Araguaia: do mito ao homem Preto Chaves

Há dois anos pesquiso a biografia do dirigente comunista e guerrilheiro do Araguaia Francisco Manoel Chaves, ou apenas Francisco Chaves, ou talvez ainda José Francisco Chaves, ou, como recentemente noticiado, Edmur Bequis de Camargo. Muitos, como João Amazonas e Graciliano Ramos, o chamavam de Preto Chaves, outros por Zé Francisco, ou Preto Velho.


Por Agildo Nogueira Junior*


Foto Única - Arquivos da Guerra do Araguaia

Com tantos nomes pode-se imaginar a dificuldade de tal pesquisa. Mesmo tendo sido suplente do Comitê Central do PC do Brasil, eleito na Conferência da Mantiqueira, são poucas as informações sobre ele. A mais consistente, até o momento, é que era marinheiro e participou do levante de 1935. Preto Chaves viveu quase toda a sua vida adulta na clandestinidade, e foi bom nisso.


Mas os primeiros resultados começam a aparecer. Como a foto que ilustra esta matéria, a primeira que encontro. Ela foi publicada em janeiro de 1946 no jornal Hoje, um dos muitos jornais comunistas editados na década de 1940. Ele e os companheiros Carmínio Casamante – do comitê municipal de Sorocaba – e Orlando Burgos de Carvalho, de Barretos, voltavam de uma reunião ampliada do Comitê Nacional do Partido, no Rio de Janeiro. Ao que se sabe, até hoje sua fisionomia era desconhecida da maioria. Até no cartaz que mostra os guerrilheiros do Araguaia, consta o seu nome mas nenhuma foto.


Outra descoberta preciosa, que vai dando existência real ao imortal Preto Chaves, é a respeito de sua data e local de nascimento. Os indícios são de que tenha nascido no início do século 20 e que seja mineiro, ao invés de carioca como até agora se supôs.


Ainda há muito a ser pesquisado sobre sua história. Foi um período de grande efervescência política, tanto partidária quanto nacional. Uma pesquisa pessoal impõe grandes desafios e investimentos para sua conclusão. Uma grande ajuda pode vir de pessoas que o conheceram pessoalmente e estejam dispostos a dar o seu testemunho. Todas as informações são bem vindas. Escreva para jr.agildo@ig.com.br.


* De Campinas

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