Você confia em policiais?
Você confia em policiais? Eu confio a minha própria vida.
Encontra-se policiais em todos os lugares. Independente do fato de ?nunca se encontrar nenhum quando se quer um?, eles geralmente estão por perto quando mais se precisa. A melhor maneira de conseguir um é geralmente usando o telefone.
Policiais dão palestras, fazem partos e entregam más notícias.
Exige-se que eles tenham a sabedoria de Salomão, a disposição de um cavalo corredor e músculos de aço ? muitas vezes são até acusados de terem o coração fundido no mesmo metal.
O policial é aquele que engole a saliva a grandes penas, anuncia o falecimento de um ente querido e passa o resto do dia se perguntando porque oh Deus, fui escolher este trabalho.
Na TV, o policial é alguém que não conseguiria encontrar um elefante numa geladeira. Na vida real, espera-se dele que encontre um menininho ?mais ou menos desta altura?, numa multidão de quinhentas mil pessoas e que fica se escondendo da polícia porque seus pais o ensinaram a ter medo como forma de educá-lo.
Na ficção, ele recebe ajuda de detetives particulares, repórteres e de testemunhas ?eu sei quem foi?. Na vida real, quase tudo que ele recebe do povo é ?eu não vi absolutamente nada?. Quando lhe dá uma ordem dura, para proteger sua vida, ele é grosso. Se ele te soltar com uma palavra gentil, é uma mocinha. Para as crianças, ele é um amigo, para outras, um monstro, dependendo da opinião que têm seus pais a respeito da Polícia.
Ele ?vira a noite?, dobra escalas e trabalha aos sábados, domingos e feriados; sempre o chateia muito quando um engraçadinho vem lhe dizer ?epa, este fim de semana é (Carnaval, Semana Santa, Natal, Ano Novo,.), estou à toa, vamos à praia?, estas são as épocas do ano em que eles mais trabalham.
O policial é como aquele menininho que, quando é bom, é muito, muito bom. Mas quando é mau, é abominável. Quando um policial é bom, dizem que ele ?é pago para isso?. Quando comete um erro ?é um corrupto e isso vale para todos os outros da raça dele?.
Quando atira num assaltante, é um herói, exceto quando o assaltante é ?apenas um garoto e qualquer um podia ser?.
Muitos têm casas, algumas cobertas de plantas, e quase todas cobertas de dívidas. Se ele dirigir um carro de luxo, dizem que é ladrão. Se for um carro popular, ?quem ele pensa que está enganando?? O crédito dele é bom, o que ajuda bastante porque o salário não é.
Policiais educam muitos filhos, muitas vezes, os filhos dos outros.
Um policial vê mais sofrimento, sangue, problemas e alvoradas que uma pessoa comum. Como os carteiros, os policiais têm que estar trabalhando independente das condições do tempo. O uniforme muda de acordo com o clima, mas, a maneira de ver a vida permanece a mesma. Na maioria das vezes é entristecida, mas no fundo, esperando um mundo melhor.
Policiais gostam de folgas, férias e café. Eles não gostam de buzinas, brigas familiares e principalmente autores de cartas anônimas. Eles têm federações, mas não podem fazer greve. Têm que ser imparciais, educados e sempre devem lembrar do slogan ?a seu serviço?.
Às vezes é difícil, especialmente quando um indivíduo lembra, ?eu pago impostos, portanto pago seu salário? e aí ele também paga impostos, portanto ele também paga seu próprio salário.
Policiais recebem elogios por salvar vidas, evitar distúrbios, e trocar tiros com bandidos (de vez em quando sua viúva, sua mãe, recebe o elogio!).
Mas algumas vezes, o momento mais recompensador é quando, após fazer alguma gentileza a um cidadão, ele sente o caloroso aperto de mão, olha nos olhos cheios de gratidão e ouve, ?obrigado e que Deus te abençoe?.
FERNANDO BEATO
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