Governo lança Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra.
‘Existe tendência de associar o negro ao bandido’, diz ministra da Igualdade.
O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da República, e a ministra Luiza Bairros, da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, disseram que a Polícia Civil e Militar precisam mudar o padrão de abordagem aos jovens negros.
Os ministros participaram do programa “Bom Dia Ministro”, da TV estatal NBR, para falar sobre a primeira etapa do Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra, que será lançado em Alagoas. O objetivo do plano é reduzir o índice de homicídios de negros no país.
“A forma de a polícia abordar o homem branco e negro é diferenciada. É preciso que haja uma reeducação da Polícia Militar e Polícia Civil para mudar o padrão de abordagem, que já chega suspeitando que o negro é bandido”, disse Carvalho.
Segundo a ministra Luiza Bairros, um dos eixos do programa é a capacitação de profissionais que lidam com jovens, especialmente policiais.
“O que tem que fazer é um trabalho na linha do racismo institucional, verificar como determinados estereótipos e preconceitos racistas acabam determinando a forma como eles abordam diferentes tipos de população, e no caso da juventude negra, existe sempre uma tendência de associar o jovem negro ao bandido, ao criminoso”, disse a ministra.
A ministra frisou a importância também de não criminalizar expressões culturais de jovens negros como funk, reggae, e hip hop.
Juventude Viva
A primeira etapa do Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra, intitulado “Juventude Viva” será implementada em Maceió por ocupar o primeiro lugar entre os 132 municípios que concentram mais de 70% dos homicídios registrados no país. O projeto será gradativamente estendido a outros estados.
Voltado para jovens de 15 a 29 anos em bairros onde há predominância de negros, o programa será um trabalho conjunto entre os Ministérios da Cultura, Educação, Saúde, Trabalho e Esporte. “Tudo será ancorado em um processo de mobilização das redes de juventude onde se privilegia o protagonismo juvenil”, disse a ministra.
Dados do Ministério da Saúde revelam que 53% dos homicídios registrados no Brasil atingem jovens, das quais mais de 75% são negros, do sexo masculino e de baixa escolaridade. O número de homicídios que atinge jovens brancos caíram de 9.248, em 2000, para 7.065 em 2010. Já os homicídios que atingem jovens negros cresceu de 14.055 para 19.255 mesmo período.
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