Rap ganha mais pistas


Alberto Pereira Jr.
do Agora

Foi-se o tempo em que, para cantar, ouvir e dançar rap, os fãs do gênero rumavam só para a periferia de São Paulo. Cada vez mais, o ritmo tem invadido as pistas de endereços badalados da cidade, principalmente na região central. Locais que reúnem um público descolado e bastante variado, que, não raro, pouco tem a ver com a realidade dura de que tratam algumas das rimas desse tipo de música. Somando-se a isso, rappers novos e veteranos se arriscam a buscar outras sonoridades e formas de narrar suas histórias.


"A cultura hip hop é urbana. É natural que ela se integre cada vez mais aos padrões culturais estabelecidos e também os altere", fala KL Jay, DJ do grupo Racionais MCs. O músico, que atua na cena há mais de 20 anos, acredita que a internet teve um papel fundamental na disseminação do gênero.

Depois de apresentar, por um ano, uma noite dedicada ao rap latino, o Vegas Club lançou, na última segunda-feira, o "Flavor Mondays". O projeto, segundo DJ Cris EFX, surgiu da necessidade de agregar o crescente público que curte esse som. "Vêm surfistas, patricinhas, skatistas, roqueiros e gente do hip hop", conta. A festa "Dubplate", que toca funk, soul, rap e hip hop, completou um ano neste mês, no Saravejo Club. Com 12 anos de rap, o MC Kamau vê com bons olhos a cena que se desenvolve no centro. "Isso facilita o acesso de pessoas de todos os cantos da cidade", diz.

Leandro Roque de Oliveira, mais conhecido como o rapper Emicida, acredita que a sinceridade de seu trabalho ajude a levar sua música a diferentes públicos. "Quando a música vem do coração, ela chega às pessoas", diz ele, que em junho lançou sua mixtape, que já vendeu mais de 3.000 cópias. "Há muito o rap vem se expandindo. É sempre bom tocar para pessoas de outras tribos, elas agregam valores à nossa rima", diz o MC Sombra.

Organizador da Rinha de MCs --noite em que rappers fazem rimas de improviso--, Criolo Doido concorda. "O rap sempre foi popular e chegou a camadas que não o enxergavam." Sobre a mistura do gênero com outros ritmos, o MC Parteum lembra que isso faz parte do DNA dessa música. "O rap nasceu da mistura. Música é uma linguagem universal, não há paredes."

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