EXPLORAÇÃO SEXUAL: Á MARGEM DA DIGNIDADE




Número de pontos de abuso contra crianças e adolescentes em estradas federais dobra em dois anos em Minas e é o maior do país, segundo a Polícia rodoviária. programa custa R$ 10


O drama das meninas é o retrato do estigma que Minas Gerais carrega por concentrar o maior número de pontos de exploração infantil do país. Ontem, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) divulgou o Mapeamento dos Pontos Vulneráveis à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes nas estradas federais, que indica 252 áreas em rodovias do estado. O número é quase o dobro (89,47%) do registrado na pesquisa de dois anos atrás, quando havia 133 pontos. O estudo qualifica o tipo de risco e mais da metade deles está nas categorias de risco alto e médio.
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No Dia Nacional de Luta contra o Abuso e a Exploração Sexual Infantil, o mapeamento mostra que o estado lidera o ranking dessa estatística. Em todo o país, de acordo com monitoramento de agentes da PRF, são 1.776 pontos de vulnerabilidade (14,18% em Minas).
O resultado do mapeamento é preocupante, mas tem um aspecto positivo, porque mostra também o aumento da conscientização de que esta é uma briga da sociedade, que percebe esta situação como crime e violência. As estradas têm sempre grande potencial para exploração sexual de menores por causa do trânsito interestadual e da rota de tráfico, comum a esses lugares. Essa é uma das piores formas do trabalho infantil.
Para a subsecretária de Direitos Humanos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, Carmem Rocha, o aumento do número de pontos não está diretamente ligado ao aumento da violência. Segundo ela, a exploração e os crimes sexuais, de maneira geral, têm mais visibilidade.  “Além da malha rodoviária enorme no estado, há o aspecto da subnotificação. O problema pode ser maior do que parece”, admite ela. “O violador está na família, convive  com as  crianças, porque normalmente é um tio, um pai, padrasto, irmão, muitas vezes com o conhecimento da mãe. É uma questão histórica e cultural, uma violência quase endêmica, porque, na maioria dos casos, o violador de hoje já foi violado ontem.”
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A subsecretária lembra que o incentivo à denúncia (0311119 – ligação anônima e gratuita) é muito importante e funciona como uma “luz no fim do túnel”. “Não fazemos mais campanhas, é um processo de mobilização contínuo, principalmente com caminhoneiros, que são nossos parceiros”, diz. Nos últimos três anos, o Disque Direitos Humanos da Secretaria de Desenvolvimento Social recebeu 8.903 denúncias de crimes contra crianças e adolescentes, média de oito por dia. Os crimes sexuais somam 1.970 ligações. Em 2011, o serviço registrou 2.038 denúncias. Os crimes de abuso, exploração e violência sexual correspondem a 17% desse total, com 338 denúncias. Entre janeiro e abril deste ano, foram 735 ligações, 90 sobre crimes sexuais.

Por: Paula Sarapu e Mateus Parreiras
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