“Negros e Alvos” apresenta o "monstro" do Racismo

por cristiano

Numa estética artística que mescla dança contemporânea com a dramaturgia, as situações decorrem perpassando pelas relações familiares, religiosas e racista

Marcio Zonta

“È necessário escancarar esse monstro”. A afirmação parte de Monahyr Campos ao definir o que o motivou a escrever a peça “Negros e Alvos” que está em cartaz em São Paulo. O monstro ao qual se refere é o preconceito, que segundo ele eterniza toda a exclusão a que o negro brasileiro está submetido até os dias de hoje, inclusive utilizado pela elite brasileira como estratégia.

Por isso, sensibilizar o público, propor uma reflexão mais aprofundada sobre os aspectos do racismo que geralmente são ignorados pela população em geral é também premissa do espetáculo, abordando “os efeitos psíquicos da exclusão racial e do preconceito internalizado no inconsciente coletivo, além, principalmente de tentar destituir o mito que no Brasil não existe racismo", declara Monahyr.

Numa estética artística que mescla dança contemporânea com a dramaturgia da peça, além do musical presente em vários momentos do ato, as situações decorrem perpassando as relações familiares, religiosas e racista existente no seio da sociedade.

Alienação

No entanto, enganam-se aqueles que pensam que a abordagem da peça traz a imagem do negro na pobreza, miséria e exploração, justamente porque pesquisando ritmos tradicionais brasileiros há uns dez anos, visitando alguns quilombos e convivendo muito com ativistas da causa negra, Monahyr compilou material, entrevistas e observações de campo e chegou a uma conclusão que traça as características do ator principal: um jovem negro, formado em psicologia numa boa universidade, porém alienado do conhecimento de suas origens.

Com esse aspecto almejado para a peça, acompanhada pela reportagem em sua pré-estréia, mostra-se que muitas vezes os negros seguem preceitos e hábitos de vida dos brancos sem perceberam o quão isso afeta negativamente na propagação e preservação de sua cultura e religião.

Fomentando, assim, uma reflexão aos espectadores de que o negro de qualquer classe social pode viver imbuído num preconceito corriqueiro e quase sem notar os acontecimentos do dia-dia. Monahyr explica, “Em nossas pesquisas de campo, percebemos um detalhe impressionante: exceto os negros engajados na causa negra, nenhum dos entrevistados começou a conversa assumindo ter sido vítima de algum exemplo de preconceito racial. Depois de, em média, uns dez minutos, as pessoas iam, gradativamente se lembrando de casos escabrosos”.

Monahyr conclui, “vale a pena assistir, pois, o espetáculo antes de tudo é uma peça de teatro sensível, divertida e emocionante”.

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