Em dois anos, da maconha para a pedra


Fabiane Ziolla Menezes

Daniel*, que ficou internado durante poucas semanas na unidade masculina da Casa de Recuperação Água da Vida (Cravi), em Almirante Ta­man­daré, na região metropolitana de Curitiba, nem parece ter 15 anos. Começou a usar maconha aos 7 anos e crack aos 9. De estatura baixa e mãos pequenas, o menino de feições bonitas tem lembranças confusas. Fala ter repetido a 3.ª série “sete vezes”, como se fosse possível. Diz que experimentou o crack duas ou três vezes, mas, felizmente, não gostou. “Me deu dor de cabeça”. Não conta muito da família. Morava com a tia antes de ir para a comunidade terapêutica. Não vê a mãe, que também era usuária de maconha e crack, nem os irmãos, mas a tia o informa sobre todos. Segundo as psicólogas, a tia se culpa por ter trocado de turno no trabalho e deixado o menino mais tempo sozinho. Teria sido depois dessa troca que ele passou a ficar mais tempo na rua e acabou entrando em contato com as drogas.

Na semana passada, perturbado por causa de uma conversa com a tia, Daniel acabou largando o tratamento e fugiu para casa. A psicóloga Caroline Fer­nanda Rocha teme que ele volte para o mesmo nível de dependência de antes.

*nomes fictícios

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