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Mapa 2.0
Cartografia colaborativa muda a forma de pensar e viver as cidades. Projeto aproxima público mineiro da arte do grafite
Por: Shirley Pacelli
Plataforma desenvolvida pelos estudantes Matheus Couto e Júlia Amaral mapeia pinturas nos muros da capital, como o Juan do grafiteiro Nilo Zack, na Rua Espírito Santo com Guajajaras
O Bolinho agora é hi-tech, vive por aí atualizando Facebook e ligando para a turma com seu iPhone. O Juan, sobrinho de Nilo Zack, cresceu e cismou de fazer cara de bravo para quem o observa – sempre pintado de palhaço. Quem para na esquina da Avenida Amazonas com a Rua da Bahia, no Centro, vê que a família do Dequete está maior. Tudo isso pode ser percebido e apreciado nos muros espalhados por Belo Horizonte: uma espécie de galeria de arte a céu aberto. Como no universo dos grafites a efemeridade é característica principal, surgiu a ideia do Olhesse muro (facebook.com/OlhesseMuro), registro de intervenções urbanas na capital. Por meio da colaboração popular, o projeto está catalogando os trabalhos e alimentando um mapa 2.0 do grafite mineiro.
A iniciativa é de dois estudantes de jornalismo apaixonados por arte urbana: Matheus Luiz Couto Alves, de 21 anos, e Júlia Amaral. Quem vê o nome do projeto logo lembra do Olhe os muros (olheosmuros.tumblr.com), projeto similar realizado em São Paulo. Matheus explica que descobriram o “primo” paulista depois que criaram a própria página. “Escolhemos esse nome para brincar com a forma mineira de falar” – no melhor estilo “cê sa se es ons pas na savassi?” .
O projeto tem página no Facebook (674 curtidas), um tumblr (100 seguidores) e presença no Google Maps. A cada semana, o Olhesse muro recebe de três a quatro contribuições. Já são 308 obras (por que não chamá-las assim?) registradas no mapa. O conteúdo traz foto do muro, nome do artista e site, além do endereço. A ideia da dupla é fazer um roteiro turístico de grafite na cidade, assim como já existe oficialmente em São Paulo. Várias agências de turismo oferecem o pacote, inclusive.
A dificuldade, segundo Alves, é que em terras paulistas há pontos de concentração do grafite, como o Beco do Batman, no Bairro Vila Madalena. Já em Belo Horizonte, eles são mais distribuídos, ainda que com maior incidência no Bairro Santa Tereza, Região Leste. “Por meio dessa iniciativa é possível acompanhar a história e evolução dos artistas mineiros. Além disso, você aproxima os grafiteiros ao público”, destaca Alves. Além do registro dos grafites, o projeto divulga notícias de diferentes iniciativas de ocupação da rua, como o Duelo de MCs, a Praia da Estação e o Sarau Vira-lata. O próximo passo do Olhesse muro será a publicação de vídeos de entrevistas com os artistas.
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