Educação contra o preconceito racial


imagesPreconceito é crime e não será cometido se o indivíduo tiver valores fortes e estruturados, como o respeito pelo outro e a noção da violação dos direitos de cada um. Como já dizia Bob Marley, “enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra”. E esse não é o país que queremos para os nossos filhos. Por esse motivo, cabe refletir sobre a importância de criarmos crianças brasileiras – de todas as raça – livres de qualquer tipo de preconceito.
Por: Athayde Motta Diretor do Fundo Baobá para Equidade Racial, mestre em antropologia pela Universidade do Texas em Austin (EUA)

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Medidas em prol da igualdade racial entre negros e brancos têm ganhado mais destaque no país nos últimos anos, e uma das mais debatidas é, sem dúvida, a que estabelece cotas para negros em universidades, instituída em 2000. Os Estados Unidos foram o primeiro país a se valer de tal ferramenta, em 1960, com o objetivo de diminuir a desigualdade socioeconômica entre brancos e negros. Se considerarmos que o Brasil tem a segunda maior população negra do mundo, concluímos que essa medida foi tomada tardiamente.
Segundo pesquisa do IBGE, mais da metade dos analfabetos no Brasil é formada por negros, o que corresponde a 10 milhões de pessoas. Outro dado importante é o que mostra que cerca de 50% dos brancos recebem salários maiores do que os pagos aos negros, mesmo ocupando cargos iguais, o que impacta diretamente a qualidade de vida dessa população. Esse cenário é resultado de um longo sistema escravista, que teve profundas influências na formação social brasileira e cujo fim é relativamente recente na história do país, que não fez ne-nhum esforço para incluir os ex-escravizados.
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Apesar de as cotas serem amplamente debatidas na nossa sociedade, a importância da inclusão da população negra nas escolas desde a infância é pouco explorada. A infância tem um papel muito importante na formação da personalidade do indivíduo e pode contribuir para estimular a aceitação da diversidade racial de forma natural no processo de eliminação do preconceito. A participação de e-ducadores e, principalmente, da família, é essencial para que a criança aprenda os aspectos positivos da diversidade e da igualdade de direitos entre seus colegas de escola e perceba os aspectos negativos do preconceito e da discriminação.
Um grande passo nesse caminho foi dado com a promulgação da Lei 10.639/2003, que seria posteriormente alterada pela Lei 11.645/2008, que determina a obrigatoriedade do estudo da história e culturas afrobrasileira, africana e indígena na educação básica. Apesar dessa lei, muitas escolas ainda não adotaram a disciplina em seus currículos. A inserção da história da África e de sua relação com o Brasil deve fazer parte da infância de todos os indivíduos. Isso facilita o aprendizado da criança sobre quem foram os povos formadores do país e dá a ela a noção de origem sobre vários aspectos da cultura de nosso povo. Ajuda, também, na quebra do preconceito, porque, desde pequeno, o indivíduo convive com pessoas de outras raças de forma natural, respeitando as diferenças e estimulando o relacionamento entre negros e brancos. Um ensino mais abrangente e que contemple a relação África-Brasil beneficiaria também a própria criança negra, uma vez que ela aprenderia a não ter vergonha da cor de sua pele. Certamente, um contexto como esse faz toda a diferença na formação de cidadãos livres de preconceitos e prontos para tornar o Brasil uma sociedade mais igualitária.
Apesar da aplicação limitada da lei, já existem bons exemplos e uma iniciativa que premia professores que incentivam o estudo das cultura afro-brasileira e africana. O Educar para a Igualdade Racial é um prêmio direcionado a educadores que desenvolvem e promovem atividades entre os alunos, que, de alguma forma, ajudam a neutralizar a relação de preconceito entre negros e brancos. São iniciativas como essa que mostram que mudanças são possíveis, apesar do longo caminho até nos tornarmos um país mais igualitário.
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Ajudar uma criança a se tornar um cidadão livre de preconceitos impactará suas futuras escolhas, mas nada é possível sem o envolvimento da família. Se, durante a infância, famílias costumam não se mostrar preconceituosas e até incentivam brincadeiras e amizades entre crianças de raças diversas, o preconceito aparece na adolescência, quando adolescentes de grupos raciais distintos começam a se envolver em relações sentimentais. Muitas famílias, então, se manifestam contrariamente. É nesse momento que os valores aprendidos na infância entram em cena.
Preconceito é crime e não será cometido se o indivíduo tiver valores fortes e estruturados, como o respeito pelo outro e a noção da violação dos direitos de cada um. Como já dizia Bob Marley, “enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra”. E esse não é o país que queremos para os nossos filhos. Por esse motivo, cabe refletir sobre a importância de criarmos crianças brasileiras – de todas as raça – livres de qualquer tipo de preconceito.
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