APRESENTAÇÃO:
A família, solidamente estruturada, medeia todas as relações sociais. A sua função essencial não se esgota na obra procriativa educativa. Ela é a protagonista indispensável para que aconteçam mudanças de mentalidade em nosso mundo.
É no amor familiar, em geral, que são moldadas pessoas felizes, sadias, portadoras de paz, cheias de vida, de respeito,de doação, enfim os verdadeiros apóstolos do bem.
A família é a primeira instituição na qual o indivíduo pertence e, por isso, cabe a ela cuidar a zelar pela saúde e integridade de seus membros, principalmente das crianças.
Hoje em dia, a concepção de família tem sofrido alterações na sua estrutura, a começar pelas figuras do pai, da mãe e dos filhos. Muitas vezes, os pais têm sido substituídos por tios, avós, etc. É importante, no entanto, salientar que as figuras parentais (pai e mãe), apesar de todas as modernidades, continua sendo a base fundamental para a identificação da criança.
Por isso, é de vital importância, que esta instituição se mantenha em equilíbrio.
Histórico de Família
A estrutura da família nuclear, isto é, o núcleo formado pelo casal e seus filhos, morando num local próprio tal como conhecemos nos dias de hoje, é uma estrutura relativamente recente porque esta formação só se deu a partir do século XVIII. Até esta data as relações familiares eram outras. O casamento, por exemplo, era um contrato, não firmado pelas partes interessadas. A criança era mal amada, praticamente ignorada pela sociedade pré-industrial e morria mais facilmente do que os adultos.
Nessa época, o papel da família, esta não tinha um valor suficientemente forte. Não havia a noção de diferença entre criança e adulto.
As crianças pequenas não eram amamentadas, pois amamentar era considerado nocivo à saúde e ao equilíbrio da mãe. Além disso, amamentar não era considerado uma tarefa nobre.
Os maridos, por exemplo, achavam que o esperma prejudicava o leite, interferindo nas relações conjugais; em razão disso, o bebê era visto como um grande aborrecimento em todas as classes sociais.
O século XVII marcou o início de mudanças profundas. O nascimento da família moderna corresponde ao nascimento da escola, à preocupação com a educação, com o intuito de isolar a juventude do mundo promíscuo dos adultos.
Com o surgimento da escola ocorreu o desenvolvimento de uma relação afetiva nova, com maior intimidade entre os pais e filhos. A família deixou de ser casa para ser afeição.
A função da família
Os propósitos sociais da família são:
- Responder às necessidades de comida, abrigo e outras tarefas que possibilitem a sobrevivência e a proteção;
- Garantir um aconchego social;
- Garantir a oportunidade do desenvolvimento de identidade pessoal;
- Definir os papéis sexuais;
- Integrar os membros nos diversos papéis sociais e aceitação das responsabilidades sociais.
Assim, as funções primordiais da família são as de assegurar a sobrevivência física de seus membros, a socialização das crianças, possibilitando o desenvolvimento de identidades definidas.
É função da família proteger a criança do mundo exterior e preparar a sua entrada neste mundo. A família é a base de tudo.
Família - Base de tudo
Os mandamentos para os pais entenderem esta tão complicada relação são:
- Esquecer os ´pré-conceitos, pois eles tiram o sabor da vida.
- Exagerar nas relações amorosas, pois elas constroem e levam a atingir os objetivos.
- Dar limites sempre que sentirem necessidade. O NÃO é bom quando o SIM parece duvidoso.
- Usar elogios
- Incentivar a busca da felicidade na cumplicidade do cotidiano
- Cultivar a solidariedade e a compaixão
Nesse processo, a escola é de fundamental importância como aliada da família. A escola e a família passam a ser o centro gravitacional de todas as idéias, os assuntos e as questões de cidadania.
Família - Principal Formadora de Identidade
A família é, então, a matriz da identidade humana. Ter identidade é pertencer, fazer parte de alguma coisa. A família é o laboratório onde se dá o processo de socialização.
Cada família desenvolve sua própria forma de ser família, ou seja, sua própria estrutura de poder, sua forma de responder às necessidades afetivas de seus membros. Essa forma peculiar de ser de cada família recebe o nome de INTERAÇÃO. Essa interação é baseada nos laços, limites e papéis dentro da dinâmica familiar.
A sensação de "pertencer" vem com a acomodação da criança ao grupo familiar, através da assimilação dos padrões de interação da estrutura familiar. A identidade de cada membro é influenciada pelo fato de pertencer a uma família específica.
O Ciclo da Vida da Família
O ciclo da vida da família é um processo complexo que envolve três ou quatro gerações movendo-se juntas no tempo. Apesar dos padrões atuais de família nucleares morando em casas separadas, as famílias são subsistemas que reagem a relacionamentos contextuais passados, presentes e, por ventura, futuros.
A família vive sob um fluxo de ansiedade que se divide em vertical e horizontal. O fluxo vertical inclui padrões de relacionamento e funcionamento que são transmitidos através das gerações e contêm atitudes, tabus, expectativas, dogmas e é carregado de temas com os quais as pessoas crescem. O fluxo vertical inclui ansiedade provocada pelos estresses na família ao longo da passagem do tempo, tendo de lidar com as mudanças e transcrições do ciclo de vida.
O fluxo horizontal inclui a ansiedade provocada pelas mudanças e transcrições do ciclo da vida e contém tanto os estresses previsíveis do desenvolvimento quanto os eventos que podem dilacerar o processo do ciclo da vida, tais como doenças crônicas, o nascimento de uma criança deficiente, etc.
O ponto de convergência entre os eixos vertical e horizontal é o fator chave que determina o modo como a família lidará com suas mudanças ao longo da vida.
O Impacto sobre a Família
Além dos processos vertical e horizontal, a família também vivencia o impacto das forças sociais, econômicas e políticas da sociedade, pois esses fatores causam estresses na família que se orienta neste lugar e neste tempo da história.
O modelo apresentado aqui considera o movimento de todo um sistema de três a quatro gerações no seu percurso pelo tempo. Como é um sistema em movimento, a família tem propriedades que difere de todos os outros sistemas. Por exemplo, só pode incorporar novos membros por nascimento, adoção ou casamento e os membros só podem sair através da morte.
Os Estágios da Vida Familiar
- A vida familiar começa no estágio do jovem adulto. A tarefa principal desta fase é a necessidade de separação e diferenciação da família de origem sem rompimentos ou conflitos. O sucesso ou o fracasso desta fase influencia profundamente com quem, quando e como o jovem adulto se casa e cumpre todos os outros estágios da vida familiar.
- O segundo estágio é o casal recém-formado e é uma das fases mais complexas do ciclo, pois exige a renegociação de uma série de questões pessoais definidas pelas famílias de origem.
- O terceiro estágio é a família com filhos pequenos que exige que os adultos se transformem em responsáveis por um outro ser. O desafio é manter a intimidade do casal e, ao mesmo tempo, abrir espaço para as crianças.
- O quarto estágio é quando os filhos chegam à adolescência pois levam os pais à necessidade de uma redefinição das relações familiares. Eles devem estabelecer novas fronteiras que devem ser suficientemente flexíveis para permitir que o adolescente saia para experimentar novas vivências e situações e um maior grau de independência e, possa voltar a ser dependente quando sentir que não consegue resolver os problemas sozinhos. A família deve se adaptar a um novo sistema de valores com a entrada do amigos dos filhos e de novas idéias.
- O quinto estágio é a saída dos filhos de casa (ninho vazio). Começa com a saída das crianças maiores e continua com a entrada dos cônjuges e filhos. Coincide também com a aposentadoria, a doença e a morte dos familiares. Requer uma completa renegociação do casamento, agora que as funções parentais não são mais necessárias.
- O sexto estágio corresponde à família mais velha que enfrenta mudanças importantes e, muitas vezes, dolorosas, como a perda de autonomia e a perda dos cônjuges.
Este desenvolvimento é o que podemos chamar de clássico.
Variações na Estrutura Familiar
Existem, na realidade, muitas variações como o divórcio, o recasamento, etc. O divórcio é considerado uma interrupção do ciclo de vida tradicional que produz desequilíbrio profundo associado a mudanças, ganhos e perdas de membros familiares, exigindo negociações para a estabilização familiar.
Conclusão
A família representa o embrião da relação entre as PESSOAS. Através dela aprendemos a conviver, a dividir, a estabelecer os nossos limites. É onde nos sentimos seguros e protegidos e aprenderemos a desenvolver nosso instinto de relacionamento com nossos semelhantes. Os valores das famílias podem ser diferenciados de acordo com critérios que variam de geração em geração, havendo uma constante evolução alimentada pelas culturas, religiões e condições sócio-econômicas.
LIMITES
Apresentação
Este é o tema mais importante e fundamental dentro do processo educacional, na vida dos seres humanos e, sobretudo, na educação infantil, pois implica na consideração de vários fatores envolvidos.
No passado, a forma de Educar era autoritária. Dizia-se que a criança não sabia nada e que os adultos tinham que ensinar, corrigir, dar castigo e bater. Hoje, a forma de Educar mudou; a criança é mais respeitada em sua individualidade e em suas necessidades.
Com essas mudanças nas relações com a criança, muitos pais estão tendo sérias dificuldades para dar limites, em quando saber dizer SIM e quando dizer NÃO, sem "traumatizar" e com a preocupação de criar futuros cidadãos de bem, ajustados à sociedade.
É preciso refletir sobre os motivos que as crianças têm para serem malcriadas, birrentas, brigonas e autoritárias desde pequenas.
Frustação
Esse sentimento evidencia-se nas situações onde a realidade se apresenta impondo restrições e normas, onde a criança vivencia dor, raiva, contrariedade e ódio.
Isso é freqüente quando se percebe que seu desejo é ilimitado e não se consegue levar em conta os aspectos da realidade. O desejo é ilimitado, desmedido, acompanhado de fantasia de que tudo pode e tudo quer. A criança crê, de fato, que é toda poderosa.
Só com o desenvolvimento e com a ajuda do adulto é que a criança pode ir aprendendo a controlar suas vontades, a trocar uma coisa pela outra, a aceitar que existe uma hora para cada atividade e que mesmo que algo seja prazeroso, pode ser substituído por outra coisa. Este é um processo lento, trabalhoso, pois implica em renúncias. Não é fácil para a criança e nem para o adulto.
Quando a criança é "contrariada", ou melhor, frustrada,há um aumento de tensão. Se a criança está com raiva do amigo, por exemplo, vai lá e empurra, chuta, bate ou morde. É desse modo que se vê temporariamente livre desconforto desse assunto de tensão interna, através da descarga motora e corporal.
É muito importante para os pais acreditarem que dar limites aos filhos desde pequenos é ensiná-los a compreender que as outras pessoas também devem ser respeitadas. Para isso é preciso que a criança entenda que pode fazer muitas coisas, mas nem tudo e nem sempre.
Responda Sim ou Não
- Seu filho pode morder e arrancar o cabelo dos outros só porque pegaram seu brinquedo favorito?
- Pode entupir o vaso sanitário de casa ou da escola com papel higiênico?
- Pode bater na cara dos coleguinhas, dos adultos, das professoras?
- Pode jogar uma cadeira ou mesa no chão só para ver o que acontece?
- Pode riscar as paredes de casa ou da escola?
- Pode dirigir após beber cerveja?
- Pode pegar a mochila nova do colega e levar para casa?
- Pode dar uma facada no(a) namorado(a) que terminou o relacionamento?
- Pode jogar álcool no mendigo e atear fogo só de brincadeira?
Se você concorda que todas as respostas devem ser NÃO, você concorda que dar limites é necessário e primordial.
O que pode acontecer com a criança quando não se dá limites
A criança que não aprende a ter limites para o seu querer, para seus desejos e vontades, que tudo quer e tudo pode, provavelmente desenvolve dificuldades que podem ir se agravando passo a passo.
Descontrole emocional, histeria, ataques de raiva
A criança é hedonista e egocêntrica. Além dessas características, elas não tem noção de valores, ou seja, não sabe o que é certo ou errado. Espera-se que os pais se encarreguem de ir mostrando aos filhos o que podem e o que não podem fazer na vida em sociedade, pois quem não segue as normas sociais pode sofrer sanções. É tarefa dos pais ir estabelecendo os limites concordando e incentivando as atitudes positivas e ir criticando as negativas. Quando os pais deixam de exercer essa atividade importantíssima, o que ocorre? A criança começa a apresentar dificuldades em aceitar qualquer tipo de limites a seus desejos e quando se encontra diante dessas frustrações apresenta histeria, ataque de raiva e descontrole emocional. Mais tarde, quando se distancia dos pais é obrigada a compreender, de uma forma por vezes dolorosa, por intermédio de estranhos, que incomodados pela ausência desses limites, os demonstram sem o mesmo afeto dos pais.
Dificuldade crescente de aceitação de limites
Sem orientação e sempre sendo atendida quando grita, bate, quebra coisas, esperneia ou xinga, a criança adota essa conduta como forma de "comunicação" e como forma de controlar o mundo e as pessoas. Ela passa a não respeitar mais as figuras de autoridade como adultos, professore, etc., ou seja, qualquer pessoa que venha a propor limites para essa criança.
Distúrbios de conduta, desrespeito aos pais, colegas e autoridades, incapacidade de concentração, dificuldade de concluir tarefas, excitabilidade, baixo rendimento.
Como criança foi sempre atendida em tudo e em todos os desejos, foi crescendo e se distanciando da realidade. Vê o mundo como seu escravo onde todos só existem para satisfazer suas necessidades. Os pais não têm mais autoridade sobre elas.
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