Álcool na TV estimula consumo imediato de bebidas, diz estudo


Bebida (arquivo)

Participantes da pesquisa tinham cerveja, vinho e refrigerantes à disposição

Uma pesquisa liderada por cientistas da Universidade de Radboud, Holanda, sugere que as pessoas tendem a consumir álcool quando veem pessoas bebendo em filmes ou em comerciais enquanto assistem à TV.

Os pesquisadores monitoraram o comportamento de 80 jovens enquanto eles assistiam televisão e descobriram que os que viam mais referências a bebidas alcoólicas bebiam duas vezes mais do que os que não as viam.

"Nosso estudo mostra claramente que mostrar bebidas alcoólicas em filmes e propagandas não apenas afeta as atitudes das pessoas e as regras para bebida na sociedade, mas pode funcionar como uma sugestão que afeta o desejo e o subsequente consumo de bebida", afirmou o pesquisador que liderou o estudo Rutger Engels.

A pesquisa foi publicada na revista especializada Alcohol and Alcoholism.

Bebida na geladeira

A equipe de cientistas dividiu os 80 jovens, com idades entre 18 e 29 anos, em quatro grupos.

O primeiro grupo assistiu ao filme American Pie - A Primeira Vez é Inesquecível, um filme com muitas referências ao consumo de bebidas alcoólicas, e também assistiu às propagandas de bebidas que interrompiam o filme.

O segundo grupo assistiu ao mesmo longa sem interrupções de propagandas.

O terceiro grupo assistiu ao filme 40 Dias e 40 Noites, longa que tem menos referências a bebidas alcoólicas, interrompido por propagandas de bebidas.

O grupo final assistiu ao mesmo longa, mas sem as interrupções.

Durante a exibição os participantes tinham acesso a uma geladeira que continha cerveja, pequenas garrafas de vinho e refrigerantes.

Os que assistiram American Pie - A Primeira Vez é Inesquecível com as propagandas de bebidas consumiram quase três garrafas de bebidas alcoólicas, em comparação a 1,5 garrafa consumida por aqueles que assistiram 40 Dias e 40 Noites sem as propagandas de bebidas.

De acordo com o pesquisador Rutger Engels as descobertas da pesquisa sugerem que existem razões para restringir as propagandas e introduzir mensagens de alerta em filmes.

Mas Engels acrescentou que são necessários mais estudos para estabelecer as implicações das propagandas e referências a bebidas em filmes sobre o consumo de álcool a longo prazo.

O diretor-executivo da organização britânica Alcohol Concern, Don Shenker, disse que o estudo reforça a necessidade de se restringir ainda mais a propaganda de bebidas alcoólicas ou de se considerar sua proibição definitiva.

"Infelizmente a propaganda e promoção de bebidas alcoólicas em filmes e na televisão geralmente apresenta o ato de beber apenas como um ritual social positivo e não mostra os danos potenciais que a bebida pode causar", afirmou.

Normas da União Europeia determinam que os anúncios de bebidas veiculados nos países do bloco não podem promover o consumo usando crianças ou mostrar a bebida como uma ferramenta para sucesso social ou sexual.

A propaganda também não pode encorajar o excesso de bebida.

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