Thiago Ventura / Portal Uai / DA Press
Pout-pourri. Comum principalmente na música popular, e também conhecido por medley, este termo é usado quando um artista emenda apenas trechos de músicas em uma única sequência. O termo também pode ser usado para resumir a apresentação do rapper 50 Cent em Belo Horizonte, no dia 16 de julho, que foi rápida, confusa e embolada.
Eram 22h50 quando 50 Cent subiu ao palco, acompanhado de dois backing vocals e um DJ. Enquanto as pessoas da pista normal se espremiam na grade para tentar ver mais de perto o cantor, um imenso espaço na pista vip deixava claro que é necessário repensar a divisão deste tipo de evento.
Mesmo com a separação, o público no Mineirinho estava diversificado e representou o encontro do pessoal do hip-hop da quadra do Vilarinho, de roupas largas, espalhafatosas e bonés de aba reta com as patricinhas de salto alto que se balançam ao som de rappers americanos na boate NaSala, o que mostra que o rap já foi assimilado pela indústria cultural e não está mais preso à um nicho.
O rapper não é exatamente um exemplo de carisma e conversou pouco com a plateia. Ao invés de falar, ele preferia jogar peças de roupa como bonés, jaquetas e toalhas, que eram disputadas à tapa na pista. Os objetos arremessados eram retribuidos com outros bonés, camisas e bandeiras do Brasil. Sua maior interação foi quando uma fã na primeira fila tirou o sutiã para jogar no palco. O rapper viu, parou o show e agachou até ela, para ter certeza de que pegaria o precioso troféu, que prendeu na calça e não largou mais.
Apesar disto, era vísivel a alegria de 50 Cent, que sorria o tempo inteiro e apontava para os fãs que se apertavam na frente do palco. O rapper mostrou que tem seus fãs na palma da mão, com cada movimento de seu braço imediatamente acompanhado pela plateia e cada deixa para o público cantar, respondida.
Porém, a falta de conversa com o público prejudicou também o entendimento do show. 50 Cent emendava uma música na outra, sem pausas. Sucessos como Pimp, Candy shop e In da club ficaram perdidos em meio à sequência e muitas vezes não se percebia que uma nova música havia começado. O público não se importava e cantou em uníssono, quando reconheceu, os hits do rapper.
Além do pout-pourri escolhido para apresentar as músicas, colaborou para criar uma massa sonora a notória e péssima acústica do Mineirinho. A impressão era de estar em uma obra. Não o inferninho, mas uma construção mesmo, com um barulho incompreensível e ensurdecedor e com o cantor se esforçando para ser ouvido em meio a isto tudo.
As pessoas pareciam ignorar a lei antifumo estadual, que proíbe o uso de cigarros em locais fechados de uso coletivo e fumavam livremente. Perguntado sobre a situação, um segurança disse que não havia nenhuma ordem específica sobre o assunto e, num rompante de sinceridade, especulou que "se bobear, tão fumando é coisa até pior".
Como uma deixa, no palco 50 Cent sai para trocar o figurino e deixa o comando com os cantores que o acompanham, que perguntam para a plateia quem fuma maconha, e emendam um trecho de uma música do Bob Marley com outra, cuja criativa letra dizia apenas "smoke weed" (fume maconha, em tradução livre).
Exatamente 1h10 e 33 músicas depois, 50 Cent agradeçe e sai do palco. A plateia fica esperando pelo bis, que não acontece. Fim de papo no Mineirinho de um show, que apesar de confuso e curto, deixou muita gente satisfeita na plateia apenas pela oportunidade de ver de perto o cantor e mesmo com todos os problemas, fica a expectativa de um retorno, para um apresentação mais coesa e em um lugar com o som melhor.
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