Cracolândias se tornam lugares comuns no país

Luiz Ribeiro, Leonardo Azevedo e Ricardo Beghini


Em BH, há territórios da droga até em áreas movimentadas da Região Central. Mas municípios menores também sofrem com o problema - (Beto Magalhães/EM/DAPress)
Em BH, há territórios da droga até em áreas movimentadas da Região Central. Mas municípios menores também sofrem com o problema
Pontos de venda de crack em Belo Horizonte e em cidades do interior de Minas Gerais mostram que a expansão da chamada pedra da morte é um desafio nas regiões mais pobres e nos grandes centros urbanos do país. Dados do Centro Mineiro de Toxicomania (CMT), principal estabelecimento público estadual de Minas Gerais para atendimento a dependentes químicos, mostram que, entre os 12.869 atendimentos feitos nos últimos 10 anos, a maior parte dos tratamentos realizados é para dependentes de crack, álcool, maconha e cocaína. A fácil distribuição em vários pontos de venda dos centros urbanos e do interior, segundo especialistas, está ligada ao baixo preço de cada pedra da droga, normalmente variando entre R$ 5 e R$ 10.

Montes Claros – Uma região no Bairro Luz, no Centro de São Paulo, tornou-se conhecida como cracolândia devido à venda e ao consumo da droga. Mas as cracolândias também se espalham pelo interior do país e se repetem em cidades como Montes Claros – quinto maior município de Minas, com 362 mil habitantes. O principal ponto de venda da chamada pedra da morte é o Aglomerado Cidade Cristo Rei, antigo Feijão Semeado, onde a disputa pelos pontos de vendas entre os traficantes fez várias mortes nos últimos anos.

“O crack está dominando Montes Claros. A situação na cidade é alarmante”, afirma o juiz Isaías Caldeira Veloso, da Segunda Vara Criminal de Montes Claros. Segundo ele, além do Feijão Semeado, a droga também é encontrada com facilidade no Bairro Morrinhos, outra parte da cidade que convive com o problema da venda de entorpecentes.

“Mas, para falar a verdade, em menor quantidade, o crack já está sendo vendido em diversos bairros de Montes Claros, onde existem o tráfico e consumo de drogas”, assegura o Isaías Caldeira. “Por ser mais barato, o crack é usado na classe mais baixa. Mas também está na classe média. Várias mães, desesperadas, me procuraram, querendo encaminhar os filhos viciados para a internação. Mas não são sendo encontradas vagas”, diz o magistrado.
Principal polo do Norte de Minas, Montes Claros é o segundo entroncamento rodoviário nacional. “Acredito que a droga que entra aqui vem de São Paulo, da Bahia e outros estados”, revela Isaías Caldeira. A delegada distrital de Montes Claros, Gislanie Veloso Freitas, confirma que, de fato, “o consumo de crack aumentou muito na cidade”. Ela salienta que a droga é mais perigosa do que outras por causa dos seus efeitos. “O efeito do crack é muito rápido. O viciado fica com aquela fissura, querendo mais. Aí, para manter o vício, ele acaba praticando furtos, muitas vezes, dentro da própria casa. Além disso, a pessoa fica violenta e agressiva”, afirma a policial.

Gislaine Veloso ressalta que uma das piores consequências da droga é a desestruturação da família. “Há poucos dias, atendi uma mãe desesperada, que disse que estava sem saber o que fazer com o filho viciado em crack. Ela afirmou que chegou até a pensar em matar o próprio filho por causa das agressões que vinha sofrendo”, relatou a delegada.

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