Como anda a privacidade na vida moderna?

Em tempos de Orkut, Youtube, Big Brother e celular com câmera de alta definição, dá pra ter privacidade? E, afinal, será que o pessoal tá a fim disso ou quer mesmo é se expor? Buscando respostas pra essas perguntas, o Ragga Drops conversou com os alunos do Colégio Arnaldo. Confira aí o que eles acham:
Thaís Pacheco
Fotos: Carlos Hauck/Esp. EM

Todo mundo aqui tem Orkut?

Victor - Não. Porque acho que você se expõe muito. Também, como esse ano comecei a estudar no 3º ano, achei que não entrando no computador pra olhar Orkut ia perder menos tempo e poder estudar. Mas, antes, eu tinha Orkut.

Vocês acham que o sucesso do Orkut é porque podemos ver a vida dos outros ou por podermos expor a nossa?

Isabela - Pelos dois. Tem gente que tem Orkut pra poder fuçar a vida dos outros, mesmo sabendo que a intenção é fazer amigos. Mas gosta de saber da vida dos outros e até expor a própria.

E qual é sua intenção lá? Encontrar pessoas? Namorar? Fazer negócios?

Isabela - Antigamente, era me comunicar com os amigos mesmo e até fuçar. Mas agora não tenho entrado muito… Tinha até pensado em excluir, mas por enquanto não vou.

Lembram quando a Paris Hilton apareceu no YouTube transando com o namorado? Dizem que foi ela mesmo quem postou o vídeo. Será?

Isabela - Acho que é mais uma jogada de marketing, pra aparecer. Pra pessoa poder se promover, aparecer na mídia, ter mais fama e tal. Pode ser que não… Mas acho que no caso dela é pra aparecer.

No início do bate-papo, o Ragga Drops perguntou se alguém já tinha postado algum vídeo e todo mundo jurou que não. Então, comentamos que outro dia vimos um vídeo de um colégio aqui de BH, em que o professor brigava com o aluno na sala de aula...

Samuel - O pessoal da minha sala colocou um aluno levando tapa, mas não sei quem postou. Mas muitos alunos fazem isso. Às vezes, não exatamente sobre a escola, mas o bacana no YouTube não é isso. É você poder assistir só o que quer. Sai um pouco da exclusividade de uma gravadora ou emissora. É como se fosse uma TV em que você não está preso a uma grade.

Mas é um veículo de comunicação no qual você pode aparecer. Como fica a história da privacidade? E aquele cara que postou? E se ele não gostar?

Samuel - Aí é um problema exclusivo dessa pessoa. Não sou a favor de expor a vida, os problemas, mas acho que isso é irreversível na sociedade de hoje. O BBB é um exemplo disso. Você fica ali assistindo às outras pessoas.

O que você acha do BBB?

Samuel - Um programa que não mostra a maioria. Tem um feio, uma feia e o resto são caras supersarados e mulheres maravilhosas. A maioria das pessoas não é assim. Não estamos vendo nossa vida e sim a de artistas.

Victor Caldeira, Samuel Souza e Isabella Nery (com o microfone foto abaixo) soltaram o verbo em debate sobre os limites da privacidade

Quem assiste ao BBB?


Isabella Nery - Assisto e leio várias entrevistas sobre isso. Acho um programa muito inteligente, porque eles gastam pouco e lucram muito com isso. Tem muita repercussão e, com isso, não precisam pensar em outros programas, como os que passavam na terça ou na quinta-feira. E eles gastam bem menos porque vão deixando em banho-maria e muita gente vai assistindo. Acho que esse programa é muito legal, mesmo sendo a exposição da vida de outras pessoas… Todo mundo gosta de uma fofoca e eles usaram isso em prol deles.

Tem a inglesa Jade Goody, que participou de dois BBBs na Inglaterra, um reality show de celebridades na Índia e, agora, que descobriu que vai morrer de câncer, vendeu os direitos de imagem de seus últimos dias... Ela está apelando ou isso é normal?

Isabella - Acho que todo mundo fica comentado e julgando as pessoas. Mas a gente não pode julgar porque não conhece essas pessoas e não sabemos o que elas estão passando. A gente sabe um pouco porque assiste aos programas, mas não podemos julgar.

Vocês participariam de um BBB?

Yuri - Sim. Pelo dinheiro e pela repercussão que dá depois. Deve ser um sentimento muito legal, mas o pessoal que faz fica meio egoísta, deve se sentir melhor que os outros...

Você pode ser famoso. Nos Estados Unidos, tem um serviço em que pessoas anônimas podem pagar pra ser perseguidas por paparazzi por quatro horas, pra se sentir famosas...

Yuri - Isso deve ser um desejo muito grande da pessoa de tentar ser celebridade. Não é meu caso. Não sonho em entrar, mas se tivesse uma chance no BBB eu ia porque, além do dinheiro e da fama, depois de cinco meses que acaba o programa ninguém mais se lembra de você. Você ganha um monte de coisa lá dentro, mas não é perseguido pela sociedade.


Isso tudo, afinal, é ser celebridade ou viver em um mundo onde não existe mais privacidade?


Yuri - No caso do BBB você tem que pensar que vai ficar só três meses na casa e não vai expor tudo o que você é. É ficar em um cubículo fechado, com mais 13 pessoas. Isso não interfere na sua vida ou em quem você é. Influencia, mas pode ser de forma positiva. Além de concorrer a R$ 1 milhão, você abre muitas portas pra outras profissões.

O que mais faria falta se tirassem de você? A TV, o celular ou o computador?

Yuri - A TV.

Quem aqui não assiste ao BBB?

João - Antes assistia. Mas comecei a ver que colocar pessoas numa casa, pra uma derrubar a outra, mostra que o mundo é competitivo, o que é lógico, porque aquilo é um jogo. Mas não acho legal uma criança assistir a brigas e discussões sendo que o mundo precisa de muito mais coisas, como música boa e cultura boa. Mais do que de gente brigando e discutindo pra ganhar dinheiro.

Gabriel - Do mesmo jeito que pode abrir portas, pode fechar. O BBB manipula. Pode mostrar só os momentos bons ou ruins. Fui a um Axé Brasil em que o Alemão estava num camarote e tudo era só alegria. Mas no outro estava aquele Alberto Cowboy e o tanto que ele foi vaiado... O que era aquilo... Não queria estar na pele dele não.

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