Um caminheiro gaúcho se entrega às autoridades para ser detido pois não consegue controlar o vício. Uma mãe mata o filho viciado antes que esse a assassinasse e ao seu marido. Um jovem troca uma moto por 53 pedras, que são consumidas em menos de cinco horas. Todos esses fatos, e tantos outros que seria literalmente impossível descrevê-los nesse meio, são retratos de uma luta diária contra a droga mais devastadora que já foi criada: o crack. O crack é um subproduto do refino da cocaína que, após receber bicarbonato de sódio, chega às ruas na forma de uma pedra amarela que deve ser fumada. O efeito é imediato: em 12 segundos, ele chega ao cérebro dando a tão procurada sensação de euforia que vai persistir por 5 a 10 minutos. Detalhe, essa droga pode viciar desde a primeira vez que a pessoa usa. Os efeitos no organismo são: Vencer o vício não é fácil. Muito pelo contrário, justamente por não existirem remédios ou tratamentos para o crack, 90% dos usuários recaem no uso da droga. Atualmente, o método dos 12 passos, criado nos Estados Unidos para tratamento de alcóolatras, é o que melhor se adapta aos viciados. O crack bloqueia a absorção natural da dopamina (neurotransmissor que emite a sensação de prazer). Como ela é o principal regulador do sistema de prazer e recompensa, o crack vicia rapidamente. Com o tempo de uso, como muita dopamina é colocada à disposição, suas reservas vão se esgotando. O cérebro se torna menos sensível à droga e a sensação de prazer é substituída por alucinações. Outra consequência é que o usuário passa a não sentir prazer por outros aspectos da vida, como comida e sexo. Numa comparação simples, é como um elástico que, esticado além do limite, não volta mais ao normal. Essa falta de sensibilidade do sistema de recompensa gera uma insatisfação em relação à vida, distúrbio conhecido como anedonia. Na memória, sobra apenas a sensação de prazer gerada pela droga. Sem sentir prazer por nada, o usuário passa a viver em função da droga, ou fica mais propenso a recair no vício. Além de tudo isso, ainda existe o estigma social gerado pela droga, pois ela não vê cara, sexo, posição social cor. Os viciados vão desde as camadas mais baixas do extrato social até os mais abastados. Talvez o grande problema tenha sido a desinformação sobre o tema. Quando a sociedade acordou para os problemas gerados pelo crack, ela já havia se espalhado tal qual epidemia dentro da nossa sociedade, se entranhando não apenas nas regiões marginais, mas também nas famílias, nas escolas, nas universidades e nos mais diversos setores. Tomar uma atitude contra o crack é mais do que tratar uma necessidade: é um dever dos cidadãos. por Rafael Limberger |
Um blog para discussão de temas pertinentes a Cena do Hip Hop em toda a sua abrangência como forma de Cultura e instrumento de luta e afirmação.
O peso do crack na sociedade
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