Movimentos que brotam da vida

Dia Internacional da Dança em ruas e praças da cidade

Walter Sebastião

Jair Amaral/EM/D. A Press - 18/9/07
Esquiz, da Cia. SeráQuê?: diálogo com a cultura popular

Dança na rua para chamar atenção de arte que quer mais apoio, incentivo e profissionalização da atividade. Vão ser assim as comemorações do Dia Internacional da Dança, em Belo Horizonte. A Mimulus Cia. de Dança faz intervenção urbana, a partir das 14h, na estação do metrô Carlos Prates; a SeráQuê? apresenta, às 19h, no Centro Cultural UFMG, o espetáculo Esquiz: alma e raízes de um povo revisitadas. E as performers e produtoras Paola Parentoni e Marcelle Louzada convocam bailarinos e pessoas interessadas em dança para encontro e improvisos, a partir das 18h, na Praça da Estação. Tudo com entrada franca.

“Ser um trabalhador da cultura ainda soa insólito para a população e a sociedade”, afirma Rui Moreira, diretor da SeraQuê?. O Dia Internacional da Dança, para ele, é oportunidade para defender a profissionalização da atividade e dos que atuam no setor, cadeia produtiva extensa, que abarca criadores, técnicos etc. Como conta, ainda persiste a ideia de que arte é sinônimo de paixão e exercida de forma amadora. Até aumentou o número dos que vivem da atividade, observa, mas a grande maioria ainda não atingiu esse patamar, com toda a repercussão jurídica que ele representa, o que também atrapalha reconhecimento diferente dos agentes e protagonistas. Reivindica mais: “Gostaria que a dança fosse vista como área de conhecimento e não só como entretenimento”.

Esquiz, da Cia SeraQuê?, traz montagem apresentada somente uma vez em Belo Horizonte, primeira peça de trilogia voltada para investigação da cultura popular, cuja terceira obra ainda está em produção. “É trabalho com foco específico no movimento devocional das festas afro-mineiras, operando com signos que mostram todo o sincretismo dos festejos populares”, explica o bailarino e coreógrafo.
Recursos

“A cultura brasileira precisa de mais apoio”, afirma Jomar Mesquita, de 38 anos, diretor da Mimulus Cia. de Dança. Se todos sofrem com a falta de recursos no setor de artes cênicas, “e talvez mais ainda no da dança”, o problema é crítico. “Trata-se de criar mais oportunidades de oferecer espetáculos ao público, de contribuir para o crescimento da qualidade e dar condições de sobrevivência a grupos e artistas”, explica. “Investir em cultura, não só interessado em renúncia fiscal, traz benefícios para empresas e população”, completa. A intervenção urbana da Mimulus traz recriações, para espaços públicos, de fragmentos de espetáculos do grupo. “É arte nas ruas para surpreender as pessoas”, garante o diretor, recém-chegado de temporada na Espanha.


Improviso para o corpo

Dando encaminhamento a proposta de manifestação da dança, em escala nacional, surgida no Festival de Curitiba, as produtoras e performers Paloma Parentoni e Marcelle Louzada estão convocando bailarinos e todos os interessados em dança para encontro, às 18h, na Praça da Estação. “Vamos ocupar a praça e realizar, como fazem os músicos de jazz, uma jam session”, conta Paloma.

Ela explica que cerca de 20 bailarinos já aderiram à manifestação. “Gostaríamos que as pessoas enxergassem mais a dança contemporânea feita no Brasil”, afirma a produtora. Ela alerta que a situação é de pouco público e muitos espetáculos. “São criações que engrandecem a alma do bailarino e do espectador, que fazem pensar no corpo como centro do mundo, o que traz equilíbrio”, garante Paloma Parentoni. (WS)


Programação
14h – Intervenção urbana da Mimulus Cia. de Dança, na Estação Carlos Prates do metrô de BH, Avenida Nossa Senhora de Fátima, 2.875.
18h – Improvisação e encontro de bailarinos na Praça da Estação.
19h – Esquiz: alma e raízes de um povo revisitadas, com a Cia. SeráQuê, no Centro Cultural da UFMG, Av. Santos Dumont, 174, Praça da Estação, (31)3409-1090.

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