Metamorfose underground


Mercado das Borboletas se firma como local para eventos e festas alternativas em BH. Responsáveis pelo espaço planejam ampliação, com investimento de R$ 50 milhões

Por:Ana Clara Brant
“O Mercado das Borboletas é a bola da vez, por isso a gente está acreditando muito. BH precisava de um lugar como este.” É assim que o produtor e DJ Filipe Skull define o local que está se tornando um dos points da cultura e das artes na cidade. Localizado no terceiro andar do Mercado Novo, na Avenida Olegário Maciel, no Centro, o espaço estava praticamente abandonado desde a sua construção, em 1962, e foi revitalizado e “reciclado” para receber eventos culturais independentes de Belo Horizonte. “A partir do momento em que vi o espaço, comecei a pensar no que queria fazer. Aqui sempre tem coisas inusitadas acontecendo. Raramente é só uma festa. Não é puro entretenimento. Temos instalações, exposições, oficinas, performances e cada dia que você vier aqui vai se deparar com algo novo”, comenta o idealizador do Mercado das Borboletas, o artista plástico Tarcísio Ribeiro. O nome é uma referência à capacidade da borboleta de se renovar e se transformar, e de sua aparição em um ambiente natural degradado, como indicativo ecológico de retomada da vida.

Além de todo o projeto de estímulo à produção e à criação artística em setores como moda, cinema, fotografia, música, artes visuais e gastronomia, o mercado vem ampliando o número de eventos e shows. Os promoters da capital descobriram o lugar e o mais interessante é que ele consegue reunir estilos e tribos bem diversificados. “É literalmente um mercado novo para ser explorado em BH. Quem faz festa aqui uma vez faz várias. Ele tem tudo para bombar mesmo”, acredita Fael Miranda, DJ e produtor de festas bem badaladas do Mercado das Borboletas, como a Sexta Básica e a Alta Fidelidade, cuja próxima edição acontece no dia 15. Na semana passada, Fael se uniu a outros promoters para organizar o eclético BemBolado – Experimento 3, que fez uma junção de rock’n’roll, eletrônico, pop, black music e samba, e deve integrar a programação esporádica do Mercado das Borboletas. “Essa festa reuniu vertentes diferentes e fez um casamento perfeito. Só num lugar como esse isso é possível. É underground, bacana e alternativo”, observa Van Vandilson, um dos produtores do Forró da Borboleta, que se realiza todas as quintas-feiras.
A confiança e o entusiasmo no local são tão grandes que o músico Pedro Campolina, um dos organizadores do Samba do Brasil, projeto realizado aos domingos, está voltando a morar no Brasil, depois de temporada de nove anos na Inglaterra. Para ele, o Mercado das Borboletas é inovador e rústico, ele acredita que com a chegada de eventos internacionais importantes, como a Copa das Confederações, em 2013, e a Copa do Mundo, em 2014, BH vai explodir culturalmente. “E certamente este será um dos espaços que vão ganhar muito, principalmente com o fluxo de estrangeiros. Quando o conheci, fiquei maravilhado. É um lugar do futuro e posso lhe garantir que o mercado pesou muito na minha decisão de voltar em definitivo para o Brasil. Estou apostando bastante”, destaca Pedro.

Começo O artista plástico Tarcísio Ribeiro acredita que o segredo do sucesso é que o ambiente consegue acolher todos os estilos de música sem abrir mão da qualidade. E, consequentemente, os mais variados tipos de pessoas estão descobrindo esse point cultural. “Quanto mais o tempo passa, mais agrego as tribos. As pessoas que não têm onde fazer o seu evento acabam me procurando e tento sempre acolher. Até casamento já promovemos aqui. Nas festas, tivemos desde a viola caipira até o Anderson Noise (música eletrônica). Tem rock, samba, choro, reggae, black music. Sou um dono de espaço que não visa o lucro. Aposto no diferente e tento sempre privilegiar a arte mineira”, frisa.
O idealizador do Mercado das Borboletas revela que sua iniciativa ainda está dando os primeiros passos e que a intenção é fazer o quarto andar do prédio e construir uma arena com capacidade para 7 mil pessoas, com 18 bares, 4 mil metros quadrados de área verde, para se tornar um grande polo de cultura e eventos da capital. “Quero levantar pelo menos R$ 50 milhões para poder construir essa arena e já vou começar a mobilizar pelas redes sociais. Temos algumas questões para melhorar, como ampliar o número de banheiros, estamos instalando redes de segurança, mas tudo é questão de tempo e dinheiro. A gente espera contar com um apoio de patrocinador também”, planeja Tarcísio.
O diretor da empresa que detém 70% do Mercado Novo, Gabriel Castro Filho, endossa a proposta de Tarcísio Ribeiro e defende que o Mercado das Borboletas tem um potencial para se expandir e se consolidar como um espaço de vanguarda em Belo Horizonte. “Se não acreditasse nesse projeto, não entraria de cabeça como entrei. A ideia é nova, tem essa questão da ocupação do Centro por meio da arte, que é necessária. A cidade precisa disso. Boa parte das grandes festas hoje são longe da cidade, nos condomínios. As pessoas pegam estrada para poder se divertir. E o nosso mercado é bem central. Tenho certeza de que estamos só no começo. Muito ainda está por vir”, sonha Gabriel.
Mercado das Borboletas
Av. Olegário Maciel, 742, 3º piso do Mercado Novo, Centro. Os preços dos ingressos variam de acordo com o evento.

O que rola
•Forró da Borboleta – às quintas, a partir das 22h
•Alta Fidelidade – sexta-feira, a partir das 22h
•Samba do Brasil – aos domingos, a partir das 16h
•Calourada da Belas-Artes da UFMG – dia 23
•Festas do N Design (Encontro Nacional dos Estudantes de Design) – de 15 a 22/7
•3ª Virada do Mercado – agosto (ainda sem dia definido)
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