Segundo Moura (1989a), que a história do negro no Brasil se mescla quase que por completo na própria formação da nação brasileira, através de sua evolução histórica e social. Considerado um objeto e não raro como uma força animal de trabalho, o negro contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da economia em desenvolvimento, que entretanto, foram excluídos da divisão das riquezas acumuladas.
O negro além de povoar, desenvolver a economia riqueza nacional, e disseminar a sua cultura, também, atuou políticamente. Por inúmeros movimentos sócio-políticos despontados ao trajetória social e histórica brasileira, ocorreu a participação do negro escravo ou livre. Sem mencionar aos Quilombos, vistos como movimentos políticos independentes dos escravos, sendo que em quase todas as lutas ocorridas ou planejadas os negros estiveram presentes, desde o século XVI até a atualidade. (MOURA, 1989a).
Nas lutas pela expulsão dos holandeses, nas lutas pela Independência e a sua consolidação, na Revolução Farroupilha, nos movimentos radicais da plebe rebelde, como a Cabanagem, no Pará, no Movimento Cabano, em Alagoas, ele esteve presente. Também na Inconfidência Mineira, na Inconfidência Baiana, para lembrarmos mais alguns, a sua presença é incontestável como elemento majoritário ou como participante menor. Após o fim da escravidão e do Império, o negro se incorporará aos movimentos da plebe, como em Canudos, na comunidade do Beato Lourenço e, mais destacadadamente, na Revolta de João Cândido. (MOURA, 1989, p.39).
Através da participação nestas lutas sociais no Brasil, o negro conseguiu ampliá-las e transformá-las em lutas sócio-radicais, impondo um componente novo, representado por sua participação e reivindicações, pois a etnia negra, mais que explorada era discriminada racialmente (MOURA, 1989a).
A história do negro e dos afrodescendentes, se inicia com a chegada das primeiras levas de escravos vindos da África, desembarcadas a partir de 1549 na Capitania de São Vicente. A Corte portuguesa autorizou que os colonos importassem até 120 africanos para as suas propriedades. Contudo, vários historiadores consideram que antes dessa data já haviam entrado negros no Brasil, pois na nau Bretoa, enviada em 1511 por Fernando de Noronha, haviam negros no seu bordo, presença esta que se consolidaria nos séculos seguintes.
Com o processo de desenvolvimento e consolidação da economia colonial o tráfico de africanos para o Brasil se intensificou substancialmente, notadamente para o o Nordeste, onde se desenvolveu a agroindústria baseada no cultivo da cana-de-açúcar.
De acordo com Moura (1983, p.28):
Mantido o sistema escravista, o escravo passou a ser visto como semovente e o seu interior, a sua humanidade foi esvaziada pelo senhor até que ele ficasse sem verticalidade; a sua remuneração só era encontrada e conseguida na e pela rebeldia, na sua negação como escravo. Por outro lado, o branco senhor de escravos era o homem sem devir porque não desejava a mudança em nenhum dos níveis da sociedade. Completamente obturado pelo sistema fechado, o senhor de escravos é um exemplo típico do homem alienado.
O elemento negro se tornou o grande povoador, ocupando os vastos espaços geográficos vazios. Por outro lado, enquanto os colonizadores européus, notadamente portugueses, se dirigiram a Colônia visando um rápido enriquecimento e regresso, enquanto que para o negro africano seu retorno desta nova terra era praticamente impossível e sua vida presa a ela em definitivo (MOURA, 1989a).
Autora: Maria Salete
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