Mídia contra cotas: a cruzada covarde de Demétrio Magnoli


No domingo, foi no programa Canal Livre, da TV Bandeirantes; no dia 29 de agosto, no programa do Jô Soares. Em cerca de uma semana, o sociólogo e geógrafo Demétrio Magnoli apareceu nos dois programas fazendo sua cruzada inglória contra o Estatuto da Igualdade Racial, aprovado no mês passado pela Câmara dos Deputados.

Por Eduardo Guimarães, no blog Cidadania.com

Magnoli, na verdade, concentra-se nas cotas para negros e indígenas nas universidades. É o “golden boy” da mídia nessa questão. Recebe um espaço infinito para mentir, distorcer, omitir, tudo de forma a literalmente criminalizar essa modalidade de política afirmativa.

Ele chega a comparar uma política que permite a jovens pobres e negros cursarem universidades a políticas nazistas de extermínio racial. Mente sobre as estatísticas ao omitir que elas mostram que os negros são anomalamente alijados do ensino universitário. E faz de conta que não existe uma geração de dezenas de milhões de jovens pobres e negros — ou indígenas — que não terá chance de concluir seus estudos se não for através de cotas.

Não entrarei no debate das cotas. Não é disso que trata este texto. Trata-se da aberração que é um programa que se autoproclama Canal “Livre” colocar quatro brancos, maduros, caucasianos, com nomes europeus e de classe média alta para atacarem uma política social que beneficia jovens negros e pobres. Ou o rotundo comediante global, portador das mesmas características étnico-sociais, para fazer o mesmo.

E isso em um momento no qual o Congresso discute o Estatuto atacado pelo “golden boy” anticotas da mídia, que agora tem a desculpa de um livro seu atacando, claro, as cotas para tagarelar falácias sem contestação em programas com entrevistadores concordantes.

E, se querem saber, preferi ver Magnoli verter sua empulhação purulenta no Jô Soares a vê-lo nessa atuação no tal Canal “Livre”.

No programa do Gordo, pelo menos foi monólogo mesmo, claramente. Já no programa da emissora da família Saad, numa tentativa canhestra de mostrar que havia algum debate ali, colocaram no ar negros defensores das cotas fazendo “perguntas” a Magnoli em participações gravadas.

Enquanto isso, o sujeito respondia ao vivo, obviamente falando qualquer mentira ou deturpação sem ninguém ter como contestá-lo, pois os entrevistadores só faziam adiantar a bola para ele chutar.

Estando em votação no Congresso o Estatuto da Igualdade Racial, julgo ilegal usarem concessões públicas para dar esse espaço desproporcional a um dos lados. Se esses programas não derem espaço a um defensor das cotas brevemente, proporei ao MSM (Movimento dos Sem-Mídia) irmos à Justiça contra esse uso ilegal de concessões públicas.

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