Hip Hop + Samba = Rompendo Barreiras

Samba e hip hop se unem em show de Fabiana Cozza e do rapper Renegado, no Lapa Multshow. Os dois gêneros têm em comum a origem, expressão cultural de comunidades da periferia
Janaina Cunha Me

Dani Gurgel/Divulgação / Marcelo Sant'Anna/EM-29/4/08 (destaque)
Fabiana Cozza faz show esta noite com o rapper Renegado (destaque)

A sambista Fabiana Cozza e o rapper Renegado se apresentam juntos hoje, no Lapa Multshow. O encontro marca a estréia do projeto Hip samba hop, em que eles mostram a mistura dos dois gêneros, que têm raízes na periferia. O resultado, avalia a cantora, demonstra a vitalidade desse intercâmbio de sonoridades, e vai ser levado também ao Sesc Pompéia, em São Paulo, em agosto, e ao Circo Voador, no Rio de Janeiro. Nos shows, eles contam ainda com a participação do DJ Zeu como convidado especial.

Simpatizante do rap e da filosofia cidadã da cultura hip hop, Fabiana Cozza conheceu o movimento com Rappin’ Hood, que participa do lançamento de seu próximo disco, no fim do mês, em São Paulo. Com o rapper mineiro ela desenvolve o primeiro projeto que propõe a mistura integralmente. “Renegado é mais um dos artistas importantes desse movimento, que toma conta do Brasil e se torna cada vez mais representativo. Ele é um músico talentoso, antenado com os acontecimentos da nossa geração e não está preso a uma única linguagem. Isso favorece muito a troca de idéias”, elogia a sambista.

Fabiana adianta que a base do repertório está nos sambas de roda, incluindo passagem com canções afrorreligiosas e cantos iorubá, de referência cubana. Essa variedade de ritmos permite estabelecer o nexo entre o samba e hip hop a partir das origens dos dois gêneros. “Originalmente, eles têm muito a ver. A origem social é a mesma, assim como é igual a necessidade de dizer algo a respeito de uma realidade com a qual não concordamos, em favor das ditas minorias, mas cada um da sua maneira e com linguagem própria”, explica. Fabiana também identifica similaridade entre o coloquialismo do samba e o caráter discursivo do rap. E lembra vertentes como o repente e a embolada como matrizes fundamentais. “Na verdade, trata-se da mesma música, que vem tomando contornos diferentes, como uma maneira de se adequar a seu tempo”, conclui.

Finalista do Prêmio TIM, na categoria melhor cantora de samba, Fabiana disputa o troféu com Alcione e Elza Soares, mas se sente já premiada pela indicação. “Estou concorrendo com duas referências da música popular brasileira, e isso já é uma grande vitória, um sinal de que estou no caminho certo como intérprete”, comenta. Para ela, a indicação representa estímulo para o desenvolvimento de trabalho cada vez mais aprimorado. A partir do dia 30, ela inicia nova série de shows para o relançamento do CD Quando o céu clarear, pela Atração Fonográfica. No palco, novos cenários e figurinos e convidados como a cantora Maria Rita, Chico César e o cubano Yaniel Matos, além do rapper Rappin’ Hood.

HIP SAMBA HOP

Show de Fabiana Cozza, Renegado e DJ Zeu, hoje, às 22h, no Lapa Multshow (Rua Álvares Maciel, 312, Santa Efigênia). Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada). Informações: (31) 3241-207

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