor com outras pessoas (Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
DANÇA DE RUA
Origem
A dança de rua surgiu nos Estados Unidos, por isso a maioria dos termos relacionados a ela são em inglês. Pode-se dizer que é uma mistura de vários estilos, mas todos influenciados inicialmente pelo funk do
norte-americano James Brown. Apesar do nome, não é dançada apenas na rua.
Estilos
1) Breaking, executado por b-boys e b-girls: foi desenvolvido por adolescentes em Nova York, na década de 1970. É dançado ao som de funk (que não é o carioca).
2) Locking, executado por lockers: nasceu no fim dos anos 1960, em Los Angeles. Foi inventado acidentalmente por um jovem que não conseguia fazer os passos de funk.
3) Popping, executado por poppers: originário da Califórnia, é um estilo que tenta dar a impressão de um corpo “sem ossos”. A ideia é pipocar (de pipoca estourando) os movimentos.
4) Up rocking, executado por rockers: criado por uma dupla de dançarinos em Nova York, consistia na simulação de uma luta. Apesar de já ter sido extinto, alguns passos ainda são utilizados.
5) Freestyle: dançado a partir dos anos 1980, valoriza o improviso. É chamado de estilo livre porque as pessoas costumavam criar as próprias danças em festas de hip-hop.
Passos
Top rock: é uma sequência de passos em pé que mostra o estilo e a criatividade do dançarino. Funciona como uma entrada na roda e preparação para o resto da performance.
Footwork: conhecido também como sapateado, dá destaque para os pés. O dançarino fica agachado, com as mãos apoiadas no chão, e faz movimentos de chutes no ar.
Freeze: é o momento em que o dançarino fica congelado em uma posição. Deve durar no mínimo três segundos. Alguns dizem que é o ponto alto da apresentação.
Powermove: giros, saltos, acrobacias e todos os movimentos de ginástica que fazem parte da dança de rua. Geralmente são os mais difíceis e exigem muita energia do dançarino.
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