Rodrigo Jose Xavier Pires de Moraes, dependente de crack que luta para se ver livre do vicio |
O eletricitário Rogério da Cruz, de 48, é um exemplo da invasão do crack na classe média. Ao longo dos 10 anos em que usou a droga, entregou para traficantes cinco carros e uma casa de praia. O momento mais crítico da dependência ocorreu durante a entrega de um dos carros. ''Estava na boca (ponto de venda de drogas) e dois traficantes me obrigaram a repassar o veículo. Pela negociação ficou acordado que eu teria um troco, que foi um pedaço de crack'', conta.
Muitas famílias recorrem a comunidades terapêuticas, em vez de clínica de internação, pela diferença de custo. O valor do tratamento é alto e a diária de internação, que deve ser no mínimo de quatro meses, pode chegar a R$ 350 - o tratamento completo custa, em média, R$ 6 mil. Nas comunidades terapêuticas, os usuários participam de grupos de apoio, atividades de lazer e esporte e também ficam mais distantes da droga. Mas podem sair a qualquer momento.
Marcos Vieira/EM |
Juliana Peroni afirma que a dinâmica familiar influencia o adoecimento do paciente. Por isso, paralelamente ao tratamento, deve ocorrer o acompanhamento da família. ''Toda a família deve aceitar o problema e lidar com a responsabilidade'', diz. Mas ressalta: ''Não se deve confundir culpa com responsabilidade''.
Para ela, o diálogo com os filhos ainda é a melhor forma de prevenção. ''Ter uma interação saudável com a família facilita o reconhecimento precoce da dependência.'' A dependência do crack, segundo a especialista, é reversível, mas ela não fala em cura. ''É um tratamento contínuo e para o resto da vida, mesmo que a pessoa nunca mais faça uso da substância'', afirma. A internação é apenas a primeira fase do tratamento de um dependente de crack. ''Depois da desintoxicação e de trabalhar a autoestima e o planejamento de vida do paciente, deve ser feita a ressocialização, com acompanhamento da família e do terapeuta'', explica.
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