Literatura com sons e cores

Flávia Ayer
Daniel Monteiro grafitou na tela a própria identidade
Bárbara, A casa do girassol vermelho e outros contos de Murilo Rubião deixaram de ser apenas histórias do escritor mineiro. Eles ganharam sons e cores, a partir da criatividade de integrantes do projeto Arte Favela, criado em 2003 para aproximar jovens da Vila Presidente Vargas, no Bairro Goiânia, na Região Nordeste de Belo Horizonte, de diversas linguagens da arte contemporânea. Desde julho, oito jovens, de 15 a 23 anos, estudaram a obra do escritor, um dos mais importantes autores do realismo fantástico, que serviu de inspiração para raps, poesias e oito painéis grafitados. Ontem, foi a hora de mostrar o resultado do trabalho para a comunidade, durante o espetáculo Ritmo & Poesia – obras alusivas a Murilo Rubião, no Teatro Marília. “Assim, as pessoas podem reconhecer nosso trabalho e ver que na favela não tem apenas violência”, comenta Naiara Lelis, de 18 anos.

A exposição vai passar ainda por mais seis pontos da capital, como Praça Sete, rodoviária e até um beco, na Vila Presidente Vargas. Para se preparar para a exposição, os jovens tiveram oficinas de literatura e artes visuais. Em uma delas, eles receberam, inclusive, a visita da sobrinha do escritor, Silvia Rubião. “Percebi um interesse dos meninos em literatura e resolvemos trabalhar o grafite e o hip-hop em cima dos contos de Murilo Rubião. É uma fusão da identidade deles, marcada pelo hip-hop, com a cultura regional”, afirma Hely Costa, coordenador do projeto.


Fotos: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press
Jovens de vila do Bairro Goiânia criaram painéis com base na obra de Murilo Rubião

Daniel Monteiro, de 22, inspirado no conto “Os dragões”, grafitou na tela sua carteira de identidade, com foto irreverente. “Mostrei uma identidade própria, diferente do padrão”, comenta o grafiteiro, que, antes do projeto, se aventurava pichando as ruas da cidade. O Arte Favela conta com o patrocínio do Banco Mercantil do Brasil e, atualmente, tem 70 integrantes. Além do grafite, há oficinas de dança, arte digital, entre outras manifestações.

ELEVADORES LIBERADOS

Um dia depois da interdição de todos os elevadores do Edifício Joaquim de Paula, de 24 andares, no quarteirão fechado da Rua Carijós, na Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte, a empresa responsável pela manutenção dos equipamentos do prédio apresentou ontem à prefeitura um laudo minucioso, atestando as boas condições das instalações, assinado pelo engenheiro Luís Carlos de Moura Braga. Com o documento, a Gerência de Regulação Urbana da Regional Centro-Sul liberou o funcionamento de três dos quatro elevadores. Ainda continua interditado o equipamento que, na tarde de terça-feira, caiu do 12º andar, ferindo 11 pessoas.

EXPOSIÇÃO ITINERANTE

• 18/03 – Praça Sete, no quarteirão fechado da Rua Rio de Janeiro, às 14h
• 25/03 – Escola Municipal Murilo Rubião, às 14h
• 27/03 – Faculdade de Letras da UFMG, às 18h
• 2/04 – Via Shopping (corredor de acesso ao BHBus), às 14h
• 7 a 13/04 – Rodoviária
• 18/04 – Exposição do Beco, Vila Presidente Vargas, às 14h

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