O relatório relativamente otimista, “Direitos Humanos no Brasil 2010”, foi elaborado pela Rede Social de Justiça e Direitos Humanos. Seu diretor, Aton Fon Filho acentua o reconhecimento das cotas raciais e a redução do preconceito contra a mulher como contra (destacando a Lei Maria da Penha) como avanços que devem ser registrados.
Ele chama a atenção, entretanto, para graves violações que continuam ocorrendo em grande escala, uma preocupação confirmada pelo outro estudo, feito pelo Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e divulgado dia 8 pela Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela organização não governamental Observatório de Favelas.
Ele descreve em cores sombrias o estado da violência contra adolescentes no Brasil: em 2007, nos 266 municípios com mais de 100.000 habitantes, foram assassinados dois em cada grupo de 1.00O jovens entre 12 e 18 anos de idade. Se este ritmo não for reduzido, os autores do estudo calculam que 33 mil adolescentes serão mortos até 2013. Estes números equivalem às vítimas de uma guerra civil não declarada cujas vítimas estão neste fragilizado grupo de jovens.
Assassinatos são a causa de 45,5% das mortes nesta faixa de idade (quase metade); é o dobro das mortes por doenças (26,5%) e mais do dobro das mortes por acidentes (23,3%). As vítimas são principalmente do sexo masculino (12 rapazes para cada garota assassinada), negros (quase quatro para cada branco ou amarelo), e moradores das periferias, e as mortes são causadas principalmente por armas de fogo (revólver, pistola, espingarda, fuzil, metralhadora).
Uma explicação óbvia para esta realidade cruel é o envolvimento com crimes. Mas ela turva o entendimento do problema que revela, fundamentalmente, o descaso social, principalmente com as crianças mais pobres, a má qualidade das escolas públicas, a ainda hegemônica compreensão policialesca de questões sociais.
O Brasil vem avançando, é certo. Mas precisa reforçar seus ganhos civilizacionais e um dos maiores deles, que está em falta em muitos setores, é o respeito à vida.
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