Gravidez não planejada

Apesar dos métodos contraceptivos disponíveis, imprevistos aumentam

Yasha Emerenciano Barros - Professora de ginecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), mestre em ginecologia e especializada em sexologia





A Organização Mundial de Saúde (OMS) está com uma preocupação global: por que o índice de gravidez não planejada continua tão alto se temos tantos métodos anticonceptivos à disposição? Uma das hipóteses é que as mulheres podem não estar usando o método mais adequado para seus organismos e suas realidades. Na prática clínica, percebemos que é comum as mulheres chegarem ao consultório relatando que fazem uso de anticonceptivos que foram indicados pela amiga ou que não tenham sido prescritos por um especialista. O problema é que usar um método anticonceptivo não adequado pode dificultar a adesão ao tratamento e, consequentemente, aumentar a chance de gravidez não programada, além de causar danos à saúde, como trombose, distúrbios menstruais e aumento da pressão. Para evitar as duas situações, é preciso que as mulheres conheçam o funcionamento do próprio corpo e saibam que, hoje em dia, existem vários tipos de métodos anticonceptivos, que atendem a diferentes perfis das mulheres.
Para que isso aconteça, é fundamental que o médico aconselhe a paciente e a informe sobre todas as opções disponíveis, incluindo mecanismo de ação, eficácia, periodicidade e efeitos colaterais, para que, juntos, possam escolher o melhor anticoncepcional de forma personalizada. Na hora da consulta, o médico deve fazer algumas perguntas fundamentais para determinar o melhor método, levando em conta a condição de saúde da paciente, seus hábitos e seu estilo de vida. Entre elas estão: você se esquece de tomar a pílula? Você tem sangramento de escape ao longo do ciclo menstrual? Você é fumante, hipertensa, diabética, sofre de enxaqueca ou teve câncer? Você acha o seu método cômodo? No mercado há opções de métodos hormonais, que se encaixam em diferentes perfis de mulheres. Entre eles estão a pílula oral diária (combinada ou só com progestagênio), o adesivo dérmico semanal, o anel e a injeção mensais, a injeção trimestral, o implante subdérmico e o DIU de progestagênio.
O aconselhamento é um elemento essencial para a qualidade de atenção no planejamento familiar, que pode ser programado até mesmo durante uma gravidez, garantindo que o intervalo entre os partos e o número de filhos possa ser adequado para cada mulher. A recomendação de um contraceptivo muda até mesmo de acordo com os hábitos e a fase da vida, é preciso levar em consideração alguns fatores como a idade, nível sociocultural, doenças crônicas, efeitos colaterais e disponibilidade de informações. A maternidade é uma dádiva, mas também uma escolha pessoal, por isso ter a chance de programar o momento certo da gravidez é de grande relevância. Desvincular o prazer que o ato sexual nos proporciona dos objetivos reprodutivos é vital para que a sexualidade possa ser desfrutada de forma intensa e com responsabilidade.
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