Carolina Cotta
Aluna de tempo integral na Escola Municipal Maria das Neves, em BH, Júlia tem aulas regulares em parte do dia e, na outra, participa de aulas de grafite |
Júlia Ribeiro Caetano mal sabia o que era grafite até chegar à sua nova escola e descobrir que essa seria uma das suas atividades. Curiosa, ouviu a explicação do professor, o grafiteiro Ronald, e hoje repete para quem pergunta a ela sobre o assunto: “O grafite é um desenho e não uma pichação”. Por usar o mesmo material dos pichadores, os sprays de tinta, esse tipo de arte urbana foi muitas vezes discriminada, mas aos poucos vem ganhando mais espaço e novos talentos. Julinha, de 10 anos, definitivamente é um deles.
Na Escola Municipal Maria das Neves, no Bairro São Lucas, entre as regiões Centro-Sul e Leste de Belo Horizonte, ela faz aulas três vezes por semana, há cerca de um ano. Com os colegas da escola integrada – projeto da rede municipal de ensino no qual os estudantes passam a manhã e a tarde na unidade escolar, sendo um turno para atividades regulares e o outro para ações extraclasse –, Júlia assina a arte na escadaria do colégio, onde escreveu a palavra união. Pelos postes, também é possível ver as borboletas que desenhou para alegrar a escola. “Os pichadores fazem coisas feias no muro. Aí, nós, grafiteiros, vamos lá e cobrimos com desenhos bonitos.”
A criação começa por um tema escolhido pelo professor. As crianças, então, fazem um desenho de leve em folha branca, para ter uma ideia de como vai ficar. Se estiver bom, já podem partir para os sprays e soltar a criatividade em muros, postes, escadas, todas as superfícies que estiverem precisando de uma melhorada no visual. Pequenininha, a única dificuldade de Júlia é ter força suficiente. “É duro para mim, já que sou fraquinha. Então uso os dois dedinhos para apertar o spray e poder desenhar. Adoro cobrir o feio com coisas bonitas.”
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