'Se você é assaltado e chama a polícia (muitos não o fazem), já faz queixa sem esperanças de recuperar o que levaram ou ver os bandidos presos. Sabem também que, se o ladrão for encontrado, ficará poucos dias no xadrez'
| Não há, seguramente, outra atividade própria de Estado e na qual se revele tão latente a sua ausência como na segurança pública. Nós pagamos de impostos tudo o que recebemos por 148 dias de trabalho ao ano e não temos sequer o direito de sair de casa. E ainda somos forçados a conviver com a permanente invasão de privacidade, diante de câmeras espalhadas por todos os lados, em todas as partes da cidade.
É proibido morar em casa, conversar na rua, sair à noite, percorrer certos trechos do Centro aos domingos à tarde, enfim, não há nada que se possa fazer sem pensar se é seguro ou não. Nem mesmo dormir, se não for em um prédio com porteiro 24 horas ou em condomínio fechado com segurança permanente. Na escola dos filhos há segurança, no posto de saúde, na loja, no salão de beleza, na lanchonete, no cinema, no mercado...
Se você é assaltado e chama a polícia (muitos não o fazem), já faz a queixa sem esperanças de recuperar o que levaram ou ver os bandidos presos. Sabe-se também que, se o ladrão for encontrado, ficará poucos dias no xadrez. E você terá de conviver com policiais insatisfeitos, equipamentos ultrapassados e pouca ou nenhuma disposição para o trabalho.
Na rua de casa aparecerá um cidadão nunca visto avisando que convém a todos paga uma taxa, sob pena de terem suas residências visitadas pelos amigos do alheio. E viverá com medo sobre o que pode acontecer com os filhos, a esposa, o marido.
O que fazer? Rezar... Ou, como diz o livro sagrado, orai e vigiai porque não há vagas nas cadeias, a Justiça é lenta e cega, o sistema penitenciário é o caos e as autoridades dizem: “Está tudo sob controle”. | |
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