A cada quatro dias, um idoso é roubado por parente

A cada quatro dias, chega ao conhecimento da Polícia Civil da capital paulista uma queixa de idoso roubado por parente ou conhecido. Os casos de cartão bancário usado indevidamente ou empréstimo contraído por familiares lideram o ranking de crimes contra pessoas da terceira idade na cidade de São Paulo no primeiro semestre. Dos 180 registros policiais feitos por idosos 43 se referiam a esse tipo de crime.

Em segundo lugar nas estatísticas de crimes contra pessoas com mais de 65 anos aparecem discussões e xingamentos, com 41 casos, seguidos de agressões físicas (35). Os demais estão relacionados a abandono, maus-tratos, discriminação e má qualidade no atendimento clínico, hospitalar e de planos de saúde. Os números podem ser ainda maiores, pois há quem prefira não levar a história à polícia.

“A maior parte dos extravios de cartões de banco tem a ver com filhos e netos”, diz o presidente do Conselho Municipal do Idoso Marcel Thomé, de 73. Alguns anos atrás, afirma Thomé, parentes se apoderavam até do cartão de ônibus do idoso. “Agora, a Prefeitura mudou o cartão. Mas tinha parente que andava com o cartão do transporte para lá e para cá.”

Segundo Thomé, muitos idosos evitam fazer queixas, porque temem não receber mais visitas da família. “É difícil denunciar o próprio filho.” O Conselho Municipal registra de 20 a 30 denúncias de maus-tratos por dia, média de uma ligação por hora. No fim do mês, são mais de 800 casos. “Há muitos maus-tratos em asilos. Quando é questão de dinheiro pego indevidamente, encaminhamos para delegacias.”
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