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Anúncio e arte nos muros
PBH muda Código de Posturas e autoriza propaganda nos tapumes, em espaço dividido com obras artísticas
Por: Flávia Ayer
Desenhos em cerca na esquina da Avenida do Contorno e Rua Rio Grande do Norte, no Funcionários, chamam a atenção de pedestres
Tapume? Agora é melhor chamá-lo de tela. As placas usadas para cercar construções serão suporte para a criação de grafiteiros, pintores e designers. Um decreto publicado ontem no Diário Oficial do Município (DOM) autoriza construtoras e incorporadoras a instalarem publicidades em tapumes desde que destinem o mesmo espaço para veicular obras artísticas. A exposição das produções contará com a curadoria da Fundação Municipal de Cultura (FMC).
O Decreto nº 15.155 altera a regulamentação do Código de Posturas, documento que regula o uso do espaço público. Até então, não havia regras claras a respeito do assunto. Se antes das mudanças no código, em 2010, construtoras usavam e abusavam dos painéis para estampar logomarcas e imagens dos empreendimentos, depois das alterações do código, a fiscalização chegou pesada sobre os tapumes.
“A prefeitura passou a entender que o que não estava regulamentado no código era passível de multa. As empresas começaram a receber multas altas”, conta o presidente da Câmara do Mercado Imobiliário (CMI/Secovi-MG), Evandro Negrão de Lima. Para ele, as inscrições evitam pichações e depredação dos painéis. O decreto tenta atender pressão do setor, que atualmente é autorizado a instalar somente uma placa com as marcas dos envolvidos no empreendimento.
O texto determina que as publicidades estampadas nos tapumes se restrinjam à identificação de pessoas físicas ou jurídicas envolvidas na construção. Outra limitação é que os painéis tenham, no máximo, cinco metros de altura. A exposição dos grafites, pinturas e plotagens, entre outras formas de representação artística, será custeada pelo responsável pelo tapume.
ANIMAÇÃO A FMC não informou como será a curadoria, mas artistas já estão animados com a iniciativa, como o grafiteiro Sérgio Luiz do Amaral, o Iron. Aos 31 anos, ele tem há 10 anos se dedicado à arte das ruas e acredita que os tapumes são mais um espaço privilegiado de exposição. Em 2008, ele participou da Bienal do Grafite em BH, na qual o suporte para os desenhos foram apenas as placas de madeira. “O grafite é, genuinamente, na rua, onde as pessoas passam”, ressalta o grafiteiro, sem esquecer de outras técnicas. “O tapume recebe pincel, spray, o problema é que geralmente dura pouco”, afirma.
Na Avenida do Contorno, esquina com a Rua Rio Grande do Norte, no Bairro Funcionários, os tapumes de um empreendimento mostram como os desenhos podem dar um colorido especial à cidade. Revestidos de um adesivo colorido, cheio de curvas e bolas de futebol, eles chamam a atenção de quem passa. “Acho interessantes os tapumes dessa forma, pois são um espaço para os artistas e são mais chamativos”, diz a empresária Juliana Silva, de 26 anos.
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