Grafite por toda a parte


Por Daniela Araujo

A cena do hip hop em São Paulo é forte, e vem conquistando um dialogo e respeito muito grande na cidade, saindo das periferias e conquistando seus espaços no centro. Dentro desse movimento, existem as militâncias, que são representadas por cada “personagem”, como o grafite, o break, o MC e o Dj.

Um dos berços do movimento foi a Casa do Hip Hop em Diadema, que foi criada pela necessidade dos jovens se organizarem para obter espaços para ensaios, encontros, oficinas e workshops específicos. Foi, portando, um espaço conquistado por meio da organização da população. Esse movimento se espalhou e hoje paulistanos são referência do grafite brasileiro, o que atrai muitos artistas de outras cidades e países em busca de um muro para deixar a sua marca nessa grande metrópole.

A arte se espalha pela cidade, e na zona leste chegou com força total. A Mostra de Cultura Urbana, que aconteceu em São Miguel Paulista em novembro, trouxe grafite, skate, b.boys (de “breaker boy”) e b.girls (de “breaker girl”) para a zona leste da cidade de São Paulo. “Nossa idéia é incluir a arte onde ela não existe”, justifica João Paulo Alencar, 26, ou Todyone, como é conhecido um dos artistas idealizadores da mostra.

Durante o evento, 180 artistas preencheram 2,5km de muro da CPTM na rua Papiro do Egito, em São Miguel Paulista. A Suvinil, por meio do artista Rui Amaral, um dos parceiros, doou 2.500 latas de sprays e 80 latas de 18 litros de látex. “O legal foi incluir a comunidade na pintura, ou seja, não precisava ser grafiteiro para pintar, você pegava a tinta, os pinceis, os sprays e os rolos e pintava”, conta Todyone.


Confira a entrevista ao Mural do b.boy e grafiteiro Todyone:

Como iniciou seu trabalho com grafite e artes visuais?

Eu já desenhava desde cedo. Mas quando comecei a ver o desenho de uma outra forma, procurei uma oficina de grafite em Diadema, na Casa do Hip Hop, onde fiz oficina com o Chorão, do AVcrew, e comecei a pintar.

E como virou b.boy?

Como eu já era capoeirista, peguei o bonde de fazer oficina de break em 1999, com a Banks Back spin crew, fiz algumas aulas e aí comecei a treinar break e a grafitar. Em 2001, um trabalho meu foi parar na revista “Rap Brasil” e, em 2002, entrei para o grupo Estilo de Rua Crew STILO DE RUA CREW, onde fomos campeões de destaque do break (Prêmio Hutús de hip hop promovido pela Central Única das Favelas (Cufa) e prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, em 2004 e 2007). Daí começaram os convites para participação em filmes, documentários e programas de TV.

E hoje, como você trabalha com esses dois elementos do hip hop, o break e o grafite?

Ministro oficinas dos dois, em vários locais da cidade. E sou professor de artes e break na ONG Centro Infanto Juvenil de Acolhida Santo Agostinho.

Daniela Araujo, 24, é correspondente comunitário de Interlagos.
@danidollskt
danielaaraujo.mural@gmail.com

Nenhum comentário: