“Navio Negreiro” nas mãos de um rapper

Por Indira Nascimento

“Fiquei um bom tempo sem lançar nada, mas agora veio tudo de uma vez”, Slim.

O rapper Slim Rimografia, veterano da cultura hip-hop, iniciou sua carreira como b-boy, passou pelo grafite e, hoje, é um dos nomes mais lembrados e respeitados do freestyle brasileiro. Como MC tem três discos lançados: “Financeiramente Pobre” (2003), “Introspectivo” (2006) e “Mais que Existir” (2011), com Thiago Beats.

Após cinco anos sem lançar composições, o artista amadureceu e percebeu que a paixão pela música e a veia artística ainda pulsam forte em seu peito. Ritmo e poesia estão mais presentes do que nunca na vida e na carreira de Slim. “O convite para escrever o livro surgiu nesse período e foi um grande desafio”, conta.

Seu livro será lançado nesta sexta, 6/5: “Navio Negreiro”. Uma adaptação musicada do poema de Castro Alves, que marcou a história da literatura brasileira.

O Mural conversou com Slim sobre sua recente produção. Leia trechos abaixo.

Fotos de Luma di Paula

Como surgiu a ideia do livro?

Foi um convite da editora Panda Books, que surgiu em um dos saraus astronômicos lá no centro Cultural Vergueiro. A Tati [da editora] conheceu meu trabalho e as rimas e falou que tinha vontade de fazer alguma coisa.

E a música como surgiu?

A ideia da música surgiu depois, eu criei um refrão e modifiquei poucas coisas do poema original. Foi mais para ser um segundo material mesmo.

A música tem a participação de uma figura importante do sarau da Cooperifa, que é a dona Edite. Como aconteceu essa parceria?

Num pedaço da música tem um trecho do texto original do poema do Castro Alves, que quando eu comecei a escrever a composição já pensei na dona Edite. Eu queria alguém que conseguisse trazer a mesma energia, a mesma emoção. Daí eu a convidei e ela ficou super feliz. Ela já sabia esse poema de cor, foi muito legal!!!

E como os interessados podem ouvir a música?

A canção vai estar disponível no meu site e no site da editora. A ideia da música é que, assim como o livro, as pessoas possam guardar. Além disso, os dois materiais foram feitos para serem trabalhados em sala de aula, nas escolas.

Castro Alves quando escreveu o poema Navio Negreiro era um jovem assim como você. Qual a relação entre vocês?

Acho que a poesia transcende tudo, ela conecta pessoas, conecta o tempo. Eu acho que não existe idade para um poema, eu fico sempre pensando nisso. O poema pode ter 200 anos, mas para quem esta lendo é novo. Acredito que arte tem esse poder. Eu fico pensando o que será que motivou o cara a escrever aquilo e relaciono com o que me motivou a reescrever também. E pode ser que daqui a 100 anos alguém também faça uma releitura do meu poema. A pessoa pode comprar esse livro em algum sebo, e entender o que acontecia com a gente. Como a gente faz quando lê o poema do Castro Alves, e entende um pouco do que aconteceu naquele tempo.

http://www.4shared.com/audio/DcqZeLBi/Slim_Rimografia-_Navio_negreir.html

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