Edson Lopes Cardoso edsoncardoso@irohin.org.br |
É de se supor que a esta altura o recurso apresentado pelo deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP), forçando a apreciação do Estatuto pelo plenário da Câmara esteja completamente esvaziado. Não que isso fosse alterar nada, mas serviria para aprofundar o buraco em que se meteu a chamada “bancada negra” e isso não seria nada desprezível. Chega de empulhação.
Um “movimento”, segundo O Globo (edição de 3 de outubro de 2009, p. 14), que une opositores e defensores das cotas, esteve encarregado de convencer parlamentares que assinaram o requerimento a desistirem da idéia de levar o projeto a plenário.
Isabel Braga, a jornalista que assina a reportagem de O Globo, refere-se assim ao Estatuto: “um acordo acabou desidratando o texto e retirando propostas polêmicas, como a cota para negros nas universidades e a delimitação das terras dos quilombolas”.
O leitor atento percebe de imediato o silêncio da repórter sobre cotas nos meios de comunicação, capítulo do Estatuto a que os patrões de Isabel resistiram com todo seu poder, comandando a pressão nos bastidores.
O relator do Estatuto, deputado Antônio Roberto (PV-MG), era, desde sempre, missa encomendada pela Abert – Associação Brasileira de Rádio e Televisão. Segundo o ilustre deputado mineiro, homem de poucas e brevíssimas palavras, “a criação de reserva de emprego para negros na TV e na publicidade é inviável” (O Globo, 21 de maio de 2009). Ele quis dizer que a TV Globo não autorizava, e, se ela não autorizava, o capítulo que tratava dos meios de comunicação era inexeqüível.
Mas voltemos ao texto da reportagem de Isabel Braga. Ela escreveu, marota, que o acordo desidratou o texto e a seguir abre-se um intertítulo: “Santana nega que o Estatuto esteja esvaziado”. Ou seja, o deputado Carlos Santana (PT-RJ), contrariando afirmação de repórter de O Globo, nega o esvaziamento do Estatuto.
O leitor atento entendeu que Santana está fazendo papel de bobo. A repórter finge avaliar perdas e quem a contradiz é o presidente da Comissão, avalizador do acordo, um deputado negro. Livra eu, painho.
O líder do PSDB, deputado José Aníbal, participa também dos esforços do “movimento” para sustar o requerimento de seu colega de bancada. A razão alegada pelo líder do PSDB é a de que “foi feito um amplo acordo em torno do projeto”. Existe o projeto e o “em torno do projeto”, ou eu entendi mal?
E prossegue o grande líder: “Há uma convergência geral sobre o texto atual: retirou tudo de cotas. (...) O texto está bem razoável, satisfatório.”
Satisfatório quer dizer que corresponde não ao desejo ou esperança ou necessidades da população negra, mas ao que lhe deve bastar, ser suficiente para os seus limites de cidadania.
Todos se empenham agora para que o Estatuto seja sancionado no Dia 20 de Novembro, Dia Nacional da Consciência Negra. A turma alegre da Seppir gostaria que o ato solene se desse na Bahia. Luíza Bairros, que eu saiba, não é nenhuma princesa Isabel.
Um “movimento”, segundo O Globo (edição de 3 de outubro de 2009, p. 14), que une opositores e defensores das cotas, esteve encarregado de convencer parlamentares que assinaram o requerimento a desistirem da idéia de levar o projeto a plenário.
Isabel Braga, a jornalista que assina a reportagem de O Globo, refere-se assim ao Estatuto: “um acordo acabou desidratando o texto e retirando propostas polêmicas, como a cota para negros nas universidades e a delimitação das terras dos quilombolas”.
O leitor atento percebe de imediato o silêncio da repórter sobre cotas nos meios de comunicação, capítulo do Estatuto a que os patrões de Isabel resistiram com todo seu poder, comandando a pressão nos bastidores.
O relator do Estatuto, deputado Antônio Roberto (PV-MG), era, desde sempre, missa encomendada pela Abert – Associação Brasileira de Rádio e Televisão. Segundo o ilustre deputado mineiro, homem de poucas e brevíssimas palavras, “a criação de reserva de emprego para negros na TV e na publicidade é inviável” (O Globo, 21 de maio de 2009). Ele quis dizer que a TV Globo não autorizava, e, se ela não autorizava, o capítulo que tratava dos meios de comunicação era inexeqüível.
Mas voltemos ao texto da reportagem de Isabel Braga. Ela escreveu, marota, que o acordo desidratou o texto e a seguir abre-se um intertítulo: “Santana nega que o Estatuto esteja esvaziado”. Ou seja, o deputado Carlos Santana (PT-RJ), contrariando afirmação de repórter de O Globo, nega o esvaziamento do Estatuto.
O leitor atento entendeu que Santana está fazendo papel de bobo. A repórter finge avaliar perdas e quem a contradiz é o presidente da Comissão, avalizador do acordo, um deputado negro. Livra eu, painho.
O líder do PSDB, deputado José Aníbal, participa também dos esforços do “movimento” para sustar o requerimento de seu colega de bancada. A razão alegada pelo líder do PSDB é a de que “foi feito um amplo acordo em torno do projeto”. Existe o projeto e o “em torno do projeto”, ou eu entendi mal?
E prossegue o grande líder: “Há uma convergência geral sobre o texto atual: retirou tudo de cotas. (...) O texto está bem razoável, satisfatório.”
Satisfatório quer dizer que corresponde não ao desejo ou esperança ou necessidades da população negra, mas ao que lhe deve bastar, ser suficiente para os seus limites de cidadania.
Todos se empenham agora para que o Estatuto seja sancionado no Dia 20 de Novembro, Dia Nacional da Consciência Negra. A turma alegre da Seppir gostaria que o ato solene se desse na Bahia. Luíza Bairros, que eu saiba, não é nenhuma princesa Isabel.
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