Lula culpa “brancos de olhos azuis”


Diante de premiê britânico, presidente brasileiro diz que negros e índios não podem pagar pela crise

Na busca por culpados pela crise financeira mundial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu ontem uma indicação ao dizer que foi causada por “gente branca de olhos azuis”. Ele acrescentou que agora não é justo negros e índios pagarem essa conta.

– É uma crise causada por comportamentos irracionais de gente branca de olhos azuis, que antes da crise parecia saber tudo e agora não sabe nada – afirmou, diante do primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Gordon Brown, e da imprensa britânica, quase todos com perfil semelhante ao descrito pelo presidente.

Questionado por um jornalista inglês se estaria adotando uma postura ideológica no combate à crise, Lula negou e disse que estava apenas “constatando um fato”:

– Como eu não conheço nenhum banqueiro negro ou índio, eu só posso dizer que (não é possível) que essa parte da humanidade, que é a mais vítima do mundo, pague por uma crise. O que nós percebemos é que, mais uma vez, grande parte dos pobres do mundo são as primeiras vitimas.

Brown evitou entrar na polêmica e afirmou apenas que a crise bancária começou no sistema norte-americano e que o resto do mundo teve de lidar com os problemas. Os dois líderes defenderam a regulamentação do sistema financeiro para evitar que a crise se repita.

O presidente brasileiro cobrou decisões na próxima reunião do G-20 (grupo que reúne os países ricos e os principais emergentes), em 2 de abril, em Londres.

– Se cometermos o erro de fazer uma reunião para marcar outra reunião, poderemos cair em descrédito e a crise se aprofundar – afirmou.

Brown foi mais específico e antecipou que na cúpula do G-20 proporá a criação de um fundo de US$ 100 bilhões “para assegurar que as empresas possam exportar”. As contribuições de cada país a esse fundo deverão ser discutidas, mas o premiê britânico disse confiar que o valor proposto será aceito pois é o “mínimo necessário” para impedir maiores efeitos sobre o comércio mundial.

Fonte Zero Hora

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