da Redação
O rapper Afro-X lança hoje, 23, no Itaú Cultural, o livro “Ex-157, a História que a mídia desconhece”. A obra foi prefaciada por nomes como Caco Barcellos. Nesta autobiografia ele conta como entrou e saiu do crime e como essa vida não compensa, seu intuito é levar este aprendizado a todos, principalmente aos jovens em situação de risco. “Aprendi que o crime não compensa, que no final você é preso, morto ou acaba em uma cadeira de rodas.”
Durante o evento será realizado um debate sobre a violência com a presença do jornalista e repórter do Estadão, Bruno Paes Manso, e do advogado membro do movimento nacional dos Direitos humanos e presidente da Fundação Criança em São Bernardo, Ariel de Castro.
Também está previsto um pocket show com cinco músicas, entre elas a que dá nome ao livro. O evento começa às 19h30.
O livro
Na autobiografia, o cantor conta como entrou e saiu da vida do crime. Dos iniciais roubos de motos para
sair do sufoco da falta de dinheiro até a ambição de todo bandido de “fazer a boa”, Cristian de Souza Augusto conheceu os dois lados da vida bandida.
A adrenalina de viver num filme policial todos os dias, o dinheiro fácil, as roupas caras, os carros de última geração e as mulheres, muitas mulheres nas garupas das motos o transformaram, por algum tempo, em quase um rei, no Jardim Calux, em São Bernardo. A ambição, os desafetos e a relação promíscua com policiais levaram o jovem pela primeira vez – em novembro de 1994 – para trás das grades. Depois, veio a fuga e outra prisão que o levou para o então maior complexo penitenciário do Brasil.
No relato em primeira pessoa, Afro-X relembra momentos que marcaram sua vida dentro e fora da cadeia. O reencontro com Dexter no Carandiru, os dias de acerto de contas, o encantamento pelo rap e a formação do 509-E em 1999. O envolvimento com a cantora Simony, as 24 horas de angústia dentro da maior rebelião da história, em 2001. O alívio em colocar os pés na rua após 7,5 anos de reclusão e o recomeço quase do zero.
Seria pretensão analisar o sistema carcerário ou todos os fatores que levam a criminalidade. Por isso, Cristian preferiu contar apenas a história de mais um jovem que, ao contrário de todas as estatísticas, aprendeu que o crime constrói apenas castelos de areia.
Afro-X
Afro-X nasceu Cristian de Souza Augusto, em 10 de novembro de 1973. De família humilde, residente do Jardim Calux, em São Bernardo, teve origem parecida com a de milhares de pessoas nascidas em periferias brasileiras. Uma realidade pobre e marginalizada, porém com muita vontade de lutar e vencer na vida.
Naquele contexto, Afro-X habituou-se às rodas de samba de pagodes de mesa entoados pelos botecos e quintais do bairro do ABC Paulista. Mais tarde, conheceu os bailes blacks da década de 1980, onde teve contato com o funk, o samba-rock e o soul. Mas a sua formação musical deu uma reviravolta quando um amigo mostrou um vinil do grupo nova-iorquino Public Enemy. Aquilo inspirou Afro-X a montar, em 1990, seu primeiro trabalho com rap: os Suburbanos, onde atuava ao lado do irmão, Bad, hoje vocalista dos grupos Di Função e Tribunal Popular. Em 2005, Afro-X partiu para sua carreira solo.
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