Movimento ‘Mães de Mortos Vivos’ é lançado


drogas1-300x263“Eu já tentei internar meu filho voluntariamente várias vezes, mas não consegui vaga. Fico pensando que, se não tive sucesso com o consentimento dele, imagina de forma involuntária?
Por: NATÁLIA OLIVEIRA

FOTO: DOUGLAS MAGNO
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Maria aposta na internet como forma de divulgação
Se sentindo desamparada pelo poder público para tratar do filho usuário de crack há oito anos, a modelista Maria da Conceição Assis Lacerda, de 59 anos, criou ontem um grupo para auxiliar mães de viciados em drogas e pedir a internação involuntária dos que usam crack. Apesar de Minas ter decidido, em maio deste ano, adotar o mecanismo, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) nunca divulgou a possibilidade de que a internação seja feita. Anteontem, o Estado de São Paulo também anunciou que irá fazer as internações involuntárias.
“Eu já tentei internar meu filho voluntariamente várias vezes, mas não consegui vaga. Fico pensando que, se não tive sucesso com o consentimento dele, imagina de forma involuntária? Minas tem essa regra, mas não cumpre. Estou criando o grupo para lutar por essas internações, pois os usuários de crack, principalmente, precisam de tratamento”, disse. O movimento ganhou o nome de “Mães de Mortos Vivos”. O nome foi escolhido porque Maria da Conceição acredita que os usuários de drogas estão perdendo suas vidas para os entorpecentes.
Minas tem cerca de 340 mil usuários de drogas. Dados da Subsecretaria de Políticas sobre Drogas de Minas mostram que os serviços de acolhimento médico do Estado atenderam a 3.000 dependentes e acompanharam 200 internações compulsórias – quando há determinação da Justiça.
A Seds informou ontem, por meio de nota, que acompanha atualmente 345 casos de internação involuntária em Minas. A coordenadora do projeto Mães de Minas contra o Crack, Dalvineide Almeida Santos, disse que ainda não teve informações sobre nenhuma internação involuntária em Minas.
“Quando o usuário traz conflitos para ele mesmo e para a família, ele deve ser internado mesmo contra a sua vontade. Temos relatos de mães que têm medo dos filhos usuários de drogas, mas o problema é que não fazem nem as internações voluntárias e compulsórias”, disse.
Cobrança
Assim como faz o projeto Mães de Minas contra o Crack, Maria da Conceição disse que vai cobrar do Estado aumento das internações e maior atenção aos dependentes químicos. “Todo dia, meu filho desaparece. Por mais que doa, eu fico sempre esperando a notícia da morte dele. Eu não tenho mais celular, porque ele pega e vende”, disse ela.
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