ARGENTINA
Muro da violência
Tatiana Sabadini
Brasília – Um muro para separar os ricos dos pobres. Foi essa a solução encontrada pelo prefeito da cidade de San Isidro, a 30 quilômetros de Buenos Aires, para acabar com a violência e manter os assaltantes afastados. A ideia, nem um pouco convencional, não agradou à população vizinha de San Fernando. Ontem, os moradores, armados com martelos e pás, derrubaram a estrutura de cimento e metal que vinha sendo construída desde terça-feira. A presidente Cristina Kirchner disse estar chocada com a atitude do prefeito Gustavo Posse e pediu o fim do movimento separatista.

“O muro é uma involução. Em vez de dividir, é preciso construir”, teria afirmado a mandatária ao prefeito de San Fernando, Gerardo Amieiro. O projeto de Posse prevê que a estrutura de 1,5 quilômetro seja construída na Avenida Uruguay, comum às duas cidades. A separação entre o bairro chique La Horqueta e o pobre Villa Jardin causou polêmica na Argentina. “Esse anacrônico ‘muro de Berlim’ é uma ofensa discriminatória que limita o direito do povo de circular livremente”, acusou Amieiro. “Não se pode parar a delinquência que existe nesse momento na província de Buenos Aires com um simples muro.

O juiz Fernando Ribeiro Cardadeiro ordenou a suspensão da construção até que o caso seja julgado. Se a construção continuar, o governo de Cristina Kirchner vai ter mais um problema nas mãos: acalmar os ânimos dos manifestantes. “O fato de o governo não apoiar o muro, na minha opinião, é a única coisa boa que eles fizeram nos últimos anos”, revelou o juiz. Pelo menos 25 homicídios foram registrados na região em 2008.

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