Centenário da Revolta da Chibata

Em 1910 na Marinha de Guerra Brasileira, ocorreu a incorporação dos encouraçados Minas Gerais e São Paulo e o cruzador Bahia. Além dessas poderosas máquinas, o motim do dia 22 de novembro, contou também com o blindado "Deodoro". "Esperavamos data e poderes, esperando a construção dos novos navios vindos da Europa, depois de estarmos com marinheiros de outras nações". (João Candido) Além da reclamação referente ao excesso de trabalho, foi exigido a modificação do regime de punições, o fim da chibata, e melhora nos vencimentos. "Nada foi oferecido, nós impusemos, queremos isso e tem que se decidir por isso" (João Candido) Dos mais de sessenta canhões apontados para a cidade 24 eram de maior calibre existente. "Além dos conhecimentos que já tínhamos na Marinha, ganhamos mais conhecimentos durante o tempo em que estivemos lá assistindo à construção da nova esquadra. Eu, na Marinha posso dizer, a parte de governar navio não é difícil, mas é espinhosa...". (João Candido) No Brasil os modernos navios substituíram arcaicos veleiros. A chibata como sistema disciplinar, foi abolida no século XIX nos países da Europa - na Espanha em 1823, na França em 1860, na Alemanha em 1872, na Grã-Bretanha em 1881. No Brasil o preconceito existente, e a herança recente de um longo período de escravidão, faziam daquele ato covarde uma punição normal aos olhos dos oficiais, brancos, descendentes de escravocratas. "Nós, que vínhamos da Europa, em contato com outras marinhas, não podíamos admitir que na Marinha do Brasil ainda o homem tirasse a camisa para ser chibateado por outro homem". (João Candodo) A rendição do Congresso e da imprensa, foi fruto do medo. Após a falsa anistia, juntamente com a retaliação, ocorreu a expulsão de mais de mil homens da Marinha. E nas Escolas de Aprendises, ouve "maior critério de seleção".

Fonte de Pesquisa:

MOREL, Edmar. "A Revolta da Chibata". Rio de Janeiro: Graal, 1979.

Revista de História da Biblioteca Nacional - Ano 1 - Nº 9 - Abril/2006.

Museu da Imagem e do Som. Rio de Janeiro. Entrevista com João Candido. 1968. (GRYPHUS/MIS, 1999)

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