A informação é de Marcelo Paixão, pesquisador do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Os dados fazem parte do estudo que integra o 1º Relatório das Desigualdades Raciais no Brasil, que o Laeser pretende concluir até março deste ano.
E referem-se à taxa de adequação escolar, que reflete o percentual de crianças de uma determinada idade que freqüenta o nível de ensino equivalente à sua faixa etária.
Em 1995, o Brasil apresentava um percentual na taxa de adequação do sistema de ensino para o primeiro ciclo fundamental (crianças entre sete a dez anos de idade) de 52,5% de brancos e 30,7% de negros. Passados 11 anos, o índice entre as crianças brancas subiu para 62,2% e entre as negras, para 52,3%.
“Isso significa que o indicador entre as crianças negras melhorou mais rapidamente do na população branca”, diz Paixão.
Mas, segundo ele, a taxa de adequação de crianças negras em 2006 era igual a de crianças brancas em 1995. “Os indicadores reduziram. Mas é necessário observar que estão muito aquém do ideal. Esses indicadores ainda vão continuar se qualquer esforço verificado nos últimos anos não for mantido ou aprimorado".
Em relação ao segundo ciclo do ensino fundamental, relativo a crianças entre 11 a 14 anos de idade, o estudo mostra que, em 1995, a taxa de adequação entre brancos era de 31% e entre os negros atingia 12,1%.
Ensino Médio
Em 2006, o indicador subiu para 49,8% para as crianças brancas e para 33,1% entre as negras.
“Ou seja, metade das crianças brancas entre 11 e 14 anos de idade não estava estudando na série correta ou sequer estava estudando. A gravidade do indicador é dizer que, entre as crianças negras nessa faixa etária, 70% não estão estudando na série correta ou estão fora da escola”.
No ensino médio, em 2006, os indicadores mostram que 37,4% da população branca com idade entre 15 e 17 anos estudava série esperada. No caso dos jovens negros, o percentual passa era de 19,3%.
“Isso significa que 80% dos jovens negros ou não estão estudando ou estão estudando em uma série inferior a que seria a idade esperada”, observa paixão.
Ensino Superior
No nível superior, segundo o estudo da UFRJ, as assimetrias persistem entre negros e brancos. Isso pode ser observado pela taxa bruta de escolaridade, que mede o total de pessoas que freqüenta a universidade.
A taxa bruta para a população branca passou de 13,21%, em 1995, para 30,27%, em 2006. Para a população negra, o percentual subiu de 3,3% para 12,1% no período.
“Do total de negros que freqüentam o ensino superior frente a população que tem entre 18 e 24 anosde idade, apenas 12% estão na universidade”.
Quando se considera a taxa líquida de escolaridade - referente à população que tem entre 18 e 24 anos que está na universidade frente a população total nessa faixa etária - observa-se que a taxa líquida no terceiro grau entre os brancos passa de 9,2% para 19,5% entre 1995 e 2006.
Em outras palavras, dentre os jovens brancos brasileiros, um em cada cinco estava na universidade ou na faculdade nesse período.
"No caso dos negros, há uma mudança de 2% para 6,3%. Quer dizer que, dentre a população negra entre 18 e 24 anos de idade, 6% estavam na idade correta e freqüentavam uma universidade. Ou seja, metade da população negra que está na universidade já está acima dos 24 anos e reflete que a população jovem negra conhece a universidade e a faculdade de ouvir falar”.
Agência Brasil
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