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Um blog para discussão de temas pertinentes a Cena do Hip Hop em toda a sua abrangência como forma de Cultura e instrumento de luta e afirmação.
Dinheiro não embranquece
A descriminalização do aborto, uma bandeira histórica do movimento feminista nacional
A descriminalização do aborto, uma bandeira histórica do movimento feminista nacional, encontrou nova e perversa tradução de política pública na voz do governador do estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. O governador defende a legalização do aborto como forma de prevenção e contenção da violência, por considerar que a fertilidade das mulheres das favelas cariocas as torna “fábrica de produzir marginais”.
Uma reivindicação histórica dos movimentos de mulheres de efetivação dos direitos reprodutivos das mulheres e de reconhecimento do aborto como questão de saúde pública sobre a qual o Estado não pode se omitir é pervertida em proposta de política pública eivada de ideologia eugenista destinada à interrupção do nascimento de seres humanos considerados como potenciais marginais. No lugar do respeito ao direito das mulheres de decidir sobre a própria concepção, coloca-se como diferença radical de perspectiva a indução ao aborto, pelo Estado, como “linha auxiliar” no combate à violência.
São teses que aparecem com recorrência no debate público e que, embora com nuances, mantêm o mesmo sentido. Uma das mais célebres foi dada anteriormente no governo de Paulo Maluf, em São Paulo, no qual o GAP (Grupo de Assessoria e Participação do Governo do Estado) elaborou o documento “Sobre o Censo Demográfico de 1980 e suas curiosidades e preocupações”. Nele, é apresentada a proposta de esterilização massiva de mulheres pretas e pardas com base nos seguintes argumentos: “De 1970 a 1980, a população branca reduziu-se de 61% para 55% e a população parda aumentou de 29% para 38%. Enquanto a população branca praticamente já se conscientizou da necessidade de se controlar a natalidade (…), a população negra e parda eleva seus índices de expansão, em 10 anos, de 28% para 38%. Assim, teremos 65 milhões de brancos, 45 milhões de pardos e 1 milhão de negros. A se manter essa tendência, no ano 2000 a população parda e negra será da ordem de 60%, por conseguinte muito superior à branca; e, eleitoralmente, poderá mandar na política brasileira e dominar todos os postos-chaves — a não ser que façamos como em Washington, capital dos Estados Unidos, onde, devido ao fato de a população negra ser da ordem de 63%, não há eleições”.
O documento se tornou público graças a denúncia feita na Assembléia Legislativa de São Paulo pelo então deputado Luis Carlos Santos, do PMDB-SP, em 5.8.1982. Trouxe à luz essa concepção de instrumentalização da esterilização como política de controle de natalidade dos negros denunciada internacionalmente pelo Relator Especial sobre Racismo da ONU, após sua visita ao Brasil em 1995.
Se o governador Sérgio Cabral ocupou-se em explicitar que as mulheres das favelas devem ser objeto de uma política eficaz de controle da natalidade via facilitação do aborto pelo Estado, o seu secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, tratou de estabelecer a diferença do valor de cada vida humana no Rio de Janeiro, o que provavelmente estabelece nessa lógica nefasta quem pode viver e quem deve morrer, ou nem mesmo chegar a viver. Em comentário sobre o fato de que os traficantes das favelas das zonas Oeste e Norte do Rio estariam se deslocando para as favelas da Zona Sul como reação às ações que vêm sendo realizadas pela polícia naquelas áreas, o secretário vê, nesse deslocamento dos traficantes, dificuldade adicional para o seu combate. Segundo ele, “é difícil a polícia ali entrar, porque um tiro em Copacabana é uma coisa. Um tiro na [favela da] Coréia, no complexo do Alemão [nas zonas Oeste e Norte, respectivamente], é outra (…). Uma ação policial em Copacabana tem uma repercussão muito grande, porque as favelas e os comandos estão a metros das janelas da classe média”.
Ora, se nas zonas Oeste e Norte, as favelas e os “comandos” estão em janelas frentes umas às outras, ou lado a lado, isso pode significar que são partes integrantes de um mesmo todo e o favelado civil e o traficante seriam indistinguíveis para efeito da repressão e violência policial. Tanto bandidos como policias sabem o que o civil favelado — nem policial nem traficante — vale: nada! Pode ser abatido como mosca por ambos os lados. Ir para a Zona Sul como estratégia de sobrevivência ou redução da letalidade dos confrontos entre bandidos e policiais é uma prerrogativa que apenas o bandido tem. O favelado civil, ao contrário, não tem para onde ir, está condenado a ser o “efeito colateral” dessa guerra insana.
Michel Foucault demonstrou que o direito de “fazer viver e deixar morrer” é uma das dimensões do poder de soberania dos Estados modernos e que esse direito de vida e de morte “só se exerce de uma forma desequilibrada, e sempre do lado da morte”. É esse poder que permite à sociedade livrar-se de seus seres indesejáveis. A essa estratégia Michel Foucault nomeou de biopoder, que permite ao Estado decidir quem deve morrer e quem deve viver. E o racismo seria, de acordo com Foucault, um elemento essencial para se fazer essa escolha. É essa política de extermínio que cada vez mais se instala no Brasil, pelo Estado, com a conivência de grande parte da sociedade.
Sueli Carneiro
Doutora em Filosofia da Educação pela USP, é diretora do Geledés (Instituto da Mulher Negra)
28 de Maio: Na efesa da Saúde Integral da Mulher
ULF - Mortalidade materna, aborto inseguro, abandono de recém nascidos e mulheres em prisão são a tônica no Brasil
A Campanha 28 de Maio - Dia Internacional de Ação pela Saúde da Mulher - desenvolvida pela Rede de Saúde das Mulheres Latinoamericanas e do Caribe - RSMLAC, com apoio da Rede Feminista de Saúde, tem como meta, neste ano, ser uma ação permanente de defesa da saúde integral e direitos reprodutivos das mulheres em todas as fases da vida. No Brasil, a data historicamente marcada pela busca da redução contra a mortalidade materna, se traduz no fim das mortes por abortos inseguros, cerca de 200 ao ano no país, e pelo crescente abandono de recém-nascidos e pela violação ao direito à saúde nas prisões femininas, revelada em relatório especial.
Na ênfase para a mortalidade materna, a campanha denuncia como evitáveis em 98% dos casos (OMS, OPAS), sendo um problema de saúde pública a ser abordado em toda sua dimensão. Para o movimento de mulheres, este é um indicador de cidadania feminina, que evidencia a articulação entre a má qualidade da atenção e dificuldades de acesso, com as desigualdades sociais, de gênero e raça, que exige abordagem integral.
Estudos de importantes pesquisadoras como Alaerte Leandro Martins,Doutora e Saúde Pública (USP) e coordenadora-adjunta da Regional da RFS do Paraná, revelam o maior risco de morrer de mulheres negras, por serem também as mais pobres, assim como seus efeitos na sua “quase morte” pelas mesmas razões. As mortes evitáveis de mulheres relacionam-se com abortos inseguros realizados por jovens e mulheres adultas que não conseguem planejá-los, engravidam por violência sexual ou não podem ou desejam levar a gestação em frente, encontrando barreiras legais, sociais, culturais, religiosas e do sistema de saúde para sua interrupção A falta de acesso a medicamentos como o Misoprostol em função de barreiras sanitárias, tem levado milhares de brasileiras a percorrer mercados paralelos para sua aquisição, assim como a frequentarem clínicas clandestinas onde se expõem aos riscos da má prática ou de prisões.
Além destas mortes evitáveis, a Rede Feminista, em ações de parcerias com outras articulações, vem reunindo evidências da violação dos direitos humanos das mulheres, caracterizados pelas condições em que determinados grupos sociais, como mulheres no sistema prisional, vivem e são tratadas pelo estado.
As recentes notícias sobre o abandono de bebês recém-nascidos vem revelando, por outro lado, precárias condições de saúde física e mental de mulheres jovens que se vêm sem condições sociais de assumir a maternidade. Ao contrário do olhar julgador sobre elas, a Rede Feminista propõe que o estado brasileiro assuma sua responsabilidade quanto a ofertar atenção integral à saúde das mulheres, evitando assim que gestações indesejadas se concretizem, prosperem, e que bebês também paguem com sua vida as omissões e as violações de direitos humanos A Campanha 28 de Maio exige dos governos as condições necessárias para que os direitos reprodutivos sejam exercidos em sua totalidade, sendo um instrumento de ação e de promoção do ativismo. Em 2011, o Chamado à Ação é voltado para o direito das mulheres terem acesso à saúde integral ao longo de seu ciclo vital.
O Manifesto da RSMLAC para esta data salienta que os Governos devem desenvolver estratégias para erradicar os estereótipos de gênero em todas as esferas de vida social e promover a igualdade de gênero na esfera política e de tomada de decisões. Diz que a igualdade de gênero não poderá ser alcançada sem a promoção e a proteção do direito das mulheres de usufruírem dos padrões adequados de saúde física e mental, inclusive saúde sexual e reprodutiva recomendados nos Programas de Ação das Conferências do Cairo, Beijing e nos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio.
Mortalidade Materna - O Dia Nacional de Luta pela Redução da Mortalidade Materna surgiu com o intuito de mostrar ao país que ainda é grande o número de mulheres que morrem por problemas ocorridos durante a gravidez, o parto e o pós-parto, ou por complicações de um aborto inseguro. E neste contexto devem ser considerados aspectos e fatores responsáveis pela má qualidade de vida das famílias, principalmente da população negra: a violência doméstica, o analfabetismo e a baixa renda, indicadores que se relacionam diretamente com a desigualdade social e de gênero.
A Rede Feminista de Saúde desde sua fundação em 1991 aponta o fim das mortes maternas evitáveis como prioridade da sua agenda, e entre outras estratégias ajudou a criar o Pacto Nacional de Redução da Morte Materna, com vistas a reduzir em 75% a mortalidade materna até 2015.
Suas ações, entretanto, não obtiveram o sucesso desejado em razão do não enfrentamento concreto dos inúmeros desafios, tais como efetivar o acesso de todas as mulheres a uma atenção de saúde de qualidade, antes e depois da gestação, assegurar os métodos contraceptivos adequados a todas as mulheres, já que cerca de 40% das brasileiras ainda não o utilizam adequadamente (PNSM, 2006) desarticular as pressões religiosas sobre as políticas públicas, ampliando as possibilidades de interromper a gravidez com segurança.
Segundo a Secretária Executiva da RFS, Telia Negrão, "Se não for adotada uma política muito séria de educação para a sexualidade, assegurado o planejamento reprodutivo, a melhoria do atendimento durante a gestação, a efetiva humanização do parto e trabalho com evidências científicas, o cuidado antecipado à gestação e alongado com puerpério e a legalização do aborto, certamente não conseguiremos reduzir as mortes maternas no país e atingir as metas estabelecidas pela ONU".
Faça download dos PDFs sobre as violações dos direitos humanos das mulheres nas penitenciárias femininas dos estados da Bahia, Pará, Pernambuco e Rio Grande do Sul
Acesse: http://www.redesaude.org.br/portal/home/conteudo/biblioteca/biblioteca/textos-diversos/001.pdf
Câncer de Boca Causado por Sexo Oral Avança no Brasil
Em uma década, dispararam no país os casos de câncer de boca e orofaringe relacionados à infecção por HPV (papilomavírus humano), transmitidos por sexo oral.
O índice de tumores provocados pelo vírus é três vezes superior ao registrado no fim da década de 1990. Não há um aumento do número total de casos, mas sim uma mudança no perfil da doença.
Antes, cânceres de boca e da orofaringe (região atrás da língua, o palato e as amígdalas) afetavam homens acima de 50 anos, tabagistas e/ou alcoólatras.
Hoje, atingem os mais jovens (entre 30 e 45 anos), que não fumam e nem bebem em excesso, mas praticam sexo oral desprotegido.
Uma recente análise publicada no periódico "International Journal of Epidemiology" mostra que, quanto maior o número de parceiras com as quais pratica sexo oral e quanto mais precoce for o início da vida sexual, mais risco o homem terá de desenvolver câncer causado pelo HPV.
MAIS CASOS
No Hospital A.C. Camargo, em São Paulo, 80% dos tumores de orofaringe têm associação com o papilomavírus. Há dez anos, essa associação existia em 25% dos casos.
O HPV já está presente em 32% dos tumores de boca em pacientes abaixo dos 45 anos ""antes, o índice era de 5%. Por ano, o hospital atende 160 casos desses tumores.
"O aumento dos tumores por HPV é real, e não porque houve melhora do diagnóstico. Os casos relacionados ao tabaco vêm caindo, mas o HPV está ocupando o lugar", diz o cirurgião Luiz Paulo Kowalski, do A.C. Camargo.
No Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira), 60% dos 96 casos de câncer de orofaringe atendidos em 2010 tinham relação com o HPV. As mulheres respondem por 20% dos casos.
"Começa-se a notar um maior número de mulheres com esse câncer, por causa do sexo oral desprotegido", diz o oncologista Gilberto de Castro Júnior, do Icesp.
No Hospital de Câncer de Barretos, no interior paulista, casos ligados ao HPV respondem por 30% dos cânceres da orofaringe, um aumento de 50% em relação à década passada, segundo o cirurgião André Lopes Carvalho.
"A maioria dos nossos pacientes tem o perfil clássico, de homens mais velhos que bebem e fumam. Mas estamos percebendo uma virada." O Inca (Instituto Nacional de Câncer) desenvolve seu primeiro estudo sobre o impacto do HPV nos tumores orais. Segundo o cirurgião Fernando Dias, coordenador da área de cabeça e pescoço do instituto, o HPV de subtipo 16 é o que mais provoca câncer da orofaringe.
"O HPV está criando um novo grupo de pacientes. Por isso, é preciso reforçar a necessidade de fazer sexo oral com preservativo." O Inca estima que, por ano, o país registre 14 mil novos casos de câncer de boca.
Segundo os especialistas, a boa notícia é que os tumores de orofaringe relacionados ao HPV têm um melhor prognóstico em relação àqueles provocados pelo fumo.Paulo Kowalski afirma que eles respondem melhor à quimioterapia e à radioterapia e, muitas vezes, não há necessidade de cirurgia.
VACINA
A vacina contra o HPV não é aprovada para homens no Brasil. Nos EUA, onde foi liberada, a imunização masculina não protege contra o HPV 16, o tipo que mais causa câncer de boca e de orofaringe.
No Brasil, só mulheres entre 9 e 26 anos têm indicação para a vacina contra quatro tipos de HPV, entre eles o 16. Mas a imunização só existe na rede privada, ao custo médio de R$ 900.
Editoria de Arte/Folhapress
Dia Mundial de Combate a Violência contra pessoa Idosa!!
http://maustratosaoidosodenuncie.blogspot.com
O campeão brasileiro de trotes contra a Polícia
(Archimedes Marques)
A Polícia Militar que trabalha de forma ostensiva e busca a preservação da ordem pública, atua com rondas pelas cidades, abordagens, blitz e ainda com atendimentos de ocorrências via 190. Em média, 70% das ocorrências são via denuncias, mas nem sempre elas são verdadeiras, são os chamados trotes, que além de prover perda de tempo aos policiais e prejuízo ao erário público, pode deixar de salvar vidas ou de se prender perigosos bandidos.
Um trote pode ocupar de 1 a 3 minutos do atendente e se uma viatura for encaminhada a essa ocorrência inexistente, serão perdidos entre 10 e 20 minutos. Esse tempo é precioso para quem realmente está precisando da ajuda policial.
O problema do trote contra a Polícia que também fora tratado no programa televisivo FANTÁSTICO da Rede Globo, em 22//04/2011, mostrou essa situação criminosa em vários estados do nosso país com índices superiores a 30% das ligações ao 190 e destacou o maior passador de trotes do Brasil, o campeão em trotes contra a Polícia, um sergipano.
Tal caso inusitado refere-se ao cidadão Jose Uilson dos Santos, cujo Inquérito Policial estava sob a minha responsabilidade, mas já fora encaminhado à Justiça. Consta da documentação acostada aos autos que o suspeito teria efetuado 206.449 ligações para o 190 da PM, no período aproximado de um ano. É bem verdade que tal número exorbitante, apesar de ser oficial e fornecido pelo CIOSP não é de todo composto de trote, vez que, em boa percentagem, os atendentes aos reconhecerem a voz do criminoso, desligavam o telefone sem lhes dar atenção, mas, contudo tais ligações eram contabilizadas como sendo trotes. Assim, com certeza, esse número pode ser abatido em mais de 60% para ser mais exato, o que não deixa de ser um recorde de trotes efetuado por uma só pessoa em citado tempo.
A sua detenção somente ocorreu no dia em que o suspeito deixou de usar o telefone celular para ligar de um aparelho público e, ao efetuar 22 ligações para o 190 fora rastreado, localizado e preso em flagrante delito pela Polícia Militar, em 03 de março de 2011.
Depois da sua prisão e soltura, ocorridos no mesmo dia, em entendimento e decisão do Delegado plantonista, em virtude de ser o crime tipificado como de menor potencial ofensivo, o suspeito ficou alguns dias sem dar um trote sequer. Entretanto, a partir de 25 de março passado, voltou a delinqüir no mesmo crime, desta feita em menor intensidade, ligando de aparelhos de telefonia celular pré-paga ou de telefones públicos diversos.
O delinquente, quando detido, confessou e confirmou a sua autoria delitiva, inclusive na imprensa, discorrendo que começou a passar trotes para a Polícia a partir de março de 2010, a título de brincadeira e que sentia prazer em ouvir os atendentes do CIOSP sempre o alertar para o problema que TROTE ERA CRIME. Alegou que o seu objetivo principal com os milhares de trotes efetuados era fazer o maior número de ligações possíveis para mostrar aos seus colegas que poderia atingir o recorde de 80.000 telefonemas falsos, recorde esse, que certamente fora atingido e até ultrapassado, levando-se em conta os 40% das 206.449 ligações como sendo efetivamente consideradas trotes, conforme expliquei anteriormente.
Assim, o citado cidadão responde pelo crime capitulado no artigo 340 do Código Penal que trata, especificamente, da comunicação que é falsamente levada ao conhecimento da autoridade que seria competente para apurar o delito ou a contravenção penal se fossem verdadeiros, cuja pena ao seu transgressor é de detenção de 1 a 6 meses, ou multa.
Objetiva o tipo penal, manter o bom andamento da administração da justiça, no sentido de garantir-lhe seja suas diligências desenvolvidas somente no que realmente for necessário, asseverando a eficiência dos trabalhos e mantendo o prestígio relativo aos serviços prestados, não perdendo tempo com investigações ou diligencias inúteis em função de fatos irreais.
É de fácil entendimento que o passador de trotes também praticou o crime continuado capitulado no artigo 71 do Código Penal o que lhe dá um aumento de pena de um sexto a dois terços, vez que, configura-se tal conduta, quando o agente pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, mediante ação ou omissão, animado pelas condições de tempo, espaço, circunstâncias, modos de execução, que o estimulam a reiterar a mesma ilicitude, de maneira a constituir todas elas um só conjunto delitivo. No caso em tela o suspeito praticou milhares de crimes da mesma espécie comprovando o entendimento do legislador.
Da lição do esdrúxulo sergipano campeão de trotes que trás, acima de tudo, grave prejuízo para a própria sociedade, resta comprovada, que campanhas educativas e preventivas no sentido de evitar esse crime contra a administração da Justiça, devem ser constantes em todo o Brasil, pois além de tudo, demonstrou o delinquente com sua reprovável ação, não ter consideração alguma com a força pública ou leis do nosso país, mas total desprezo.
Óxi: ameaça oculta
Frederico Goulart
fgoulart@redegazeta.com.br
À pasta base de cocaína soma-se certa quantidade de querosene e algum punhado de cal. Com ingredientes baratos e acessíveis, essa mistura destruidora é responsável pelo surgimento do óxi, droga que neste ano deixou os limites da Região Norte do país - onde está sua porta de entrada no Brasil - para fazer vítimas em outros Estados, inclusive no Espírito Santo.
Crack x Óxi
Embora não haja apreensão confirmada no Estado, sua presença por aqui é certa entre especialistas. No entanto, a dificuldade de diferenciá-la do crack, com o qual a similaridade termina na aparência, já que os efeitos são ainda mais destruidores, ainda fazem com que sua ação permaneça oculta.
O exemplo vem do distrito de Pequiá, em Iúna, na Região do Caparaó. Lá, há menos de uma semana, a Polícia Militar encontrou 200 gramas de uma substância semelhante à nova droga, mas que ainda segue à espera de confirmação.
Diferenciação
R$ 0,50 o trago - Esse é o valor estimado do preço do trago em um cigarro feito com óxi na Cracolândia, em São Paulo, onde o primeiro registro da presença da droga aconteceu no início deste ano. O Rio de Janeiro ainda aguarda resultado de perícia técnica para confirmar a presença da droga.
Um dos que confirmam a possibilidade de o Estado ter virado palco para a disseminação do óxi é o responsável pela Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (Deten), Diego Yamashita. "É possível que já tenhamos feito apreensões. O problema é que o exame pericial só esclarece seu princípio ativo, a cocaína, e não os demais componentes", diz. Assim, a única forma de diferenciação acabam sendo as características físicas. Tarefa difícil, pois são drogas semelhantes.
O problema, prossegue Yamashita, faz com que o óxi que já pode ter sido apreendido aqui, tenha sido qualificado como crack de baixa qualidade. "O foco não é o que é acrescentado à mistura, mas sim a cocaína. Por isso, não é preciso reforço para acompanhar esse avanço. O traficante é o mesmo do crack, e o efeito é tão devastador quanto", minimiza.
30% de mortes - Esse foi o número de mortes registradas durante o período de um ano em que cem usuários de óxi do Acre - porta de entrada da droga - foram acompanhados. Os dados são do Departamento Estadual de Investigações Sobre Narcóticos (Denarc) de São Paulo.
Efeito devastador
Especialistas, no entanto, discordam. Além de ter uma quantidade bem maior de cocaína, a nova droga é formada por substâncias extremamente tóxicas, responsáveis por aproximar ainda mais o usuário da morte.
O médico psiquiatra e especialista em dependência química, João Chequer Bou-Habib, lembra que nas últimas duas semanas deram início a tratamento em seu consultório três pacientes com características claras de dependência de óxi. "Diferente dos outros, eles apresentam sintomas como tosse, náuseas, vômitos, irritação nos olhos, engasgo".
Essas características são fruto da combinação da querosene com o cal. No crack, as substâncias misturadas - bicarbonato de sódio e amoníaco - são menos agressivas.
"A queima dessas substâncias pode provocar irritação nos olhos, cegueira, fibrose pulmonar grave, insuficiência respiratória e hepática e câncer no fígado", lembra.
O psicanalista e também especialista em dependência química Francisco Veloso é outro que também começou a lidar com esse tipo de usuário em seu trabalho diário. "São dois pacientes. O relato é muito comum entre eles: o pavor que o calor - causado pela queima do querosene - emite", diz.
Veloso alerta que em menos de um ano a droga pode levar o dependente à morte, pois suas substâncias contribuem para a falência renal e deixam o pulmão comprometido.
Associação de Paneleiras de Goiabeiras (APG) ganha certificado da ONU
Apesar do título, as reais homenageadas não sabiam que haviam sido contempladas
ERIK OAKES - GAZETA ONLINE
A Associação de Paneleiras de Goiabeiras (APG) ganhou reconhecimento internacional. Agora, o grupo possui o certificado 2010 Best Practices - Dubai International Award for Best Practices to Improve the Living Environment (2010 Melhores Práticas - Prêmio Internacional de Dubai para Melhores Práticas para Melhoria das Condições de Vida), distribuído pelo Município de Dubai, dos Emirados Árabes Unidos, e a Organização das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (UN-HABITAT).
O trabalho realizado pela Associação, que tem o apoio da Secretaria de Cultura de Vitória, foi classificado nas categorias Engajamento Cívico e Vitalidade Cultural, Respeito à Diversidade Cultural, Redução da Pobreza, Geração de Trabalho e Renda, Geração de emprego, Igualdade de Gênero e Inclusão Social, Poderes de decisão para as Mulheres.
A iniciativa foi incluída num banco de dados internacional e, junto com outras, está acessível à pesquisa. As implicações políticas e lições de Melhores Práticas são, ainda, incluídas no guia Estado das Cidades no Mundo - Relatório Cidades e no Relatório Global sobre Assentamentos Humanos.
Além disso, um selo de qualidade foi estabelecido para os utensílios de barro. Os resultados incluem aumento da produção e maior renda para famílias, com maior valorização deste ofício pela sociedade, e o reconhecimento e valorização da sua auto-estima entre esses ceramistas.
As paneleiras
A APG foi criada em 1987 no bairro de Goiabeiras, que é um dos mais densamente povoados de Vitória. Seus principais objetivos são afirmar o ofício de oleiro, refletindo uma tradição indígena que se estende por quatro séculos entre os Tupi-Guarani e Una, tribos indígenas, promovendo o desenvolvimento econômico local e preservando a identidade cultural da região.
Atualmente 120 membros fazem parte da Associação, dos quais 80% são mulheres. O grupo existe para proteger estes trabalhadores, defender seus interesses e proporcionando-lhes condições de trabalho exigidas pelo seu ofício: fazer panelas de barro à mão, ao ar livre e coloridas com tanino, utilizando os recursos naturais de forma sustentável através de técnicas adequadas extrativistas que preservam o meio ambiente.
Um programa de educação ambiental focado na coleta sustentável do tanino e a aquisição de direitos de extração de argila no Vale do Mulembá também estão ajudando a preservar o ecossistema local.
Em 2002, esta prática foi registrada no Livro do Conhecimento - Ofício Paneleiras como parte do Patrimônio Cultural do Brasil, e agraciada com o Prêmio Top 100 de Artesanato, em 2006, pelo Sebrae.
Com informações da Secretaria Municipal de Cultura de Vitória.
1870- Dia das mães cativas
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Católicas fazem teatro de rua pela legalização do aborto!
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O Brasil que se vê nas telas
RNW - 'Cidade de Deus', 'Carandiru', 'Ônibus 174' e 'Tropa de Elite' 1 e 2. Cinco filmes que foram produzidos a partir de 2002, e que ganharam reconhecimento internacional em diferentes proporções. Em comum, as cinco produções têm o tema: a violência e a vida nas favelas brasileiras.
'Tropa de Elite' 1 e 2, os mais recentes sucessos do gênero, serão exibidos na próxima semana em Utrecht, na Holanda, como parte da programação do LAFF, o Festival de Cinema Latino Americano. Além dos filmes de José Padilha, o festival ainda apresenta os brasileiros 'As melhores coisas do mundo', 'Sonhos roubados', 'Tempo de criança' e 'Estômago'. Os interessados por cinema brasileiro terão também a oportunidade de participar de duas masterclasses que irão discutir temas do Brasil contemporâneo.
O holandês Kees Koonings, professor das Universidades de Utrecht e Amsterdã, vai apresentar em uma destas masterclasses as mudanças políticas brasileiras, da ditadura militar à restauração da democracia, focando principalmente nos anos do governo Lula. O professor, especialista em América Latina, afirma que há um interesse cada vez maior pelo país. Antes exótico e distante, o Brasil é hoje visto como pólo econômico, político e diplomático.
Mudanças sociais e políticas
O maior interesse no Brasil também significa um maior interesse no cinema brasileiro. Segundo Kees Koonings, a produção nacional tem chamado atenção não pelo exotismo, mas por tratar criticamente a realidade brasileira e refletir as mudanças sociais e políticas que aconteceram nas últimas décadas.
"O cinema brasileiro tem produzido filmes muito importantes e interessantes não só dos pontos de vista artístico e estético, mas também por colocar temas sociais, econômicos e políticos na mesa. Um dos gêneros que conheço um pouco mais e que está sendo muito popular no mundo é a violência. Nos últimos dez anos houve uma sucessão de filmes sobre favela, polícia e crime que são muito realistas. Eles chamam a atenção por terem uma capacidade forte de autocrítica e de autoinspeção, e por não hesitarem em tratar de temas problemáticos que existem", afirma Koonings.
Preconceito
Questionado sobre qual imagem do Brasil é construída no exterior através destas produções, o professor afirma que apesar de ajudar a fortalecer preconceitos, estes filmes são realistas e retratam uma situação existente. No entanto, o que será produzido após a era Lula e depois da implementação das UPPs, as Unidades de Polícia Pacificadora, poderá ser bem diferente do que foi o cinema brasileiro da última década.
"No caso de 'Tropa de Elite 1', o preconceito que pode ser fortalecido é de que a polícia é totalmente corrupta e violenta, que na favela só tem quadrilha, e que as únicas pessoas que defendem os favelados são os estudantes da classe média alta que de forma ingênua cuidam dos direitos humanos e, ao mesmo tempo, traficam a cocaína nas faculdades. Em geral, eu acho que esses filmes passam uma ideia razoavelmente realista. Agora falta ver o tipo de cinema que será feito nos próximos anos, depois dos esforços de transformar a situação da violência nas favelas, se no futuro um elemento mais equilibrado entraria nos filmes sobre o tema", provoca.
A masterclass 'Políticas de esquerda de Lula e a democracia no Brasil', ministrada por Kees Koonings, acontece no dia 11 de maio e será seguida imediatamente pelo filme 'Tropa de Elite'. A programação completa do LAFF pode ser encontrada na página www.laff.nl
Quatro em cada 10 crianças vítimas de abuso sexual foram agredidas pelo próprio pai
Os resultados foram obtidos após a análise de 205 casos de abusos a crianças ocorridos de 2005 a 2009. As vítimas dessas agressões receberam acompanhamento psicológico no HC e tiveram seu perfil analisado pelo Programa de Psiquiatria e Psicologia Forense (Nufor) do hospital.
Segundo Antonio de Pádua Serafim, psicólogo e coordenador da pesquisa sobre as agressões, em 88% dos casos de abuso infantil, o agressor faz parte do círculo de convivência da criança.
O pai (38% dos casos) é o agressor mais comum, seguido do padrasto (29%). O tio (15%) é o terceiro agressor mais comum, antes de algum primo (6%). Os vizinhos são 9% dos agressores e os desconhecidos são a minoria, representando 3% dos casos. “É gritante o fato de o pai ser o maior agressor. Ele é justamente quem deveria proteger”, afirmou Serafim, sobre os dados da pesquisa, que ainda serão publicados na Revista de Psiquiatria Clínica da Faculdade de Medicina da USP. “As crianças são vítimas dentro de casa.”
A pesquisa coordenada pelo psicólogo mostra também que 63,4% das vítimas de abuso são meninas. Na maioria dos casos, a criança abusada, independentemente do sexo, tem menos de 10 anos de idade.
Para Serafim, até pela pouca idade das vítimas, o monitoramento das mães é fundamental para prevenção dos abusos. Muitas crianças agredidas não denunciam os agressores.
Elas, porém, dão sinais de abusos em seu comportamento, segundo Serafim. Por isso, as mães devem estar atentas às mudanças de humor das crianças. “Uma mudança brusca é a maior sinalização de abuso”, disse.
Pré-natal: exame obrigatório garante saúde de mãe e bebê
Éverton Oliveira - Redação Saúde Plena
O pré-natal bem feito garante a execução de duas tarefas de fundamental importância no momento da gestação: orientação e acompanhamento psicológico; e tratamento e prevenção de doenças. Sua principal função é selecionar as chamadas gestações de alto risco, onde mães e bebês teriam que ter uma assistência maior. Dessa forma, a grávida passa a fazer uma série de exames mais específicos, buscando fazer com que as condições de perigo sejam minimizadas, melhorando a vida da mãe e do feto. Este exame se vale das conquistas e desenvolvimento observados nas últimas décadas na obstetrícia, ramo da medicina que estuda a reprodução na mulher. Novos conceitos e procedimentos transformaram o segmento. Hoje, o especialista conta com ampla informação sobre os momentos que antecedem a concepção, desde a fecundação até o parto. Desta forma, a assistência pré-natal não é somente avaliação das condições de saúde do bebê, como muitas pessoas acreditam. O obstetra é capaz de reconhecer e antecipar todas as doenças relacionadas à mãe e filho. Inicialmente, o pré-natal consiste em consultas mensais, passando a intervalos menores, dependendo de cada caso e da evolução da gravidez. No início do pré-natal são feitos alguns exames básicos, como fezes, urina, hemograma, grupo sanguíneo, pesquisa de toxoplasmose, glicemia, rubéola, sífilis. Alguns exames ainda podem ser feitos para diagnosticar algumas doenças genéticas, como por exemplo, biópsia vilo corial para detecção principalmente da Síndrome de Down. |
Oxi, uma droga ainda pior
Pedro, de 27 anos, numa clínica para dependentes em São Paulo. Usuário de crack, ao provar oxi sentiu que sua vida estava em risco
Pedro tinha 8 anos quando começou a fumar maconha. Aos 14, experimentou cocaína. Com 19, foi apresentado ao crack. “Eu fumava cinco pedras e bebia até 12 copos de pinga.” Em janeiro deste ano, seu fornecedor de drogas, em Brasília, passou a oferecer pedras diferentes, com cheiro de querosene e consistência mais mole. Pedro estranhou. “Dizia a ele que a pedra estava batizada, que não era boa. O cara me dizia que era o que tinha e ainda me daria umas (pedras) a mais.” Não demorou para Pedro notar a diferença no efeito. A nova pedra era mais viciante. Para não sofrer com crises de abstinência, dobrou o consumo para até dez pedras por dia. Descobriu então que, em vez de crack, estava fumando uma droga chamada oxi. “Quando soube, vi que estava botando um veneno ainda maior no meu corpo. Fiquei com medo de morrer.” Aos 27 anos, depois de quase duas décadas de dependência química, Pedro sentiu que tinha ido longe demais. Internou-se numa clínica.
A história de Pedro (nome fictício) ilustra o terror provocado pelo oxi, droga que está se espalhando rapidamente pelo Brasil. O oxi está sendo tratado pelos médicos como algo mais letal que o crack, considerado até agora a mais devastadora das drogas. Mas é consumido por pessoas que não sabem disso, porque é vendido em bocas de fumo como se fosse crack. “O oxi invadiu os postos de venda tradicionais. Isso preocupa”, diz o delegado Reinaldo Correa, titular da Divisão de Prevenção e Educação do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), da Polícia Civil de São Paulo.
A primeira apreensão confirmada do oxi em São Paulo ocorreu quase por acaso. Em março, a polícia apreendeu 60 quilos de algo que foi classificado como crack. O equívoco foi corrigido quando esse carregamento foi usado numa demonstração para novos policiais. “Queimamos algumas pedras e, pelos resíduos, concluímos que era oxi”, afirma Correa. Quase diariamente, a polícia de algum Estado do Brasil anuncia ter apreendido a droga pela primeira vez (leia o mapa abaixo) . Em alguns casos, como em Minas Gerais, Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul, as primeiras apreensões foram feitas na semana passada. Não é que o oxi surgiu em tantos lugares em tão pouco tempo. Ele já havia se espalhado sem ser notado.
Como o crack, o oxi é vendido em pedras que, quando queimadas, liberam uma fumaça. Inalada, em poucos segundos vai para o cérebro, provocando euforia e bem-estar. “Visualmente, são quase idênticas”, diz Correa. A diferenciação pode ser feita pela fumaça, que no caso do crack é mais branca, ou pelos resíduos: o crack deixa cinzas, enquanto o oxi libera uma substância oleosa. Por causa da dificuldade em distinguir uma droga da outra, é impossível ter exata noção da penetração do oxi entre os usuários. “Sabemos apenas que ele está aqui há algum tempo”, afirma Correa.
Recente nos Estados mais ao sul do país, o oxi é velho conhecido dos viciados da Região Norte. Acredita-se que a droga entrou no Brasil ainda na década de 1980, a partir de Brasileia e Epitaciolândia, cidades do Acre que fazem fronteira com a Bolívia. O consumo da substância foi registrado por pesquisadores em 2003, quando Álvaro Mendes, vice-presidente da Associação Brasileira de Redução de Danos (Aborda), pesquisava o uso de merla, outro derivado da cocaína, entre os acrianos. “No primeiro momento, o oxi era usado pelas classes sociais mais baixas e por místicos que iam ao Acre atrás da ayahuasca (chá alucinógeno usado em cerimônias do Santo Daime)”, diz Mendes. A droga chegou à capital, Rio Branco, de onde se espalhou para outros Estados da região. “Hoje, é consumida em todas as classes sociais”, diz Mendes.
A dentista Sandra Crivello se lembra de quando viu o primeiro caso de dependência por oxi em São Paulo. Foi no fim do ano passado, quando recebeu uma ligação de uma Organização Não Governamental (ONG) que faz atendimento a jovens viciados em drogas. Queriam que ela atendesse um rapaz com problemas na boca. Encontrou o paciente na porta da ONG. A imagem do rapaz chocou Sandra, que há mais de 20 anos atende meninos de rua viciados. Loiro, pele branca e aparentando 20 anos, chocava pela magreza e pelo cheiro quase insuportável de vômito e fezes. “Ele estava em condição de torpor, parecia viver em outro mundo.”
– Foi você que veio me ver? Olha, está doendo muito – disse o rapaz, chorando, antes de puxar os lábios com força exagerada. Sandra não se esquece do que viu. “Tinha até osso necrosado.” Perguntou ao rapaz:
– O que você usou? Não vem me dizer que é crack que eu sei que não é.
– Eu bebi.
– Bebida não é. O que você usou?
– Foi oxi.
Sandra, que já tinha ouvido falar do oxi, diz que respirou fundo. “Agora que essa porcaria chegou aqui, não falta mais nada. Só pedi que Deus nos ajudasse.” Como Sandra, vários profissionais que têm contato com o mundo das drogas temem que o oxi tome o lugar do crack. Motivos não faltam, da facilidade de fabricação ao preço baixo. O crack é feito com pasta-base de cocaína, misturada com bicarbonato de sódio e um solvente, que pode ser éter ou amoníaco. É difícil obter grandes quantidades dessas substâncias, porque a venda é controlada pela Polícia Federal. Já o oxi é feito com pasta-base de coca misturada a cal virgem e a gasolina ou a querosene. “O refinamento do crack demanda uma cozinha e um processo laboratorial mais complexo”, diz Ronaldo Laranjeira, coordenador do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Para fabricar o oxi, basta misturar a pasta-base com um derivado de petróleo em qualquer panela. Pode ser feito no fundo de um quintal.” O resultado é que os traficantes podem cobrar preço menor. Se uma pedra de crack custa ao viciado entre R$ 7 e R$ 10 na “cracolândia”, região central de São Paulo onde usuários e traficantes circulam livremente dia e noite, a pedra de oxi sai por cerca de R$ 2. Esse valor torna a droga acessível a um público muito maior. “Dependentes buscam o que é mais barato”, diz Luiz Alberto Chaves de Oliveira, chefe da Coordenadoria de Atenção às Drogas da Prefeitura de São Paulo. Também procuram o que tem efeito mais forte e mais rápido. O oxi, ao que parece, atende a essas necessidades. E tem tanto ou mais poder de viciar que o crack. “O oxi parece gerar ainda mais dependência. É potencialmente mais forte que o crack, que já é muito destrutivo”, diz Cláudio Alexandre, psicólogo do Grupo Viva, que atende dependentes de drogas.
O agente penitenciário André (nome fictício), de 34 anos, morador de Rio Branco, no Acre, conhece bem os efeitos do oxi. “Quem usa chama de veneno”, diz. Como todo veneno, é traiçoeiro. André descreve o gosto da fumaça como algo “gostoso”. “Pega mais, dá uma viagem.” Não demora e surgem os efeitos adversos – dor de cabeça, vômitos e diarreias. E paranoia. André diz que ouvia vozes. “Era o demônio falando no meu ouvido.” Os efeitos também são físicos. “Via muitos usuários sujos de vômito e diarreia.” Mesmo assim, André não conseguia abandonar o uso. Vendeu o que tinha para comprar pedras. “Pedia aos boqueiros (quem trabalha nas bocas de fumo) que passassem na minha casa e pegassem tudo.” Geladeira, fogão, DVD, um a um, todos os móveis e eletrodomésticos foram trocados por pedras brancas. “Só não troquei a vida”, diz André, que está internado numa clínica ligada a uma ONG em Rio Branco. Ele afirma que só buscou tratamento porque, desempregado, não tinha mais dinheiro para abastecer o vício.
Paulina Duarte, da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), diz que o governo federal está avaliando o impacto do oxi. Junto com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Senad está finalizando uma pesquisa sobre o uso de derivados de cocaína no país. O estudo incompleto sugere que, pela facilidade com que é produzido, o oxi pode subverter a lógica usual do tráfico. “Não há um fornecedor fixo que distribui um só produto”, diz Paulina. “A droga é produzida em casa, de forma primitiva e artesanal.” Uma nova organização do tráfico poderia exigir uma mudança na forma de repressão policial. “Para combater o oxi, não temos de caçar apenas grandes traficantes”, afirma Paulina. “Precisaremos de uma polícia ativa, que atue diretamente nos pontos urbanos.”
Também é preciso que o serviço de saúde tenha exata noção das substâncias que compõem o oxi, a fim de entender seus efeitos e propor tratamento adequado. Por enquanto, faltam estudos laboratoriais que atestem a composição da substância. Na década de 1980, a Alemanha queria montar uma política para diminuir as mortes provocadas por overdose de heroína. Descobriu-se que o que estava matando era uma versão da droga com aditivos. Somente a partir dessa constatação o serviço de saúde organizou a melhor forma de tratamento. O Brasil suspeita, mas não tem certeza, do que é feito o oxi. Saber é o primeiro passo de uma longa batalha contra a nova droga.
Saiba maisDroga de várias cores invade cracolândia
Folha de S.Paulo
Enquanto a polícia faz apreensões cada vez maiores de óxi, na cracolândia --reduto de usuários de drogas no centro de São Paulo-- não há distinção entre o crack e o seu genérico, anunciado como mais potente e mais barato.
Em alta na área está o "hulk": uma pedra de crack verde, que teria pureza maior e efeito mais duradouro. O nome se refere ao herói dos quadrinhos que ganha superpoderes ao virar um gigante verde, o Incrível Hulk.
Faz sucesso também a pedra vermelha, a "Capitão América". Para a polícia, o crack colorido é uma forma de o traficante enganar os usuários e aumentar o preço.
Apesar da propaganda, a pedra tem preço tabelado, não importa a mistura: R$ 10. Nêga, apelido da mulata de corpo musculoso, puxa papo: "Esse óxi não tá com nada. Bom mesmo é o 'hulk'".
"Esse é bagulho bom", confirma Cabral, chamado de Velho, sobre a pedra verde.
No mês passado, foram apreendidos 50 kg de crack rosa na Baixada Santista. "O traficante precisa encontrar um diferencial. Mudando a cor da pedra, ele convence o usuário de que seu produto é mais puro ou mais forte do que o do concorrente", afirma o delegado Reinaldo Correa, do Denarc (departamento de narcóticos).
Já o óxi é da mesma cor da pedra tradicional, entre o marrom e o amarelado. Feito da pasta base de cocaína acrescida de solventes como querosene e gasolina, o "bagulho novo" só é diferenciado por entendidos.
É o caso de Jennifer, travesti de 24 anos, oito deles entre idas e vindas na cracolândia. "Tive o privilégio de usar o óxi, porque os irmãos [traficantes] abriram para mim", relata. "Bate uma adrenalina mais forte, mas o efeito vai embora rápido."
13 de Maio: Uma reflexão necessária
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Entre a Senzala e a Ante-Sala
Não podemos pensar que investindo quantias absurdas em policiamento estaremos garantindo segurança à sociedade.
Por Denis Denilto Laurindo*
Somos praticamente a metade da população brasileira, ou seja, pretos e pardos são 96 milhões de pessoas nesse país. Evidente que o número da população não tem representatividade proporcional nas instituições de poder e de gestão da sociedade civil. Não estamos nas TVs, não estamos nos jornais, não estamos nos comerciais nem como queríamos, nem como devemos. Neste sentido é nosso dever gritar para que definitivamente se faça a justiça que realmente coloque nosso país no caminho do desenvolvimento humano.Insistimos que, falar do negro, falar da negra não é um falar isolado na política brasileira. Não estamos reivindicando somente direitos e deveres que nos foram historicamente negados. Estamos atentando para que a sociedade brasileira perceba que não promovendo o que é de direito à maioria da população, jamais construiremos um mundo democrático pleno de riqueza e segurança neste país.
Não podemos pensar que investindo quantias absurdas em policiamento estaremos garantindo segurança à sociedade. Não podemos pensar que investindo em estrutura garantiremos melhor condições de vida a nossa população. Não podemos conceber em uma sociedade democrática a falsa ideia de que somos iguais, quando somos diferentes em concepção, visão e organização social. E por isso somos a diferença necessária para a formação da brasilidade a tanto profetizada nos anais academicistas. Queremos investimentos em ações afirmativas que cercam o racismo, a homofobia, o sexismo e o preconceito religioso. Isto porque em nossa "casa grande" tem sempre lugar pra mais um. Mais um no sofá, no chão com colchão ou mesmo na cama dividindo espaço, não importa! Em nossa panela por menor que seja, além do arroz e do feijão, cabe o amor que une e reúne em torno da mesa, diferentes cores, formas e mundos. Em nossa "casa grande" não há senzala. Embora a vejamos além da porta, no lado de fora, lá: na rua, na praça, no shopping onde nos rotulam, nos estigmatizam e nos desprezam. Há sempre uma Senzala nos querendo aprisionar e há sempre um navio nos afastando do nosso modo de existir. Mas nós sabemos dizer não. Não concordamos! Quanto ao seu não ele só nós faz resistir. Não! Nós nos reconhecemos. Não! Nós nos empoderamos e a cada seu não, nós nos organizamos.
Os quilombos sempre foram lugares onde a partilha fora o fulcro, ou se melhor, fora o centro e estrutura da comunidade resistente. A maneira mais fiel de fazermos justiça social é a de resgatarmos as sociedades de quilombos. Onde a utopia se fazia presente em sua forma de organização. Onde o agora já, de uma sociedade ideal, se fazia presente mesmo nas relações comerciais entre negros, índios, ciganos e brancos. Pensemos em igualdade de condições como nas comunidades quilombolas.
Se somos filhos de Zumbi! Devemos buscar sempre a justiça, a sabedoria para que ela possa transmitir aos que não entendem, o real sentido de Pertencimento. Se somos filhos de Zumbi! Devemos ensinar o significado e a força de nossa ancestralidade e como ela nos faz viver e resistir. Sim, somos filhos de Zumbi! Por isso nós: do movimento negro, da nação quilombola, da religiosidade de matriz africana, da população negra deste Estado, deste país. Devemos nos revoltar sempre, devemos gritar constantemente, devemos lutar eternamente para que seja feita a justiça conforme está prescrita nos cânones da constituição que fora construção ideal de uma nação sofredora.
"Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade".
*Denis Denilto Laurindo é professor de filosofia, coordenador Geral da Unegro/PR, membro do Diretório Estadual do PCdoB do Paraná.
O pai do hip-hop brasileiro como ele é
Por Tatiane Ribeiro
Sem glamour nem holofotes, a mensagem é clara. “Se alguém disser que hip-hop é moda, então eu digo que é a moda mais longa do mundo, porque desde o início dos anos 80 o hip-hop já estava nas ruas”, dispara Nelson Triunfo.
Caminho pelas ruas e vielas do bairro da Penha, em São Paulo, em companhia de um dos precursores do hip-hop no país. Mas Nelson Gonçalves Campos Filho, 56, faz questão de frisar que não se sente a vontade com o título. “Eu sempre vi isso, de viver de arte, como ser guerreiro.”
Nelsão, como é conhecido, nasceu na cidade de Triunfo, no sertão de Pernambuco. No meio do baião de Luiz Gonzaga, ouviu também a batida forte das músicas de James Brown, através das ondas do rádio. Mesmo sem saber que estilo era aquele, deixou o cabelo crescer e começou a ler sobre Toni Tornado, que chegava do exterior com um novo jeito de dançar.
Com tanta personalidade, o homem que já viajou com a família em um pau de arara, durante 15 dias, para chegar ao Rio de Janeiro, persistiu no gosto e se tornou o “pai do hip-hop brasileiro”. Passou dificuldades na vida, apanhou da polícia e resistiu. Em 2006, representou o país na Copa da Cultura 2006, em Berlim, na Alemanha.
Atualmente, Nelsão coordena a Casa de Hip Hop de Diadema e ainda encontra fôlego para ter aulas de inglês. “Quero aprender mais outros dois idiomas.”
São tantas as suas histórias que o jornalista Gilberto Yoshinaga está escrevendo, desde 2009, sua biografia. “Nelson Triunfo – Do Sertão ao Hip-Hop”, produzido de forma independente com o apoio da Seppir (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), não tem data para ser lançado.
Enquanto o livro não sai, Nelsão conta um pouco da sua história para o Mural.
(Confesso: a conversa foi tão boa, que foi difícil cortar.)
Como foi o começo?
Costumo dizer que eu “sai me criando”. Na juventude, eu e meus amigos éramos considerados rebeldes por ouvir as músicas “gringas”. Havia muito preconceito. Gozavam do nosso cabelo grande, mas não dávamos atenção. Éramos o calo no sapato mesmo. Minha cabeça estava 20 ou 30 anos à frente daquela geração. Com 16 anos eu fui para Paulo Afonso, na Bahia, e lá ouvi pela primeira vez o vinil do Toni Tornado. Montei, com mais dois amigos, o primeiro grupo de dança soul, do nordeste brasileiro. Mas durou apenas dois anos, porque me mudei para Brasília, para estudar. Lembro de um professor que na frente dos outros 45 alunos disse que me daria um emprego de gerente se eu cortasse o cabelo. Eu agradeci, mas disse que não poderia ficar porque partiria para São Paulo. Eu tinha certeza absoluta que precisava ir.
O que aconteceu quando chegou a São Paulo?
Era a época do militarismo. Conheci Toni Tornado e outros artistas, mas tinha problemas com a lei por causa do cabelo “black Power”. Dançava na rua 24 de maio, no centro da cidade. Os policiais chegavam e batiam. Sentia raiva e vontade de fazer mais. Muita gente chegou a dizer que dançava por diversão e eu respondia que quem conhecia resistência devia saber o que significava. Porque apanhar e depois voltar para fazer a mesma coisa, não tem nada a ver com curtição. O que eles diziam ser vagabundagem, eu queria provar que era arte. E, em um país onde nem os bailarinos clássicos conseguiam sobreviver do seu trabalho, tudo era muito difícil. Pelo menos os bailarinos eram respeitados. Nós éramos chamados de palhaços. Mas enquanto pensavam que éramos apenas um monte de doidos reunidos, com cabelão e roupa colorida, nós articulávamos as ações.
Qual o motivo de tanto preconceito?
Toda sociedade reflete a sua educação. A nossa é uma educação europeia que foi muito boa para os europeus, mas agora nem para eles funciona mais. Fizeram acreditar que só pessoas de família nobre poderiam ter destaque na sociedade. Muitos nordestinos diziam para mim que nunca conseguiriam mudar de vida, porque eram negros. Conformaram-se com esse método, de forma inconsciente. Por exemplo, verbos como a palavra “denegrir” são preconceituosos e estão enraizados no vocabulário brasileiro. Tratavam tudo que vinha do povo de forma pejorativa. E como o hip-hop veio associado às favelas, quem estava em suas casas de luxo não queria saber o que estava acontecendo naquela realidade. Chamavam os artistas de drogados, que só sabiam falar mal da polícia. E, na verdade, fomos nós que levantamos questões hoje muito presentes, como a milícia no Rio de Janeiro. O hip-hop fez nos últimos anos o papel questionador que a MPB fez na ditadura.
Mudou muito atualmente?
Melhoramos bastante. Temos vários jovens que sobrevivem de oficinas culturais, que são microempresários, muitos que não conheciam nem o centro de São Paulo e hoje vivem viajando para Berlin, Copenhagen, Paris, Lisboa, Madri e até a Finlândia. Foi por meio da linguagem do hip-hop que conseguimos fazer uma educação paralela dentro dos bairros. A contribuição foi muito grande. Agora, na casa do hip-hop, tem até mães que levam seus filhos e ficam lá esperando eles dançarem.
Como é ser precursor do hip-hop?
Eu senti pesar os meus pés somente em um show no Sesc Itaquera, em 1999, quando o meu filho me perguntou o que eu sentia ao ver aquele lugar tão cheio. Mas eu fujo de títulos, porque vivo no presente, de forma simples. Penso em algo e faço tudo para dar certo. E depois parto para outra. Não me acomodei com as porradas que levei.
Como o hip-hop faz o trabalho de inserção social?
Atraímos os jovens pelo que eles mais gostam de fazer. Muitos chegam lá doidos para grafitar, dançar. Damos a oportunidade de fazer o que quiserem, mas mostramos que é preciso conhecer outras coisas. Funciona com uma troca: você abriu um espaço para ele e ele vai abrir o coração para você. Para quem quer pintar, pedimos para estudar sobre Picasso, Van Gogh. Para quem quer fazer rima, mostramos a embolada, questionamos o que entendem das letras de Jackson do Pandeiro. Fizemos um evento sobre Lima Barreto, Machado de Assis, Cruz e Souza e Luiz Gonzaga.
O hip-hop é contestador?
Sim, mas também é divertido, porque é alegre e dançante. Claro que a politização vem em primeiro lugar, mas não deixamos de fazer humor dentro disso. Com o hip-hop nasceu dentro da concepção do coletivo, ele é a favor da diversidade. Tem a letra do cara que nunca saiu da favela. Ele não vai falar de Romeu e Julieta ou da guerra em Bagdá, vai contar a realidade dele ali. Tem outro que mora na quebrada, mas já viajou por diversas capitais e vai misturar as referências. Tem o que desencanou desse mundo e acha que a religião é a saída, então fará uma letra gospel. Dentro da dança, tem o b-boy de Pernambuco que vai misturar o frevo, o da Bahia que prefere incluir os movimentos da capoeira. Estar aberto a outras manifestações é muito importante contra a alienação.
O que o hip-hop traz de bom para o jovem?
Primeiro é a sociabilização. Dentro de um espaço de hip-hop com cunho social, as pessoas se tratam como iguais. O jovem passa a se sentir inserido a partir do momento que os outros começam a se interessar pelo que ele faz. E não é a música ou a dança que são os pontos fortes, mas a conscientização. A partir dela, passam a ser politizados e isso é muito importante para que não ninguém seja feito de fantoche. A juventude sempre foi a mudança de um país. Quando alguém pensa que está tudo bem, isso é muito perigoso, porque assim começam a ser inseridos numa cultura de massa que não agrega nada.
Para acompanhar os bastidores da biografia em produção:
http://biografiadenelsontriunfo.blogspot.com/