Relatório mostra que 70% dos pobres do planeta são mulheres

Por Karol Assunção

A Anistia Internacional do Uruguai aproveita o mês dedicado às lutas das mulheres de todo o mundo para apresentar, nesta quinta-feira (11) na Biblioteca Nacional, em Montevideu, o relatório "A
armadilha do gênero - Mulheres, violência e pobreza". Na
oportunidade, foram discutidas as atividades realizadas nos seis anos da
campanha "Não mais violência contra as mulheres" e divulgada a nova
ação: "Exige Dignidade".

Segundo informações do relatório "A armadilha do gênero", dados da Organização das Nações Unidas (ONU)
revelam que mais de 70% das pessoas que vivem em situação de pobreza são
mulheres. "Por que mais de dois terços das pessoas pobres do mundo são
mulheres, se estas constituem somente a metade da população mundial?",
questiona.

A resposta é encontrada no próprio relatório: discriminação. Segundo a Anistia, este é um dos principais fatores que
explicam a pobreza feminina. "Em alguns países, a discriminação contra
as mulheres impregna na legislação e, em outros, esta discriminação
persiste apesar da adoção de leis de igualdade", afirma.

Isso pode ser constatado com uma simples comparação entre os benefícios que
os homens e as mulheres recebem. De acordo com o estudo da Anistia, o
acesso a recursos e meios de produção como terra, crédito e herança, por
exemplo, não é igual para os dois sexos.
Da mesma forma, em média, as mulheres recebem salários mais baixos e, muitas vezes, o trabalho
nem sequer é remunerado. "As mulheres, com frequencia, trabalham em
atividades informais, sem segurança de emprego nem proteção social. Ao
mesmo tempo, seguem responsabilizando-as do cuidado da família e do
lar", lembra.

Vale ressaltar que as mulheres não sofrem apenas com pobreza e discriminação. Segundo o documento da Anistia, elas ainda
são as mais afetadas pela violência, pela degradação do meio ambiente,
pelas enfermidades e até mesmo pelos conflitos armados.

De acordo com a organização, apesar de algumas conquistas e avanços nas
garantias de direitos das mulheres - por exemplo, o reconhecimento de
que os direitos delas são direitos humanos -, ainda há muito que ser
feito. Para Anistia, o reconhecimento dos direitos das mulheres apenas
melhorou a vida de algumas. Por conta disso, considera que os Estados e
as instituições internacionais devem ter mais vontade política para
garantir tais direitos e para assegurar a igualdade.

Além disso, a organização acredita que as demandas das mulheres precisam ser
ouvidas e respeitadas. "A voz das mulheres deve ser escutada. Suas
contribuições devem ser reconhecidas e alentadas. A participação ativa
das pessoas que se veem afetadas é um elemento essencial de qualquer
estratégia de luta contra a pobreza", afirma.

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